A hipótese do discurso na marcação da morfologia de tempo e aspecto no processo de aquisição de português L2
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v0i3.152Palavras-chave:
Português como L2, Tempo e aspecto em L2, Hipótese do discurso, Narrativa, Discurso,Resumo
Este trabalho analisa a Hipótese do Discurso (BARDOVI-HARLIG, 1998) no processo de aquisição e marcação da morfologia de tempo e aspecto no processo de aquisição do português como L2. Os vários estudos nesta área têm-se centrado, como sabemos, na Hipótese do Aspecto. No entanto, outros trabalhos (ANDERSEN, 2002; COMAJOAN, 2005) têm defendido a importância do discurso e da sua organização para o desenvolvimento da morfologia verbal em L2. De acordo com os pressupostos da Hipótese do Discurso, a estrutura narrativa contém eventos foreground e eventos background. Os eventos foreground contribuem para o avanço da narrativa, os eventos background constituem o material de suporte para os eventos foreground, sendo a morfologia verbal um dos elementos distintivos da estrutura da narrativa. A noção de telicidade associada à marcação de eventos perfectivos ocorre primeiro e predominantemente em foreground, enquanto os eventos atélicos occorrem em background. Os dados em análise revelaram resultados contraditórios relativamente a outros estudos (Cf. MARTINS, 2008), na medida em que o pretérito imperfeito surge associado a contextos foreground e não a contextos background. Os resultados obtidos através da análise em VARBRUL indicam que os aprendentes de L2 têm dificuldade na distinção de ambos os contextos e parece que os estão a reinterpretar e a atribuir-lhes uma hierarquia diferenciada na estrutura da narrativa, decorrente de um efeito de transferência pragmática de L1. A hipótese avançada com base na análise dos dados tem em conta os possíveis efeitos pragmáticos de transferência que poderão ocorrer ao nível da estruturação do discurso narrativo, sabendo que, por exemplo, em mandarim quando o aspecto não é marcado por partícula – aspecto zero (XIAO E MCENERY, 2004, p. 240), gera-se ambiguidade aspectual entre a leitura perfectiva e imperfectiva, resolvida através do contexto discursivo.
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