Euclides Neto, A ficção tecida entre cacaueiros e umbuzeiros
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v3i1.133Palabras clave:
Os magros, A enxada, Realidade, Ficção, História,Resumen
Duas narrativas ficcionais do escritor baiano Euclides José Teixeira Neto (1925-2000), Os magros (1961) e A enxada e a mulher que venceu o próprio destino (1996), são analisadas considerando as relações entre ficção, realidade empírica e narrativa histórica. A análise busca desfazer a dicotomia entre ficção e realidade e recorreu aos estudos de Wolfgang Iser (1996, 2002), para quem os “atos de fingir” são construídos a partir do uso de três recursos: a “seleção”, a “combinação” e o “desnudamento de sua ficcionalidade”. Estes elementos constitutivos da ficcionalidade são evidenciados, bem como as reflexões sobre a escrita historiográfica e suas implicações, a partir dos estudos de Peter Burke (1992). Tanto o texto ficcional quanto o historiográfico pode remeter ao real a partir de recortes, que refletem escolhas subjetivas de um escritor. O romance Os magros denuncia a exploração dos trabalhadores rurais na região cacaueira baiana e expõe os contrastes sociais e econômicos entre latifundiários e agregados. Tais contrastes sociais são expostos tanto na seleção dos fatos ficcionalizados, quanto na estruturação dos capítulos do romance. Numa linguagem ora metafórica ora objetiva e direta, o romance A enxada e a mulher que venceu o próprio destino apresenta uma protagonista capaz de subverter a opressão, na qual os trabalhadores rurais estavam inseridos, e reconstruir a dignidade perdida.
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