Adaptação/apagamento:
Reflexões e provocações sobre a língua brasileira de sinais
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v15i1.11348Resumen
Este artigo propõe problematizar e incitar professores e formadores de professores de Libras e de outras línguas (maternas ou estrangeiras) um (re)pensar acerca dos sentidos construídos e veiculados pelos discursos de adaptação teórica-metodológica-analítica e adaptação curricular no que diz respeito aos contextos educacionais que envolvem pessoas surdas. Com base nessa discussão, indagamos se teorizações baseadas em premissas descritivistas e analíticas de línguas orais, bem como seus respectivos processos metodológicos, contemplariam às especificidades das línguas gestuais, no nosso caso, da Libras ou se, por outro lado, não incorreriam num movimento de apagamento de tais singularidades. Assentados num posicionamento ético-político, e de acordo com as reflexões construídas neste artigo, entendemos que tais movimentos de adaptação parecem negligenciar as necessidades e interesses da população surda e, por conseguinte, assumir formas de apagamento das particularidades desses cidadãos. Adaptar refrata sentido de apagar que, por sua vez, age como força mantenedora das formas hegemônicas vigentes. Percebemos que o sujeito surdo não é visto a partir de suas realidades, pois que processos de ensino-aprendizagem e pesquisas que o envolve são naturalizados, tendo como referente o ouvinte. Logo, esse último também lhe é por parâmetro normatizador linguístico costurado pela estrutura social cisheteropatriarcal, branca e cristão de nosso contexto nacional. O texto finaliza com um convite à reflexão, à reconceitualização e à ação.
Descargas
Citas
GESSER, Audrei. LIBRAS?: Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
KLEIMAN, Angela. B. Agenda de Pesquisa e Ação em Linguística Aplicada: problematizações. In. MOITA LOPES, L. P. (Org.). Linguística Aplicada na Modernidade Recente: festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, pp. 39-58.
MENDES, Enicéia Gonçalves; TANNÚS-VALADÃO, Gabriela; MILANESI, Josiane Beltrame. Atendimento Educacional Especializado para estudante com deficiência intelectual: os diferentes discursos dos professores especializados sobre o que e como ensinar. Revista Linhas. Florianópolis, v. 17, n. 35, p. 45-67, set./dez. 2016.
MESQUITA, A. M. A.; RODRIGUES, J. F. B.; CASTRO, K. P. A Política Curricular
no Contexto da Inclusão e seus Mecanismos de Diferenciação Curricular. Revista Teias v. 19, n. 55, Out./Dez. 2018. pp. 70-88.
ONOFRE, JOELSON ALVES. Repensando A Questão Curricular: caminho para uma educação anti-racista. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 4, n. 4, p. 103-122 , jan./jun. 2008.
PENNYCOOK, Alastair. A Linguística Aplicada dos anos 90: em defesa de uma abordagem crítica. In: SIGNORINI, I et CAVALCANTI, M. (orgs.). Linguística Aplicada e Transdisciplinaridade. Campinas: Mercado de Letras, 1998.
QUADROS, Ronice M., KARNOPP, Lodemir B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Pólen, 2019.
SACRISTÁN, J. Gimeno. Currículo e diversidade cultural. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; MOREIRA, Antonio Flávio (Org.). Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.
SANTOS, Fábio. R. Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos da disciplina Libras no curso de Licenciatura em Letras-Português de uma instituição do ensino superior pública de Alagoas. 2017. 153 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2017
SIQUEIRA, Georgea Vale de Q. A Relação Colonizador X Colonizado em as Aventuras de Ngunga. Revista Arredia, Dourados, MS, Editora UFGD, v.3, n.5: 62-76 ago./dez. 2014.
SOBRAL, Adail. Ato/atividade e evento. In. BRAIT, B (Org.). Bakhtin: conceitos-chave. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2016, pp. 11-36.
STREVA, JULIANA MOREIRA. Colonialidade do Ser e Corporalidade: O Racismo Brasileiro Por Uma Lente Descolonial. Revista Antropolítica, n. 40, Niterói, p.20-53, 1. sem. 2016.
VOLÓCHINOV, V. Marxismo e a filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, [1929] 2017.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autor(es) conservam os direitos de autor e concedem à Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta Revista.