"As ditaduras podem voltar, você deveria saber"

o passado e o presente em Julián Fuks

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35499/tl.v17i2.18383

Palavras-chave:

Memória, Pós-memória, Pós-ficcção, Julián Fuks

Resumo

Partindo da reflexão de Jeanne Marie Gagnebin (2009) em “O que significa elaborar o passado?”, este texto propõe uma discussão em torno do processo de escrita tematizado no romance A resistência, publicado por Julián Fuks em 2015, tomando-o como um trabalho de rememoração ativo, em que o passado é retomado não apenas como forma de não esquecimento, mas também como compreensão do presente, com um olhar para as transformações e permanências dos sistemas de dominação. Interessa problematizar como, na narrativa, a composição de um escritor pertencente à geração posterior àquela que foi efetivamente perseguida pelo regime permite a observação de tempos superpostos – a ditadura militar que, no passado, perseguiu seus pais; as lacunas que, no presente da narração, caracterizam a relação com o irmão adotado –, mobilizando estratégias que concretizam o que Fuks (2017b) define, no ensaio “Pós-ficção”, como uma forma de enfrentar o recalque da História.

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Biografia do Autor

Juliana Santini, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Livre-docente em Literatura Brasileira pela UNESP, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, onde atua como Professora Associada junto ao Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas e ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários.

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Publicado

2023-12-14

Como Citar

SANTINI, J. "As ditaduras podem voltar, você deveria saber": o passado e o presente em Julián Fuks. Tabuleiro de Letras, [S. l.], v. 17, n. 2, p. 277–292, 2023. DOI: 10.35499/tl.v17i2.18383. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/18383. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS