Travessias marítimas, diálogos de dor antiga
uma proposta de leitura do conto “Meu mar (fé)”, de Itamar Vieira Júnior
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v17i1.17151Palavras-chave:
Itamar Vieira Júnior, Literatura contemporânea, BaianidadesResumo
O presente artigo ensaia um gesto de leitura do conto “Meu mar (fé)”, presente no livro Doramar ou a Odisseia (2021), do escritor baiano Itamar Vieira Júnior, um dos expoentes da ficção brasileira contemporânea, autor do premiado romance Torto arado (2019). Oitava das doze histórias que compõem o livro, o conto em análise é orbitado por questões ainda muito latentes na agenda geopolítica, histórica e social contemporânea: Imigração ilegal, identidades partidas, diferença étnico-social suplantada na realidade brasileira, enunciação do próprio sujeito subalternizado noticiando/denunciando os modos de existir à margem, experiência diaspórica e violência. Habilidoso nas construções descritivas em seus textos, o autor revela imagens de dor, angústia, esperança e resistência, por meio do relato-testemunho de uma narradora que, tal qual seu marido, são inominados na narrativa. O conto parece evocar elementos presentes em outras obras da confraria literária baiana, como por exemplo: Navio negreiro (1869), de Castro Alves; o mar em Jorge Amado, sobretudo o de Mar morto (1936) e Luanda-Beira-Bahia (1971), de Adonias Filho. Nessa profusão de possibilidades de diálogos, nossa leitura aqui procura destacar os rastros de intertextualidades presentes na produção de Itamar Vieira Júnior, e refletir sobre a força de atualização que a literatura brasileira possui.
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Referências
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