Gênero e formato na adaptação para a televisão de Gabriela, cravo e canela
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v17i1.17118Palavras-chave:
Adaptação, Gabriela, Telenovelas, Melodrama; , FolhetimResumo
A transposição de romances para telenovelas carrega consigo a reconfiguração das lógicas de produção e os modos de usos do produto derivado. Dentre essas mudanças estão as adequações às convenções de gênero que, nesse caso, trazem em si marcas do popular que repercutem na relação entre público e autor. Neste artigo se explora de que modo as matrizes melodramáticas e as raízes no folhetim implicam em mudanças na composição do enredo e dos personagens, ou na modalidade de alargamento da trama. A reflexão é feita a partir das adaptações do romance Gabriela, cravo e canela (1958), de Jorge Amado, para as telenovelas Gabriela da Rede Globo: de Walter Durst (1975) e de Walcyr Carrasco (2012). Como resultados, observou-se que a presença do popular no massivo se faz presente na ampliação das tramas, por meio de: acréscimos de episódios e personagens na versão de 1975 e em empréstimos em 2012, com a narrativa longa e episódica; o uso de ganchos e do suspense, o drama do amor proibido, a fatalidade, a presença do herói que salva a mocinha vítima da sociedade; e por meio da luta entre o bem e o mal personificada nos projetos de poder entre as lideranças locais.
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