O papel do parvo no teatro de Gil Vicente
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v9i1.1493Palavras-chave:
Teatro, Literatura, Discurso, Loucura, IroniaResumo
Este artigo aborda a função discursiva do parvo vicentino no teatro da Corte Portuguesa do século XVI. O paradigma medieval de Deus como único autor da criação é questionado diante da abertura do mundo e sua secularização. Neste caso, o conceito de cronotopo permite uma reflexão sobre a possibilidade do teatro de condensar desacordos que partem da razão humana e aparecem como expressão discursiva. O personagem do parvo, com seus gestos e palavras sem nexo, implica em estranhamentos e gargalhadas, mas também exige reflexões. Seu pertencimento à ordem discursiva mundana possibilita a sátira e, sobretudo, a ironia. A loucura encenada ganha corpo e, ao mesmo tempo em que espelha os contornos entre o real e o ilusório, entre a ordem e o caos, também conduz a licenciosidade da comicidade da tradição popular medieval, para uma autoironia como figura de pensamento, tão cara ao homem moderno.
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