Ancestralidade e Identidade no Conto “Olhos D’água”, de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v16i2.14879Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar o conto “Olhos d’água, presente na coletânea homônima da autora Conceição Evaristo, evidenciando seus aspectos ancestrais e identitários. Para isso, utilizou-se de postulados teóricos cunhados por Andrade (2018), Eduardo de Assis Duarte (2011), Bell Hooks (2013), Evaristo (2016), Fanon (2020), Stuart Hall (2015), Dalcastagnè (2008) dentre outros. A literatura de Evaristo se articula sobre o que ela conceitua como “escrevivência”, expressão vocabular que traz à cena as noções de escrever, viver e ser, segundo a autora. Fica claro que essa escrita é interpelada por um lugar de mulher negra, uma vez que tanto a condição de gênero quanto a de raça potencializam a escrita dessa intelectual, por se tratar de um lócus e de uma autoria que carrega tanto as marcas da subjetividade desses lugares de fala, como a especificidade que permeiam tais condições. Busca-se, nesse trabalho, verificar como o conto apresenta a necessidade de reatar o elo com a ancestralidade e a procura pela identidade, representadas pela imagem dos olhos. Assim, constatou-se que o conto aborda a dor da pobreza, o lirismo transgeracional de mulheres negras, memórias afetivas de infância, e o mistério da cor dos olhos da mãe da protagonista, que precisa se (re)descobrir por meio do retorno às suas origens, a fim de enxergar a si mesma, a sua história, a história de sua filha e assim resgatar sua identidade.
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Referências
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