A alternância entre o futuro do pretérito e o pretérito imperfeito no português brasileiro: variação estável ou mudança em progresso?
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v15i2.11541Resumo
O futuro do pretérito (FP) é o tempo verbal do modo indicativo empregado para se fazer referência a um acontecimento posterior a um passado, um acontecimento que poderá ou não ocorrer, dependendo de uma condição, além de transmitir valores modais de hipótese, possibilidade, desejo, necessidade etc. O FP costuma variar, em alguns contextos de uso, com o pretérito imperfeito (PI), que, tradicionalmente, é usado para se falar de hábito ou acontecimento que ocorria com frequência no passado ou ainda para se referir a um fato interrompido por outro fato concomitante. Assim, expressões como, por exemplo, “se eu fosse você, comprava mais livros” ou “se eu fosse você, compraria mais livros” e ainda as formas perifrásticas “ia comprar” e “iria comprar”, respectivamente, costumam ser usadas com o mesmo valor de verdade. Pesquisas sobre esse tema, amparadas na Teoria da Variação e da Mudança Linguística, já foram desenvolvidas em diferentes regiões do Brasil e a finalidade deste artigo é, portanto, descrever e correlacionar resultados de algumas dessas pesquisas, observando, sobretudo, se esses resultados apontam para um fenômeno de variação estável ou de mudança em progresso.
Downloads
Referências
CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1975.
CÂMARA, Tânia Maria Nunes de Lima. Alternância do uso do pretérito imperfeito e do futuro do pretérito no discurso oral. Augustus, Rio de Janeiro, v. 7, no 15, jul./dez., 2002.
COSTA, Ana Lúcia dos Prazeres. A variação entre formas de futuro do pretérito e de pretérito imperfeito no português informal no Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras – Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997.
COSTA, Ana Lúcia dos Prazeres. O futuro do pretérito e suas variantes no português do Rio de Janeiro: um estudo diacrônico. 132 p. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Letras – Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
FREITAG, Raquel Meister Ko; ARAÚJO, Andréia Silva. Passado condicional no português: formas e contextos de uso. Caligrama – Revista de Estudos Românicos da Faculdade de Letras da UFMG, 2011.
GIVÓN, Talmy. Funtionalism and grammar. Amerstand/Philadelphia: J. Benjamins, 1995.
GIVÓN, Talmy. Syntax: an introduction. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2001.
KARAM, L. A variação entre o futuro do pretérito, o imperfeito e a perífrase com o verbo ir na fala do RS. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. Trad.: Marcos Bagno; Marta Scherre e Caroline Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008 [1972].
LUCCHESI, Dante. Sistema, mudança e linguagem: um percurso da lingüística moderna. São Paulo: Parábola, 2004.
LUCCHESI, Dante. A realização do sujeito pronominal. In: LUCCHESI, Dante; BAXTER, Alan e RIBEIRO, Ilza (org.). O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009.
LUCCHESI, Dante. A periodização da história sociolinguística do Brasil. Delta [online]. 2017, vol.33, n.2, pp.347-382. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/delta/v33n2/1678-460X-delta-33-02-00347.pdf. Acesso em: 10. Jul. 2020.
MATEUS, Maria Helena Mira. Se a língua é um fator de identificação cultural, como compreender que uma língua viva em diferentes culturas? Disponível em: http://periodicos.ufc.br/revletras/article/view/2246/1716. Acesso em: 20 jul. 2020.
MATTOS, Priscila Brügger. A evolução dos tempos verbais. In: SILVA, José Pereira. História da língua portuguesa. Cadernos da Pós-Graduação em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, UERJ, nº 1, 2001, p. 24-31.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Caminhos da linguística histórica – ouvir o inaudível. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
MECER, José Luiz da Veiga. O futuro nas línguas românicas. Revista da Abralin, v. Eletrônico, n. Especial, p. 385-394, 1ª parte, 2011.
SANTOS, Aline da Silva. A variação entre o futuro do pretérito e o pretérito imperfeito no português falado em Feira de Santana-BA. 132 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) – Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2014.
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. 34ª ed. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 2012 [1916].
SOUSA, Fernanda Cunha. A alternância entre o pretérito imperfeito e futuro do pretérito na expressão da hipótese. 130 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras – Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2007.
TESCH, Leila Maria. A variação no âmbito do irrealis entre as formas do futuro do pretérito e pretérito imperfeito do indicativo na fala capixaba. 152 f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Programa de Pós-Graduação em Linguística da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. Trad. Marcos Bagno; rev. téc. Carlos Alberto Faraco. São Paulo: Parábola. 2006 [1968].
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autor(es) conservam os direitos de autor e concedem à Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta Revista.