Adaptação/apagamento:

Reflexões e provocações sobre a língua brasileira de sinais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35499/tl.v15i1.11348

Resumo

Este artigo propõe problematizar e incitar professores e formadores de professores de Libras e de outras línguas (maternas ou estrangeiras) um (re)pensar acerca dos sentidos construídos e veiculados pelos discursos de adaptação teórica-metodológica-analítica e adaptação curricular no que diz respeito aos contextos educacionais que envolvem pessoas surdas. Com base nessa discussão, indagamos se teorizações baseadas em premissas descritivistas e analíticas de línguas orais, bem como seus respectivos processos metodológicos, contemplariam às especificidades das línguas gestuais, no nosso caso, da Libras ou se, por outro lado, não incorreriam num movimento de apagamento de tais singularidades. Assentados num posicionamento ético-político, e de acordo com as reflexões construídas neste artigo, entendemos que tais movimentos de adaptação parecem negligenciar as necessidades e interesses da população surda e, por conseguinte, assumir formas de apagamento das particularidades desses cidadãos. Adaptar refrata sentido de apagar que, por sua vez, age como força mantenedora das formas hegemônicas vigentes. Percebemos que o sujeito surdo não é visto a partir de suas realidades, pois que processos de ensino-aprendizagem e pesquisas que o envolve são naturalizados, tendo como referente o ouvinte. Logo, esse último também lhe é por parâmetro normatizador linguístico costurado pela estrutura social cisheteropatriarcal, branca e cristão de nosso contexto nacional. O texto finaliza com um convite à reflexão, à reconceitualização e à ação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigues, UFAL

Doutorando em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura (PPGLL) da Faculdade de Letras na Universidade Federal de Alagoas, Mestre em Linguística pelo PPGLL e Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maceió (Cesmac). Atuo como docente na mesma universidade.

Matias, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Mestre em Linguística,na linha de pesquisa em Linguística Aplicada, pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura (PPGLL) da Faculdade de Letras na Universidade Federal de Alagoas, atuando como Tradutor e intérprete de Libras/Português na mesma universidade.

Ifa, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Doutor em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e atua como docente nos cursos de graduação e no Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura (PPGLL) na Faculdade de Letras da UFAL. Desenvolveu estudos pós-doutoral no DLM/USP (2015). É líder do grupo de pesquisa Letramentos, Educação e Transculturalidade (LET/UFAL). Está na coordenação do Projeto de Extensão Casas de Cultura no Campus (CCC) e do Programa Idiomas sem Fronteiras (ISF/MEC/SESU).

Referências

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Trad. Fernando Tomaz. 15 ed. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2001.
GESSER, Audrei. LIBRAS?: Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
KLEIMAN, Angela. B. Agenda de Pesquisa e Ação em Linguística Aplicada: problematizações. In. MOITA LOPES, L. P. (Org.). Linguística Aplicada na Modernidade Recente: festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, pp. 39-58.
MENDES, Enicéia Gonçalves; TANNÚS-VALADÃO, Gabriela; MILANESI, Josiane Beltrame. Atendimento Educacional Especializado para estudante com deficiência intelectual: os diferentes discursos dos professores especializados sobre o que e como ensinar. Revista Linhas. Florianópolis, v. 17, n. 35, p. 45-67, set./dez. 2016.

MESQUITA, A. M. A.; RODRIGUES, J. F. B.; CASTRO, K. P. A Política Curricular
no Contexto da Inclusão e seus Mecanismos de Diferenciação Curricular. Revista Teias v. 19, n. 55, Out./Dez. 2018. pp. 70-88.

ONOFRE, JOELSON ALVES. Repensando A Questão Curricular: caminho para uma educação anti-racista. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 4, n. 4, p. 103-122 , jan./jun. 2008.
PENNYCOOK, Alastair. A Linguística Aplicada dos anos 90: em defesa de uma abordagem crítica. In: SIGNORINI, I et CAVALCANTI, M. (orgs.). Linguística Aplicada e Transdisciplinaridade. Campinas: Mercado de Letras, 1998.

QUADROS, Ronice M., KARNOPP, Lodemir B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Pólen, 2019.

SACRISTÁN, J. Gimeno. Currículo e diversidade cultural. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; MOREIRA, Antonio Flávio (Org.). Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1995.
SANTOS, Fábio. R. Um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos da disciplina Libras no curso de Licenciatura em Letras-Português de uma instituição do ensino superior pública de Alagoas. 2017. 153 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2017

SIQUEIRA, Georgea Vale de Q. A Relação Colonizador X Colonizado em as Aventuras de Ngunga. Revista Arredia, Dourados, MS, Editora UFGD, v.3, n.5: 62-76 ago./dez. 2014.
SOBRAL, Adail. Ato/atividade e evento. In. BRAIT, B (Org.). Bakhtin: conceitos-chave. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2016, pp. 11-36.
STREVA, JULIANA MOREIRA. Colonialidade do Ser e Corporalidade: O Racismo Brasileiro Por Uma Lente Descolonial. Revista Antropolítica, n. 40, Niterói, p.20-53, 1. sem. 2016.
VOLÓCHINOV, V. Marxismo e a filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, [1929] 2017.

Downloads

Publicado

2021-07-01

Como Citar

SANTOS, F. R.; OLIVEIRA, C. A. M. de .; IFA, S. Adaptação/apagamento: : Reflexões e provocações sobre a língua brasileira de sinais. Tabuleiro de Letras, [S. l.], v. 15, n. 1, p. 18–28, 2021. DOI: 10.35499/tl.v15i1.11348. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/11348. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS