Contribuições para Entender o Caráter Violento do Racismo no Brasil

Resumo

O artigo discute a complexidade do racismo no Brasil e as dificuldades do senso comum para entender as diferentes nuances envolvidas no fenômeno em cada contexto histórico. Ainda que o estudo do tema na literatura tenha avançado consideravelmente nas Ciências Sociais desde o século XX, foi possível propor uma interpretação diferente do fenômeno em comparação com aquelas propostas pela literatura convencional. O esforço de interpretação possibilitou considerar o racismo como um fenômeno que circula na sociedade e incide, ao mesmo tempo, na subjetividade dos sujeitos. Os dois planos de influência, nas subjetividades individuais e nas relações sociais, não são antagônicos, ao contrário, confirmam os esforços empreendidos pela sociologia e também da psicologia como disciplinas interessadas no seu estudo, ainda que o fenômeno do racismo seja “fundamentalmente sociológico”, na medida que as condutas e comportamentos dos sujeitos afetados pelo racismo interferem, sobretudo, na natureza e especificidade das relações sociais. O estudo distinguiu com precisão o fenômeno racial em três diferentes configurações: o racismo e a discriminação; a tendência do racismo à dissimulação; e a presença do racismo na estrutura da sociedade. As três configurações dialogam entre si e constituem a totalidade que nomeamos como racismo estrutural. Pelas razões evocadas, o racismo é concebido como fenômeno social total.