A Leitura de Literaturas Negras na Educação de Jovens e Adultos
desafios e possibilidades
Palavras-chave:
Literaturas Negras;, Educação de Jovens e Adultos (EJA), Representatividade;, Identidades negrasResumo
O artigo em tela apresenta um relato de experiência com base nas contribuições de uma pesquisa de pós-doutorado que buscou compreender o uso das Literaturas Africanas e Afro-Brasileiras nas salas de aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O objetivo foi aprofundar conhecimentos sobre o ensino (concepções e práticas) da linguagem na Educação de Jovens e Adultos, tendo como referência o trabalho com as Literaturas Africanas e Afro-Brasileiras. A população negra, em decorrência do racismo estrutural da sociedade brasileira, foi afastada dos espaços de poder, de produção de discurso e da produção literária. A literatura canônica no Brasil sempre foi um privilégio das elites e do homem branco. A produção das Literaturas Africanas e Afro-Brasileiras é um ato de resistência que busca o rompimento com o pensamento colonial e enfrenta o epistemicídio compreendido como uma tentativa de silenciar o povo negro como produtor de culturas e de epistemologias. Nosso referencial foi Carneiro (2005), Duarte (2013), Gomes (2005; 2019) e Munanga (1996; 1999), entre outros. Nossa metodologia foi qualitativa. Utilizamos o procedimento da pesquisa-ação em três escolas, em turmas da EJA, com a participação de duas docentes. Os resultados revelaram que as Literaturas Africanas e Afro-Brasileiras ainda estão ausentes nas bibliotecas das escolas, nas salas de aulas e nos processos formativos das docentes da EJA. Apontamos que o uso da Literatura Negra na escola contribui para o processo de decolonização do conhecimento e o desenvolvimento do letramento literário e racial crítico, fortalecendo a representatividade e as identidades negras dos(as) estudantes.
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