Da Leitura da Palavra à Leitura do Mundo: do direito à leitura literária na EJA
Palavras-chave:
EJA; Leitura Literária; Diálogo; Paulo Freire; Clássicos Universais.Resumo
Este artigo tem como objetivo problematizar a temática da leitura literária na Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EJA), assim como apresentar possibilidades para a discussão dos processos de leitura literária para esse público. Partimos de um referencial crítico e dialógico de leitura ancorado, em especial, nos estudos de Paulo Freire (1979,1987,1992) que afirma que a leitura da palavra deve vir precedida da leitura de mundo. Apresentamos, pelo viés da pesquisa qualitativa, o mapeamento de pesquisas circunscritas no SciELO, realizadas no período de 2008 a 2017, que abordam a problemática vivenciada por mulheres da EJA, os obstáculos históricos e sociais que dificultaram o acesso desse público à escolarização e as formas cotidianas de superar tais obstáculos, a partir da leitura dos clássicos universais. Tais discussões são amparadas pelas ideias de Ana Maria Machado (2009), Ezra Pound (2006), Harold Bloom (1995), Italo Calvino (2007) e T. S. Eliot (1991). Como resultado buscamos evidenciar as características presentes nos clássicos literários que justificam seu uso para o público de pessoas jovens e adultas de forma que possam dizer sua palavra em espaços de escuta e de fala de mulheres que foram historicamente silenciadas. Pode-se concluir que tal leitura proporciona espaços de criação humana de uma escuta empática a partir do acesso às obras da alta literatura e oferece elementos que indicam a potencialidade dessa atividade nos processos de formação leitora do público da EJA.
EJA; Leitura Literária; Diálogo; Paulo Freire; Clássicos Universais.
Downloads
Referências
BLOOM, Harold. O Cânone Ocidental: os livros e a escola do tempo. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. Trad. Marcos Santarrita.
BATALINI, Marcela Gizeli; FASCINA, Diego Muller. Feminismo e educação: uma leitura do direito da mulher de frequentar a escola. VII EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar, CESUMAR, Editora CESUMAR Maringá, 2011. Disponível em:
CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. Tradução por Nilson Moulin. São Paulo: Companhia de Bolso, 2007.
ELIOT, Thomas. S. O que é um clássico? De poesia e poetas. Tradução por Ivan Junqueira. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991. p. 76-99.
FELIPE, Valmira Lucia Matas; SANTOS, Wandira Maria dos; ALBUQUERQUE, Paula Sabrina Barbosa de. Gênero, educação e inclusão social: um debate sobre letramento e alfabetização das mulheres mães nas salas da aula da EJA.IV Fórum Internacional de Pedagogia -Anais IV FIPED.Campina Grande: Realize Editora, 2012. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/585. Acesso em: 06 nov. 2022.
FERNANDES, Caroline Lins; NASCIMENTO, Pedro H. Luna; SILVA, Welida Tamires Alves da; OLIVEIRA, Maria Janaína de; FERREIRA, Kaline Rosário Morais. A inserção da mulher na modalidade EJA. In: II Congresso Internacional de Educação Inclusiva e II Jornada Chilena Brasileira de Educação Inclusiva, 2016, Campina Grande-PB. Anais eletrônicos [...] Campina Grande, 2016, p. 1-11. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cintedi/2016/TRABALHO_EV060_MD1_SA14_ID174_01092016175013.pdf. Acesso em: 05 nov. 2022.
FREIRE, Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil: da ideologia da interdição do corpo à ideología nacionalista, ou de como deixar sem ler e escrever desde as Catarinas (Paraguaçu), Filipas, Madalenas, Anas, Genebras, Apolonias e Grácias até os severinos. São Paulo: Editora Cortez, 1989.
FREIRE, Ana Maria Araújo. In: FREIRE, P. À sombra desta mangueira. (org). Freire, A. M. A. 11 ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e terra, 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1987
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 36. Ed. São Paulo: Paz e terra, 2014.
FREIRE, Paulo.; MACEDO, Donaldo. Alfabetização: Leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1979
FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a liberdade e outros escritos. 5 ed., Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1981.
FREITAS, Helen Josy Monteiro. A leitura dos clássicos na sala de aula: uma prática possível. Revista Práticas de Linguagem. v. 6, n. 1, p. 15-23, 2016. Disponível em
143: http://www.ufjf.br/praticasdelinguagem/edicoes-2/edicoes/volume-6-n-1/. Acesso em: 06 nov. 2022.
X. Leitura dialógica: Primeiras experiências com Tertúlia Literária Dialógica com crianças em sala de aula. 2011. 345f. Tese de doutorado, Universidade de São Carlos, São Carlos. 2011.
X. Tertúlia Literária Dialógica entre crianças e adolescentes: conversando sobre âmbitos da vida. 2007. Dissertação mestrado, Universidade de São Carlos, São Carlos. 2007
GERALDI, João. Wanderley. Concepções de linguagem e ensino de português. In: O
texto na sala de aula. 1a ed. São Paulo: Ática, 2011.
X. Alfabetização de mulheres na EPJA: uma análise de artigos do SciELO à luz da abordagem dialógica. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Alfenas. Alfenas, p. 133. 2018.
HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. Rev.
Brasileira de Educação, Rio de Janeiro. n 14, p.108-194, Mai/Jun/Jul/Ago. 2000.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n14/n14a07. Acesso em: 06 nov. 2022.
MACHADO, Ana. M. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas Literaturas. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
POUND, Ezra. ABC da literatura. Trad. Augusto de Campos e José Paulo Paes. 11. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
PRADO, Hélio Moura; DIONÍSIO, Marina Albino; SANTOS, Luíz Otávio; CHAMIS, Julia Michielin Fasanella; ROSA, Diego; BITTENCOURT, Identidade e mudanças: alfabetização de mulheres adultas, na comunidade Vietnã, na sala do MOVA. Revista Alabastro; Vol 1, Nº 7, 2016. Disponível em: http://revistaalabastro.fespsp.org.br/index.php/alabastro/article/view/127. Acesso em: 06 nov. 2022.
RIEGER, Marlise; ALEXANDRE, Ivone de Jesus. Educação de Jovens e Adultos: o retorno das mulheres à escola. Eventos Pedagógicos; Vol 2, Nº 2, 2011. Disponível em: http://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/eventos/article/view/412. Acesso em: 06 nov. 2022.
SALVADOR, Ângelo. D. Métodos e Técnicas de Pesquisa Bibliográfica. 9.ed. Porto Alegre: Ed. Sulina, 1981.
SANTOS, Raquel Auxiliadora dos. Promotoras legais populares: avançando na luta pela igualdade de gênero e na compreensão da educação de jovens e adultos. 2014. 150f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.
SILVA, Fabiane Ferreira da; RIBEIRO, Paula Regina. Contando e ouvindo histórias: educação escolarizada, mulheres e gênero. Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel | Pelotas [34]: 183 - 204, setembro/dezembro 2009. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/viewFile/1641/1524. Acesso em: 06 nov. 2022.
UNESCO. Terceiro Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos-
GRALLE. 2008. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000247056. Acesso em: 06 nov. 2021.
VIEIRA, Maria Clarisse; CRUZ, Karla Nascimento. A produção sobre a educação da mulher na educação de jovens e adultos. Educação, v. 42, n. 1, jan./abr. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.5902/1984644420116. Acesso em: 06 no. 2022.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho.
Copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material
Encaminhamento dos textos para a revista implica a autorização para a publicação.
A aceitação para a publicação implica na cessão de direitos de primeira publicação para a revista.
Os direitos autorais permanecem com os autores.
Os autores dos textos assumem que são autores de todo o conteúdo fornecido na submissão e que possuem autorização para uso de conteúdo protegido por direitos autorais reproduzido em sua submissão.