O discurso político do autorretrato em Oriana Duarte

Autori

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n13.p389-402

Parole chiave:

Gênero, Arte Contemporânea, Autorretrato, Corpo, Oriana Duarte

Abstract

O trabalho propõe analisar um discurso político presente no trabalho de Oriana Duarte partindo da compreensão de seu corpo como híbrido ao transmutar-se constantemente em identidades instáveis e desterritorializadas, configurando uma identidade ciborgue que contraria as elaborações tradicionais e normativas do que é um corpo feminino na arte e na sociedade. Para tanto, toma-se como referência Butler (2000; 2003) e a ideia de gênero como categoria socialmente construída e, portanto, portadora de certas expectativas de performatividade em sociedade. Destarte, constrói-se uma diretriz que promove diálogo entre escrita de si como prática de liberdade diante das estruturas de poder e o autorretrato. A partir de entrevista com a artista e mergulho em sua poética, adotando como eixo de análise o autorretrato fotográfico A Selvagem Sabedoria, foi desenhada uma cartografia que identifica os contornos das estruturas sociais envolvidas na problemática da pesquisa e que percorre a subjetividade e corpo desejante da artista. Assim, esse corpo desobediente a regras expressa um fazer político na prática de artistas mulheres, que ocuparam tradicionalmente na História da Arte eurocêntrica hegemônica uma posição de objeto de desejo atrelado ao olhar masculino.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografia autore

Ana Carolina Magalhães Salvi, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFPE, na linha de História, Teoria e Processos de Criação em Artes Visuais. Pesquisas na área de gênero e sexualidade, artes e sociedade.

Riferimenti bibliografici

ABRAHÃO, Maria Helena. Memórias, narrativas e pesquisa autobiográfica. In: História da educação (ASPHE). Pelotas: Editora da UFPel.v.14, n1, p. 79-95, 2003. Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/asphe/article/viewFile/30223/pdf . Acessado em: 30/03/2020.

ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

BARROS, Regina Benevides; PASSOS, Eduardo. A cartografia como método de pesquisa-intervenção. In: PASSOS, Eduardo. KASTRUP, Virgínia. ESCÓSSIA, Liliana da. (Org). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015. p. 17-32.

BOTTI, Mariana Meloni. Espelho, Espelho meu?: auto-retratos fotográficos de artistas brasileiras na contemporaneidade. 2005. 153 p. Dissertação. (Mestrado em) Multimeios, UNICAMP, Campinas, 2005.

BORDO, Susan. O corpo e a reprodução da feminidade: uma apropriação feminista de Foucault. In: JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan R (orgs.). Gênero, corpo, conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. p. 19-42.

BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do ‘sexo’. In: LOURO, G. L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2000. p. 110-127.

______. Problemas de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. 2ª ed., 3ª reimpressão. São Paulo: Editora 34, 2018.

DUARTE, Oriana. Dos heteróclitos como categoria de ação. São Paulo: Bienal, 2002.

______. Usei meu corpo: das vísceras fiz sopa, dos membros fiz pontes. In: Associação Brasileira De Pesquisa E Pós-Graduação Em Artes Cênicas (Congresso), 5ª ed., 2008. Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, ABRACE, 2008. p. 1-4

______. Oriana Duarte. In: Cristiana Tejo (Org.). Salto no Escuro: curadoria de arte como experimento. Recife: Funcultura, 2011. p.66-81.

______. Plus Ultra: o corpo no limite da comunicação. 2012. 317p. Tese (Doutorado) Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica, Pontifícia Universidade Cat´locia de São Paulo, São Paulo, 2012.

______. Nós, errantes: as travessias plus ultra de uma Artista Atleta. Parte I. Recife: Editora Universitária UFPE, 2013.

______. O entre arte e filosofia: um pensar sobre estilo de existência e vida de artista. In: Associação Nacional De Pesquisadores Em Artes Plasticas - Ecossistemas Artisticos (Simpósio), 23ª ed, 2014, Belo Horizonte, Anais... Belo Horizonte, ANPAP, 2014. p. 3409-3417.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

______. A escrita de si. In: FAUCAUL, Michel. O que é um autor? Lisboa: Passagens. 1992. p. 129-160

______. História da sexualidade. 13 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1999a.

______. As palavras e as coisas. 8 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999b.

GARCIA, Carolina; SCHUCK, Elena. O feminismo de Ana Mendieta no campo das artes visuaus. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero & Mundos De Mulheres. (Seminário), 11 & 13, 2017. Florianópolis. Anais eletrônicos... Florianópolis, UFSC, 2017. p. 1-11.

GATTI, Fábio Luiz. Auto-retrato: A expressão fotográfica e o desenho simbólico. In: Associação Nacional De Pesquisadores Em Artes Plásticas, Transversalidades Nas Artes Visuais (Simpósio), 18ªed, 2009, Salvador. Anais... Salvador, EDUFBA,2009. p. 411-425

GOLDMAN, Emma. O indivíduo, a sociedade e o estado. São Paulo: Hedra, 2007.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva patriarcal. Cadernos Pagu. Campinas, v. 5, p. 07-41, 1995. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773 Acessado em: 20 agost. 2018.

HARAWAY, Donna; TADEU, Tomaz; KUNZRU, Hari. Antropologia Ciborgue: As Vertigens do Pós-Humano. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009

KERGOAT, Danielle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: TEIXEIRA, M. (org.). Trabalho e Cidadania Ativa para Mulheres: desafios para as políticas públicas. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher, 2003. p. 55-65.

LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

NOCHLIN, Linda. Why Have There Been No Great Women Artists? In. NICHOLIN, Linda. (Ed.). Women, Art and Power and Other Essays. New York: Westview Press, 1988. P. 25-40.

PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.

POLLOCK, Griselda. Vision y diferencia: feminismo, feminilidad y historias del arte. Buenos Aires: Fiordo, 2013.

RAGO, Margareth. A aventura de contar-se: feminismos, escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas: Editora da Unicamp, 2013.

ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina; Editora da UFRGS, 2016.

ZACCARA, Madalena. De sinhá prendada a artista visual: os caminhos da mulher artista em Pernambuco. Recife: Ed. do organizador. 2017.

Pubblicato

2020-06-28

Come citare

SALVI, A. C. M. O discurso político do autorretrato em Oriana Duarte. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 5, n. 13, p. 389–402, 2020. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n13.p389-402. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/7418. Acesso em: 17 lug. 2024.