Ser criança? Ótima pergunta!

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DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n15.p1136-1153

Resumo

O presente estudo se propôs ampliar a compreensão sobre os sentidos que as crianças atribuem à infância e à sua constituição como crianças. Ante inúmeras narrativas socialmente construídas em torno da infância e da criança, acreditamos ser necessário explorar aquelas produzidas pelas próprias crianças. Para tanto, foram ouvidas as narrativas de catorze crianças, com idades entre três e doze anos. Sob o aporte teórico da pesquisa (auto)biográfica em Educação e da Sociologia da Infância, os dados foram produzidos a partir da realização de entrevistas narrativas. Considerando o período de isolamento social, devido à pandemia causada pelo COVID-19, os encontros presenciais foram substituídos por encontros virtuais, mediante a utilização de mensagens de áudio, vídeo ou texto, elaboradas pelas crianças. Os resultados indicaram três temáticas de análise: o caráter intrínseco que o brincar assume na constituição de suas subjetividades; a escola como espaço onde mais fortemente se percebem como crianças; e as relações de negociação que estabelecem com os adultos. Verificou-se que ser criança, implica para esse grupo, processos de interação com os adultos nem sempre de dão de forma dialógica, sobretudo, quando indicam as negociações que são estabelecidas sobre seus espaços e o brincar.

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Biografia do Autor

Ecleide Cunico Furlanetto, Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Pedagoga, mestre e doutora em Educação (Psicologia da Educação) pela PUCSP e Pós-Doutora pela Universidade de Barcelona. Professora e vice coordenadora do Programa de pós-graduação em Educação da UNICID.

Karina Alves Biasoli, Universidade Cidade de São Paulo - UNICID

Pedagoga, mestre e doutora em Educação (Psicologia da Educação) pela PUCSP e pós doutoranda pela Universidade Cidade de São Paulo.

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Publicado

2020-10-11

Como Citar

FURLANETTO, E. C.; BIASOLI, K. A. Ser criança? Ótima pergunta!. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 5, n. 15, p. 1136–1153, 2020. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n15.p1136-1153. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/8867. Acesso em: 29 mar. 2024.