Relações entre adultos e crianças: o que dizem as narrativas das crianças?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n15.p1265-1281

Resumo

Este texto, resultado de uma pesquisa de doutorado, discute as relações estabelecidas entre adultos e crianças na contemporaneidade, a partir da escuta de crianças de seis a dez anos, moradoras da Região Metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa de campo aconteceu em um Instituto de Artes. O estudo teve como estratégias metodológicas a observação e a realização de entrevistas coletivas. Traz para o debate as contribuições da antropologia filosófica de Walter Benjamin, interlocutor teórico-metodológico do estudo. Aborda as contribuições dos Estudos da Infância como campo interdisciplinar de conhecimento, que fornece elementos para pensar a infância e a criança no âmbito das ciências humanas e sociais. Problematiza as condições que a contemporaneidade tem oferecido para as relações entre adultos e crianças. Enfatiza a necessidade de pensar a criança como semelhante ao adulto na sua humanidade, valorizando-a, em busca de estabelecer com ela uma relação de alteridade.  Nas análises, as crianças, como narradoras privilegiadas de sua condição, dão pistas sobre o mundo que construímos para elas. Ser criança é apontado como condição que espera do adulto escuta, credibilidade, tempo, paciência, calma. As narrativas das crianças abrem possibilidades para a reflexão sobre esse mundo. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabriela Barreto da Silva Scramingnon, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Professora do Departamento de Didática da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).  Membro do grupo de pesquisa Educação Infantil e Políticas Públicas (EIPP).

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Tradução de Burigo. Belo Horizonte. Ed. UFMG, 2005.

ALDERSON, Pia. Crianças como investigadoras: os efeitos dos direitos de participação na metodologia de investigação. In: CHRISTENSE, Pia.; JAMES, Allison. Investigação com crianças: perspectivas e práticas. Porto: Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, 2005. p. 261-280.

BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução de Ivan Junqueira. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

BAUDELAIRE, Charles. O Spleen de Paris: pequenos poemas em prosa. Tradução de Leda Tenório da Motta. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1995.

BAZÍLIO, Luiz Cavaliere; KRAMER, Sonia. Infância, educação e direitos humanos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

BENJAMIN, Walter. A hora das crianças: narrativas radiofônicas de Walter Benjamin. Tradução de Aldo Medeiros. Rio de Janeiro: Nau Ed., 2015.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas II. Rua de mão única. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho e José Carlos Martins Barbosa. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984.

BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. Tradução de Marcus Vinícius Mazzari. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2002.

CAMPOS, Maria. Malta. Por que é importante ouvir a criança? A participação das crianças pequenas na pesquisa científica. In: CRUZ, Silvia. Helena. Vieira. (Org.). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008. p. 35-42.

CHRISTENSEN, Pia; JAMES, Allison. Investigações com crianças: perspectivas e práticas. Porto: Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, 2005.

DELALANDE, Julie. Aprender entre crianças: o universo social e cultural do recreio. In: LOPES, Jader Janer Moreira; MELLO, Marisol Barenco. “O jeito de que nós crianças pensamos sobre certas coisas” – dialogando com lógicas infantis. Rio de Janeiro: Rovelle, 2009. p. 23-42.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e narração em Walter Benjamin. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.

JAMES, Allison. Conceitos de infância, criança e agência: a construção de hospitais infantis na Inglaterra como estudo de caso. In: RIZZINI, Irene.; SILVA, Sueli Bulhões. da (Org.). Infâncias: construções contemporâneas. O social em questão, n. 21, p. 45-60, 1. sem. 2009.

KRAMER, Sonia. Infância, cultura contemporânea e educação contra a barbárie. In: BAZÍLIO, Luiz Cavaliere; KRAMER, Sonia. Infância, educação e direitos humanos. São Paulo: Cortez, 2006. p. 83-106.

KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. 3. ed. São Paulo: Ática, 1993.

KRAMER, Sonia. Verbete criança. Belo Horizonte, MG: Faculdade de Educação; Gestrado; Fae; UFMG, 2011. (Verbete no dicionário “Trabalho, profissão e condição docente”). Disponível em: <http://www.gestrado.net.br/?pg=dicionario-verbetes&id=107>. Acesso em: 5 jan. 2020.

LÖWY, Michael. Romantismo e messianismo: ensaios sobre Lukács e Walter Benjamin. Tradução de Myrian Veras Baptista e Magdalena Pizante Baptista. São Paulo: Perspectiva, 1990.

LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio. Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. Tradução de Wanda Nogueira Caldeira Brant. São Paulo: Boitempo Ed., 2005.

MACEDO, Nélia. Mara. Rezende. et al. Encontrar, compartilhar e transformar: reflexões sobre a pesquisa intervenção com crianças. In: PEREIRA, Rita. Marisa. Ribes.; MACEDO, Nélia. Mara. Rezende. (Org.). Infância em pesquisa. Rio de Janeiro: NAU Ed., 2012. p. 87-108.

MOTTA, Flavia Miller Naethe. As crianças e o exercício das práticas de autoridade. Rio de Janeiro, 2007. 131 p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

O’KANE, Claire. O Desenvolvimento de técnicas participativas: facilitando os pontos de vista das crianças acerca de decisões que as afetam. In: CHRISTENSE, Pia.; JAMES, Allison. Investigação com crianças: perspectivas e práticas. Porto: Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, 2005. p. 143-170.

PEREIRA, Rita. Marisa. Ribes. A hora das crianças: narrativas radiofônicas de Walter Benjamin. In: JOBIM e SOUZA, Solange.; KRAMER, Sonia. (Org.). Política, cidade e educação: itinerários de Walter Benjamin. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009. p. 259-278.

PEREIRA, Rita Marisa Ribes; JOBIM e SOUZA, Solange. Infância, conhecimento e contemporaneidade. In: KRAMER, Sonia.; LEITE, Maria Isabel. (Org.). Infância e produção cultural. Campinas, SP: Papirus, 1998. p. 25-42.

SARMENTO, Manuel. Jacinto. Estudos da infância e sociedade contemporânea: desafios conceituais. In: RIZZINI, Irene.; SILVA, Sueli. Bulhões. da (Org.). Infâncias: construções contemporâneas. O social em questão, n. 21, p. 15-44, 1. sem. 2009.

SENNETT, Richard. Autoridade. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Record, 2001.

TORRES, Maria Carmem Eulen; CASTRO, Lucia Rabello. Disponibilidade ao outro: construindo novas formas de autoridade entre adultos e crianças. Psicologia da Educação, São Paulo, n. 38, p. 87-99, 1. sem. 2014. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psie/n38/n38a08.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2020.

Downloads

Publicado

2020-10-11

Como Citar

SCRAMINGNON, G. B. da S. Relações entre adultos e crianças: o que dizem as narrativas das crianças?. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 5, n. 15, p. 1265–1281, 2020. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n15.p1265-1281. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/8447. Acesso em: 18 abr. 2024.