Representações sociais do vaqueiro sertanejo contadas por suas narrativas de vida
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2019.v4.n12.p1141-1154Palavras-chave:
Representações sociais, Narrativas, Vaqueiro, Complexo de Édipo, MitoResumo
Estudo psicossociológico sobre figuras do masculino sertanejo, inspirado nos constructos da psicologia social e da psicanálise, para exemplificar como a análise de fragmentos de narrativas de vaqueiros figuram como representações psico-socioculturais que se fundam na história, na cultura, mitos e ritos, que partem do universal e se especificam na construção subjetiva do homem do sertão. A análise do material considerou a sobreposição do Édipo freudiano às estruturas da jornada do herói e da lida com o gado, e a identificação da feitura do próprio nome como objetivo final e destinação da saga. A formação do povo brasileiro, especialmente do sertanejo da primeira metade do século XX, caracterizou-se pela usurpação dos territórios aos povos originários e pela alienação dos corpos negros à terra africana. A vivência da violência institucional e da desigualdade social são superadas simbolicamente pela pega do boi, o Pai com o qual o vaqueiro se identifica, por sua liberdade de gozar do corpo da mãe-terra. Mas é ao Pai, dono da terra, que o vaqueiro pede sua afiliação e reconhecimento. Para o vaqueiro, a superação do sofrimento pelas condições de vida e seu alijamento de uma cadeia simbólica de poder passam pela atualização permanente do mito do herói.
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