“Então me classificavam como estranho”: entre narrativas na construção do estranho no corpo de professores gays
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2019.v4.n11.p539-557Palavras-chave:
(Auto)biografias. Gênero. Homossexualidades. Trabalho Docente.Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir os modos de construção do “estranho”, no corpo e no discurso de professores gays, no semiárido baiano, tendo em vista os processos de construção de gênero e sexualidade, em suas trajetórias de vida, formação acadêmica e exercício profissional. Para tanto, desde uma metodologia qualitativa, centrada na análise de narrativas (auto)biográficas, perspectivamos as narrativas produzidas por seis professores gays egressos dos cursos de licenciatura da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VIII. O trabalho analítico realizado, recorrendo também à narrativa literária naturalista de Adolfo Caminha, em Bom-Crioulo, publicado em 1895, nos possibilitou inferir que os processos de produção do “estranho” agem sobre os corpos dos participantes da pesquisa desde a mais tenra idade, através de mecanismos de vigilância e punição em funcionamento, das distintas instituições reguladoras, dentre elas, a escola. Dessa forma, tornam-se salientes, nas narrativas, as estratégias de sobrevivência criadas por eles com vistas ao enfrentamento do modelo heteronormativo, estabelecido como norma única de vivência das sexualidades e das subjetividades de gênero, de modo a produzir, sob o signo do “estranho”, tudo o que, em alguma medida, desafia esse modelo.
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