Narrativas trans: docência e prostituição
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2019.v4.n11.p573-589Palavras-chave:
Mulheres trans*, Docência, ProstituiçãoResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar as experiências de professoras trans* que atuam na Educação Básica no Estado do Paraná e suas relações com a prostituição. A pesquisa surgiu de questionamento sobre a profissionalização das professoras trans*, em diálogo com os processos de dupla constituição de si, ou seja, como professoras e profissionais do sexo. Por meio de entrevistas narrativas realizadas com seis mulheres trans*, professoras da rede municipal e estadual de ensino, e através de um referencial pós-estruturalista, embasado principalmente em Michel Foucault (1984; 1988; 2008; 2010), Judith Butler (1998; 2000) e Margareth Rago (2008), foi possível perceber que as experiências docentes trans* podem se constituir como um movimento de resistência às rígidas normas de gênero impostas nos ambientes escolares. Isto é, ao mesmo tempo em que essas mulheres são reguladas pela escola e suas normatizações, a presença de seus corpos nesse ambiente produz, também, um questionamento de tais processos da instituição escolarDownloads
Referências
BENTO, Berenice. A (re)invenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond; CLAM, 2006.
BENTO, Berenice. O que é transexualidade? São Paulo: Brasiliense, 2008.
BUTLER, Judith. Actos performativos y constituición del género: um ensayo sobre fenomenologia y teoría feminista. Revista Debate Feminista, México, ano 9, v. 18, p. 296-314, out. 1998. Disponível em: <http://caosmosis.acracia.net/wp-content/uploads/2008/07/judith-butler-actos-performativos-y-constitucion-de-genero.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2019.
BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 151-172.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade II: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FOUCAULT, Michel. Tecnologias del yo y otros textos afines. 2. ed. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica – S.A. 1995.
FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro; 2001.
MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012.
PRECIADO, Paul. Tecnologias del yo y otros textos afines. Barcelona: Paidós Ibérica S. A., 1995.
PRECIADO, Paul. Manifesto contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual. São Paulo: n-1 edições, 2014.
RAGO, Margareth. Os prazeres da noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930). São Paulo: Paz e Terra, 2008.
SILVEIRA, Rosa Maria Hessel. A entrevista na pesquisa em educação: uma arena de significados. In: COSTA, Marisa Vorraber. Caminhos Investigativos II: outros modos de pensar e fazer pesquisa em educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 119-141.
OLIVEIRA, Valeska Maria Fortes de. A escrita como o cuidado de si no espaço formativo da universidade: tentando reinventar a existência e a condição docente. In: CONGRESO NACIONAL DE INVESTIGACIÓN EDUCATIVA, 4.; CONGRESO INTERNACIONAL DE INVESTIGACIÓN EDUCATIVA, 2., 2007, Guerrero, México. Anais… Congreso Nacional de Investigación Educativa, 2007. p. 1-5.