“Minha vida daria um filme?” – uma viagem entre as fronteiras da realidade e da ficção

Autores

  • Evanilson Gurgel Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd)
  • Marlécio Maknamara Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação.

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2017.v2.n6.p565-582

Palavras-chave:

realidade, ficção, memórias, biografemática, cinema.

Resumo

À primeira vista, realidade e ficção parecem ser termos imiscíveis, difíceis de serem colocadas lado a lado, principalmente no que diz respeito à ação de narrar nossas histórias de vida. Conduzimos a partir desse artigo uma viagem por entre as fronteiras da realidade e da ficção, identificando e diluindo essas barreiras. Para tanto, traçamos uma discussão sobre o lugar cativo das histórias de vida, o dispositivo da memória e a biografemática. A partir dessas frentes, o objetivo geral do texto é esboçar algumas possibilidades de reinvenção de nossas histórias de vida. A linguagem cinematográfica do diretor cearense Karim Aïnouz emerge no texto como possibilidade imagética de conexão entre o real e o ficcional. Como de fato trata-se de uma viagem, o texto é intercalado por diários de bordo de Major Tom, personagem criado através da fusão dos autores do texto, inspirados no processo de escrita a dois de Deleuze e Guattari (2012), e que traz alguns relatos autobiográficos concatenados ao que é discutido. Por fim, concluímos que é possível se situar entre realidade e ficcionalidade, em nossas histórias de vida, transubstanciando o rotineiro em fantástico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Evanilson Gurgel, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd)

Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Integrante do Grupo de Pesquisa Educação em Biologia.

Marlécio Maknamara, Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação.

Doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor dos Programas de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Universidade Federal da Bahia (UFBA). Integrante do GECC – Grupo de Pesquisas e Estudos em Currículos e Culturas/UFMG.

Referências

BARTHES, Roland. Análise estrutural da narrativa. Tradução de Maria Zélia Barbosa Pinto. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

CHAVES, Silvia Nogueira. Reencantar a ciência, reinventar a docência. São Paulo: Editora da Física, 2013.

COSTA, Luciano Bedin da. Biografema como estratégia biográfica: escrever uma vida com Nietzsche, Deleuze, Barthes e Henry Miller. 2010. 179 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

COUTO, Mia. Cada homem é uma raça. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira, Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. v. 1. São Paulo: Ed. 34, 2011.

DELEUZE, Gilles. Proust e os signos. Tradução de Antônio Piquet e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

DELEUZE, Gilles. A imagem-tempo: cinema II. Tradução de Eloisa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2007.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Suely Rolnik. v. 4. São Paulo: Ed. 34, 2012.

DINIZ, Felipe Xavier. O filme Jogo de cena e o corredor de espelhos. Revista Verso e Reverso, São Leopoldo, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, v. 25, n. 59, p. 123-128, mai./ago. 2011. Disponível em: <http://revistas.unisinos.br/index.php/versoereverso/article/view/ver.2011.25.59.05>. Acesso em: 03 out. 2017

FELLINI, Federico. Entrevista sobre o cinema. Realizada por Giovanni Grazzini. Tradução de José Alberto de Lima Campos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986.

FOUCAULT, Michel. Sobre a genealogia da ética: uma revisão do trabalho. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica. Para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução de Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 253-278.

FOUCAULT, Michel. Do governo dos vivos. In: ______. Resumo dos cursos do Collège de France (1970-1982). Tradução de Andrea Daher. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 99-106.

FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: ______. Estratégia, poder-saber. Ditos e escritos IV. Tradução de Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. p. 203-222.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro; São Paulo: Paz & Terra, 2017a.

FOUCAULT, Michel. Verdade e poder. In: ______. Microfísica do poder. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2017b. p. 35-55.

GALVÃO, Cecília. Narrativas em Educação. Ciência & Educação, Bauru, Universidade Estadual Paulista, v. 11, n. 2, p. 327-345, mai./ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132005000200013>. Acesso em: 03 out. 2017

GONÇALVES, Jadson Fernando Garcia. Biografemática e formação: fragmentos de escrita de uma vida. 2013. 132 f. Tese (Doutorado em Educação) – Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará, Belém, 2013.

KEROUAC, Jack. On the road (Pé na estrada). Tradução, introdução e posfácio de Eduardo Bueno. Porto Alegre: L&PM, 2011.

KOHAN, W. O. Imagens da infância para (re)pensar o currículo. Revista Sul-americana de filosofia e educação, Brasília, Universidade de Brasília, s/v., n. 1, p. 1-9, nov. 2003. Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php/resafe/article/view/5409>. Acesso em: 03 out. 2017

LARROSA, Jorge; SKLIAR, Carlos. Habitantes de Babel: políticas e poéticas da diferença. Tradução de Semíramis Gorini da Veiga. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

LIMA, Maria Emília Caixeta de Castro; GERALDI, Corinta Maria Grisolia.; GERALDI, João Wanderley. O trabalho com narrativas na investigação em educação. Educação em Revista, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, v. 31, n. 1, p. 17-44, jan./mar. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-46982015000100017&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 03 out. 2017

LOURO, Guacira Lopes. Corpo, escola e identidade. Educação e Realidade, Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 25, n. 2, p. 59-75, jul./dez. 2000. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/viewFile/46833/29119>. Acesso em: 03 out. 2017.

LOURO, Guacira Lopes. Sexualidade e gênero na escola. In: SCHMDIT, Saraí. (Org.). A educação em tempos de globalização. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. p. 69-73.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes. 2003.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: das afinidades políticas às tensões teórico-metodológicas. Educação em Revista, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, s/v., n. 46, p. 201-218, dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/n46/a08n46>. Acesso em: 03 out. 2017.

MAKNAMARA, Marlécio. Currículo, música e gênero: o que ensina o forró eletrônico? 2011. 152 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

MAKNAMARA, Marlécio. Narrativas (auto)biográficas e necessidades formativas de futuros docentes de ciências: reflexões preliminares para um objeto em construção. Tempos e Espaços em Educação, São Cristóvão, Universidade Federal de Sergipe, v. 8, n. 16, p. 99-107, mai./ago. 2015. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.php/revtee/article/view/3976>. Acesso em: 03 out. 2017.

MAKNAMARA, Marlécio. Tornando-me um professor de biologia: memórias de vivências escolares. Educação em Foco, Juiz de Fora, Universidade Federal de Juiz de Fora, v. 21, n. 2, p. 495-522, mai./ago. 2016. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.php/revtee/article/view/3976>. Acesso em: 03 out. 2017.

NORONHA, Luzia Machado Ribeiro. Entreretratos de Florbela Espanca: uma leitura biografemática. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2001.

NÓVOA, Antônio. Desafios do trabalho do professor no mundo contemporâneo: palestra de Antônio Nóvoa. São Paulo: Sinpro, 2007. Disponível em: <http://www.sinprosp.org.br/arquivos/novoa/livreto_novoa.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2017.

PARAÍSO, Marlucy A. Currículo e mídia: a produção de um discurso para e sobre a escola. Educação em Revista, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, s/v., n. 34, p. 67-84, 2000.

PARAÍSO, Marlucy A. Currículo e mídia educativa brasileira: poder, saber e subjetivação. Chapecó: Argos, 2007.

PASSEGGI, Maria da Conceição. Narrar é humano! Autobiografar é um processo civilizatório. In: PASSEGGI, Maria da Conceição; SILVA, Vivian Batista. (Orgs.). Invenções de vida, compreensão de itinerários e alternativas de formação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p. 103-130.

PEREIRA, Marcos V. et al. Influências nos escritos sobre formação de professores. In: OLIVEIRA, Valeska Fortes. (Org.). Narrativas e saberes docentes. Ijuí: Unijuí, 2006. p. 67-92.

PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido: No caminho de Swann. Tradução de Mario Quintana. v. 1. São Paulo: Globo, 2006.

ROSE, Nikolas. Governando a alma: a formação do eu privado. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.). Liberdades reguladas: a pedagogia construtivista e outras formas de governo do eu. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. p. 30-45.

ROSE, Nikolas. Inventando nossos eus. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.). Nunca fomos humanos: nos rastros do sujeito. Belo Horizonte: Autêntica, 2001a. p. 137-204.

ROSE, Nikolas. Como se deve fazer a história do eu? Educação & Realidade, Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 26, n. 01, p. 33-57, jan./jul. 2001b. Disponível em: . Acesso em: 03 out. 2017.

SARAMAGO, José. Biografias. 2008. Disponível em: <http://caderno.josesaramago.org/2807.html>. Acesso em: 09 mai. 2017.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.

TORRES, Fernanda. Sete anos: crônicas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

VIART, Dominique. Genealogia y filiaciones. Cuadernos hispanoamericanos, Madrid, n. 625-626, p. 118-207, jul./ago. 2002. Disponível em: <http://www.cervantesvirtual.com/obra/cuadernos-hispanoamericanos--236/035a2d14-82b2-11df-acc7-002185ce6064.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2017.

WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Rio de Janeiro: L&PM, 2001.

Downloads

Publicado

2017-12-15

Como Citar

GURGEL, E.; MAKNAMARA, M. “Minha vida daria um filme?” – uma viagem entre as fronteiras da realidade e da ficção. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 2, n. 6, p. 565–582, 2017. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2017.v2.n6.p565-582. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/3763. Acesso em: 21 nov. 2024.