A CRIANÇA E SUAS NARRATIVAS: A (AUTO)BIOGRAFIA NO ESPELHO

Autores

  • Sandra Maia-Vasconcelos

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2016.v1.n3.p584-602

Palavras-chave:

Narrativas infantis, História de vida, Autorreflexividade

Resumo

Os estudos sobre narrativas produzidas por crianças ainda são incipientes, no campo da Linguística, embora já encontrem uma efetiva difusão nas áreas da Sociologia, da Psicologia e da Pedagogia. Nossa pesquisa pretendeu contribuir com a ciência, trazendo para o campo da Linguística essa abordagem que pode apoiar a formação docente, nas áreas de línguas, em particular no ensino da língua materna, quando busca, pela valorização da criação verbal, entreter uma relação entre o universo lexical da criança e sua disposição à descoberta da narrativa, como gênero de intuito criador É importante que ressaltemos o que vêm a ser narrativas infantis: ora, nós precisaremos narrativas infantis como sendo narrativas contadas por crianças, histórias narradas por crianças; ora, histórias contadas para crianças por algum adulto presente; ora, histórias universais criadas para o público infantil em geral. Deste modo, diferenciaremos narrativas infantis como histórias universais contadas para crianças, e as histórias narradas pelas crianças, como sendo suas histórias, serão as narrativas das crianças, suas próprias vidas ou adaptações que elas fazem de suas próprias vidas, a partir de histórias populares, ficcionais ou não. Para esse intuito, traremos à tona os detalhes que as crianças elaboram em seus discursos narrados, incluindo o imperfeito lúdico, nas narrativas tradicionais, e retomadas intuitivamente pelas crianças.

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Publicado

2016-12-13

Como Citar

MAIA-VASCONCELOS, S. A CRIANÇA E SUAS NARRATIVAS: A (AUTO)BIOGRAFIA NO ESPELHO. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 1, n. 3, p. 584–602, 2016. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2016.v1.n3.p584-602. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/3008. Acesso em: 22 dez. 2024.