Nascer, adoecer e morrer na Comunidade Quilombola Córrego do Cuba: tradição e modernidade
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2024.v9.n24.e1182Palavras-chave:
Saberes tradicionais, Comunidade quilombola, Cultura, AutoetnografiaResumo
Objetivamos compreender saberes tradicionais sobre nascimento, adoecimento e luto em uma comunidade quilombola: Córrego do Cuba (Chapada do Norte / MG), lugar ao qual o primeiro autor pertence. Nesta pesquisa autoetnográfica, realizamos entrevistas semiestruturadas, analisadas fenomenologicamente. Compreendemos que o nascimento é um convite, chamado para acolher a vida e o natal da criança: a esperança brotou! Quando um membro adoece, todo o corpo coletivo sofre, sente compaixão e se empenha nas tarefas de cuidado e consolo. Na partida do irmão, vem o luto: dor, esperança e fortaleza para celebrar sua páscoa. Os três momentos unem todos para celebrar, rezar, lamentar, reafirmando a unidade e reunindo a comunidade. Os saberes tradicionais buscam dar conta da complexidade da vida que é festa e dor, sem esquecer nenhum elemento. A modernidade trouxe saberes médicos para os três momentos, e a comunidade os acolhe, relembrando fazeres antigos e dialogando com novidades, sem perder sua essência. Nesta pesquisa fizemos memória e redescobrimos o significado de ser comunidade: não viver sozinho nem para si mesmo, conviver!
Downloads
Referências
ALES BELLO, Angela. Fenomenologia e ciências humanas: psicologia, história e religião. Organização e tradução de Miguel Mahfoud e Marina Massimi. Bauru: Edusc, 2004. 330 p.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Reflexões sobre como fazer trabalho de campo. Sociedade e Cultura: Revista de Ciências Sociais, v. 10, n. 1, p. 11-27, 2007. https://doi.org/10.5216/sec.v10i1.1719
BRASIL. Ministério da Cultura. Fundação Cultural Palmares. Portaria n.º 78 de 13 de fevereiro de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 fev. 2017. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-78-de-13-de-fevereiro-de-2017-20463290. Acesso em 25 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Estratégica e Participativa. Caderno de educação popular em saúde. Vol. 2. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 232 p.
CARDOSO, Clarissiane Serafim; MELO, Letícia Oliveira de; FREITAS, Daniel Antunes. Condições de saúde nas comunidades quilombolas. Revista de Enfermagem UFPE, Recife, v. 12, n. 4, p. 1037-1045, 2018. https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i4a110258p1037-1045-2018
GOMES, Karine de Oliveira et alli. Utilização de serviços de saúde por população quilombola do Sudoeste da Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 29, p. 1829-1842, 2013. https://doi.org/10.1590/0102-311X00151412
HUSSERL, Edmund. A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. Tradução de D. F. Ferrer. São Paulo: Forense Universitária, 2012. 559 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE]. Censo 2010. 2010. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/chapada-do-norte/panorama?detalhes=true. Acesso em 25 nov. 2021.
INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS [IEPHA]. Dossiê de Registro da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte. 2018, V. 2. Disponível em: http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/component/phocadownload/%20category/19-festa-dos-homens-pretos-chapada-do-norte. Acesso em 24 jul. 2021.
ITABORAHY, Nathan Zanzoni; TEIXEIRA, Tiago Bustamante. Análise Geográfica de uma propriedade quilombola: uma discussão sobre Etnografia, produção e espaço. In: Encuentro De Geógrafos De América Latina, XII, 2009, Montevideo. Anais eletrônicos..., Montevideo: EGAL, 2009. p. 105.
LIMA, Maitê Santos de; RUBERT, Rosane Aparecida. Comunidade quilombola Nicanor da Luz: reconstituição da memória coletiva. In: Congresso de Extensão e Cultura - UFPEL, VII, 2020, Pelotas. Anais.... Vol. 3. Pelotas: UFPEL, 2020. p. 199-202.
MASSAROTTO, Natália Prado. Diversidade e uso de plantas medicinais por comunidades Quilombolas Kalunga e urbanas, no nordeste do Estado de Goiás – GO, Brasil. 2008. 130 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.
MIRANDA, S. A. Educação escolar quilombola em Minas Gerais: entre ausências e emergências. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 17, n. 50, p. 369-383, 2012. https://doi.org/10.1590/S1413-24782012000200007
PINHEIRO, Eva Maria Dutra. Comunidade Quilombola Nicanor da Luz: uma etnografia sobre saberes tradicionais e religiosidades. 2019. 195 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Programa de Pós Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019.
PINHEIRO, Zairo Carlos da Silva; SAHR, Cicilian Luiza Löwen. Imaginário e espacialidade vivida em narrativas quilombolas, Pimenteiras do Oeste–Rondônia, Brasil. Ateliê Geográfico, Goiânia, v. 10, n. 1, p. 160-176, 2016. https://doi.org/10.5216/ag.v10i1.35129
PIRES, Hamilton Pimentel Lopes. A categoria lugar: uma abordagem a partir da perspectiva dos quilombolas de Buriti do Meio no Norte de Minas Gerais. 2018. 106 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Social) – Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, 2018.
SANCHIS, Pierre. Cultura brasileira e religião... Passado e atualidade. Cadernos CERU, São Paulo, v. 19, p. 71-92, 2009. https://doi.org/10.1590/S1413-45192008000200005
SANTOS, Maria Walburga dos. Festas quilombolas: entre a tradição e o sagrado, matizes da ancestralidade africana. Revista HISTEDBR On-Line, Campinas, v. 13, n. 50, p. 286-300, 2013. https://doi.org/10.20396/rho.v13i50.8640309
SANTOS, Silvio Matheus Alves. O método da autoetnografia na pesquisa sociológica: atores, perspectivas e desafios. Plural, v. 24, p. 214-241, 2017. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2017.113972
SOUZA, Bárbara Oliveira. Aquilombar-se: panorama histórico, identitário e político do Movimento Quilombola Brasileiro. 2008. 204 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade de Brasília, Brasília, 2008.
STEIN, Edith. Estructura de la persona humana. In: STEIN, Edith. Obras completas. v.IV: escritos antropológicos y pedagógicos. Tradução de F. J. Sancho e col. Vitoria: El Carmen, 2003, p. 555-749.
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Tradução de Lívia de Oliveira. Londrina: Eduel, 2012.
VERSIANI, Daniela Beccaccia. Autoetnografia: uma alternativa conceitual. Letras de hoje, Porto Alegre, v. 37, n. 4, p. 57-72, 2002. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/14258/9483. Acesso em 25 jul. 2021.
ZANK, Sofia.; ÁVILA, Julia Vieira da Cunha; HANAZAKI, Natalia. Compreendendo a relação entre saúde do ambiente e saúde humana em comunidades Quilombolas de Santa Catarina. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Campinas, v. 18, n. 1, p. 157-167, 2016. https://doi.org/10.1590/1983-084X/15_142