A cura e seu processo econômico: reflexões autoetnográficas enquanto paciente oncológico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2024.v9.n24.e1167

Palavras-chave:

Oncologia, Economia, Autoetnografia

Resumo

Um diagnóstico de câncer é devastador para indivíduos e todos os envolvidos emocionalmente nessa trajetória. Angústia, ansiedade, medo, incerteza são algumas emoções experimentadas pelos pacientes com esse diagnóstico e o acompanham durante todo o processo. Através de uma abordagem autoetnográfica e pensando em uma contribuição reflexiva para a área antropológica, apresento aqui um relato da minha trajetória enquanto um paciente oncológico, desde o diagnóstico e o tabu que ele envolvia, até a cura com o final do tratamento. As reflexões aqui apresentadas envolvem o entendimento de que todo este processo foi possibilitado pelos acessos proporcionados pela questão econômica, ou seja, a cura nunca foi uma condição técnica, mas sim financeira. Por fim, cabe salientar a questão mais dura desta produção: a tentativa de separar o paciente (com envolvimento emocional) e o pesquisador (com envolvimento metodológico) que relata esta trajetória com reflexões e aproximações teóricas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leonardo Silva de Lima, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da mesma instituição. Membro do Grupo de Estudos Socioculturais em Educação Física (Gesef). 

Referências

ALMEIDA, Diego Eugênio et al. Autoetnografia como estratégia decolonizadora de ensino sobre o cotidiano em Terapia Ocupacional. Interface, Botucatu, n. 24, p. 1-15, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/Interface.190122. Acesso em: 12 mar. 2023.

BOLTANSKI, Luc. As classes sociais e o corpo. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

BOLTANSKI, Luc; THÉVENOT, Laurent. A justificação: sobre as economias da grandeza. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2014.

BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas: Sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1998.

BRASIL. Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012. Dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente com neoplasia maligna comprovada e estabelece prazo para seu início. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2012.

BRASIL, Lei nº 13.896, de 30 de outubro de 2019. Altera a Lei nº 12732, de 22 de novembro de 2012, para que os exames relacionados ao diagnóstico de neoplasia maligna sejam realizados no prazo de 30 dias, no caso em que especifica. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2019.

CARNEIRO, Rosamaria. Cartas para mim ou sobre mim? Notas autoetnográficas de um puerpério não silenciado. Sexualidad, Salud y Sociedad: Revista Latinoamericana, Rio de Janeiro, n. 37, p. 1-33, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sess/a/cp4hLSj5PTzVpptSWfKT5SD/?lang=pt. Acesso em: 18 fev. 2023.

COCCARO, Luciane Moreau. (D)escrições Autoetnográficas: performance em diálogos com abordagens de pesquisa antropológica. Revista Brasileira de Estudos da Presença, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 1-24, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbep/a/GztYmrvSG8sqW4sCX3Sq9NJ/?lang=en. Acesso em: 18 fev. 2023.

FLEISCHER, Soraya; SCHUCH, Patrice (org.). Ética e regulamentação na pesquisa antropológica. Brasília, DF: Letras Livres: Ed. UnB, 2010.

FURTADO, Bárbara Taciana et al. Autoetnografia colaborativa em tempos de pandemia: uma experiência de ensino-aprendizagem terapêutica e decolonial. Interface, Botucatu, v. 26, p. 1-21, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/nDGHLzsMCZRbrtnN7HQXnVC/?lang=pt. Acesso em: 18 fev. 2023.

GAMA, Fabiane. A autoetnografia como método criativo: experimentações com a esclerose múltipla. Anuário Antropológico, Brasília, DF, v. 45, n. 2, p. 188-208, 2020. Disponível em: https://journals.openedition.org/aa/5872. Acesso em: 18 fev. 2023.

HINE, Christine. Ethnography for the Internet. Embedded, Emboidied and Everyday. Huntingdon: Bloonsbury Publishing, 2015.

KOPYTOFF, Igor. A biografia cultural das coisas: a mercantilização do processo. In: APPADURAI, Arjan. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Tradução: Agatha Bacelar. Niterói: EdUFF, 2008.

LATOUR, Bruno. Reagregando o Social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. Salvador: Edufba, 2012.

LE BRETON, David. Antropologia do corpo e modernidades. Petrópolis: Vozes, 2011.

MORAES, Ricardo Montes et al. Gastos das famílias com planos de saúde no Brasil e comprometimento da renda domiciliar: uma análise da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018). Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, p. 1-14, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00354320. Acesso em: 12 mar. 2023.

NOGUEIRA, Luciana de Alcatara et al. Avaliação da toxicidade financeira (facit-cost) de pacientes com câncer no sul do Brasil. Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 27, 2022. Não paginado. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v27i0.79533. Acesso em: 18 fev. 2023.

OLIVEIRA, Carolina Iara de; RICOLDI, Arlene. Sem “Loas” na juventude e aposentadoria em risco: uma autoetnografia sobre o ativismo por direitos em HIV/aids. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 1-13, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902021200460. Acesso em: 12 mar. 2023.

PAIVA, Geórgia Maria Feitosa; OLIVEIRA, Fernanda Cunha. O que as redes contam sobre nós? Um estudo autoetnográfico da representação de si no Instagram. Revista Teoria e Cultura, Juiz de Fora, v. 17, n. 3, p. 208-221, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/TeoriaeCultura/issue/view/1658. Acesso em: 12 mar. 2023.

PODOLAN, Evelyne Campos. Figurações como promotoras de cuidado no câncer de mama. 2020. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2020.

SANDEL, Michel. O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2021.

SANTOS, Silvio Matheus Alves. O método da autoetnografia na pesquisa sociológica: atores, perspectivas e desafios. Plural: Revista do Pós-Graduação em Sociologia da USP, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 214-241, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2017.113972. Acesso em: 18 fev. 2023.

SCHUCH, Patrice. A vida social ativa da ética na Antropologia (e algumas notas do “campo” para o debate). In: SARTI, Cynthia; DUARTE, Luis Fernando Dias. Antropologia e Ética: desafios para a regulamentação. Brasília, DF: ABA, 2013.

SILVA, Mario Jorge Sobreira; OSORIO-DE-CATRO, Claudia Garcia Serpa. Estratégias adotadas para a garantia dos direitos da pessoa com câncer no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS). Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 399-408, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232022271.39502020. Acesso em: 18 fev. 2023.

STEPKE, Fernando Lolas; DRUMONT, José Geraldo de Freitas. Fundamentos de uma Antropologia Bioética. São Paulo: Centro Universitário São Camilo: Loyola, 2007.

Downloads

Publicado

2024-06-27

Como Citar

LIMA, L. S. de. A cura e seu processo econômico: reflexões autoetnográficas enquanto paciente oncológico. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 9, n. 24, p. e1167, 2024. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2024.v9.n24.e1167. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/16388. Acesso em: 21 dez. 2024.