As facetas de Victório Caneppa: narrativas sobre a trajetória de um diretor penitenciário (1930-1955)
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.22.v7.n20.p110-128Palavras-chave:
Victória Caneppa, A Estrêla, Sistema penitenciário, Narrativas (auto)biográficasResumo
Examinar e compreender a série de discursos que trazem a trajetória de Victório Caneppa, diretor penitenciário entre as décadas de 1930 e 1950, é objetivo do presente trabalho. O gestor criou a revista A Estrêla – Órgão da Penitenciária Central do Distrito Federal e a utilizou como lugar de memória. Em seu periódico, ele buscou criar sua identidade profissional e exaltou a sua trajetória enquanto grande referência na área. Nesse sentido, a referida revista se configura como uma fonte (auto)biográfica, na medida em que nela Caneppa escreve sobre si mesmo e outros sujeitos escrevem sobre ele. Diante do exposto, suscito as seguintes questões: quem foi Victório Caneppa? Que representações acerca do diretor perpassam o impresso mencionado? O que a imprensa, autoridades e especialistas falam a respeito do diretor? Quais foram suas contribuições para o sistema prisional? Para tanto, busco trazer à tona a série de discursos que envolvem a construção da memória de si do gestor e as contradições e ambiguidades que perpassam os trajetos e a vida desse sujeito. Interpretar as facetas de Caneppa por meio da revista A Estrêla e de outras fontes pesquisadas possibilitou-me, ainda, levantar hipóteses acerca do silenciamento de sua trajetória em âmbito acadêmico.
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