O CONHECIMENTO ETNOORNITOLÓGICO DOS MORADORES DO MUNICÍPIO DE ELÍSIO MEDRADO, BAHIA, BRASIL
Palavras-chave:
Conhecimento Popular, Avifauna, Etnotaxonomia.Resumo
Este trabalho investigou as relações dos moradores do município de Elísio Medrado com as aves, registrando como esses animais são percebidos e identificados, além de sua importância cultural. Os dados foram coletados no período de janeiro a agosto de 2013 e os entrevistados selecionados mediante o método “bola de neve”. As entrevistas semiestruturadas realizadas com 60 moradores de ambos os gêneros ocorreram em situação sincrônica. Os entrevistados citaram 193 nomes comuns de aves, identificadas em um total de 104 etnoespécies correspondentes a 106 espécies acadêmicas. Os critérios mais utilizados para nomear as aves foram morfológicos e comportamentais. As espécies mais citadas foram Sporophila nigricollis, Gnorimopsar chopi e Columbina talpacoti. As aves são usadas como animais de estimação, recurso alimentar, bem como personagens nas crendices locais. Em relação à biologia das espécies, foram relatados aspectos do comportamento social, vocalização e hábitos alimentares. As informações obtidas neste estudo demostram que os moradores do município de Elísio Medrado possuem um vasto conhecimento sobre as aves. Este conhecimento deveria ser utilizado pelos órgãos ambientais do país quando se definem ações locais de conservação da biodiversidade.
Downloads
Referências
ALMEIDA, S.M.; FRANCHIN, A.G.; MARÇAL-JÚNIOR, O. Estudo etnoornitológico no distrito rural de Florestina, município de Araguari, região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais. Sitientibus Série Ciências Biológicas, v. 6, n. 6, p. 26-36, 2006.
ALVES, R.N.R. et al. Ethno-ornithology and conservation of wild birds in the semi-arid Caatinga of northeastern Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 9, n. 14, 2013.
BARBOSA, J.A.A.; NOBREGA, V.A.; ALVES, R.R.N. Aspectos da caça e Comércio ilegal da avifauna silvestre por populações tradicionais do semi-árido paraibano. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 10, n. 2, p. 39-49, 2010.
BEGOSSI, A. Ecologia humana: um enfoque das relações homem-ambiente. Interciência, v. 18, n. 3, p. 21-132, 1993.
BERLIN, B.; BOSTER, J.S.; O’NEILL, J.P. The perceptual bases of ethnobiological classification: evidence from Aguaruna Jívaro ornithology. Journal of Ethnobiology, v. 1, n. 1, p. 95-108, 1981.
BEZERRA, D.M.M.; ARAUJO, H.F.P.; ALVES, R.R.N. Avifauna silvestre como recurso alimentar em áreas de semiárido no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Sitientibus Série Ciências Biológicas, v. 11, n. 2, p. 177-183, 2011.
BEZERRA, D.M.M.; ARAUJO, H.F.P.; ALVES, R.R.N. Captura de aves silvestres no semiárido brasileiro: técnicas cinegéticas e implicações para a conservação. Tropical Conservation Science, v. 5, p. 50-66, 2012.
BEZERRA, D.M.M. et al. Birds and people in semiarid northeastern Brazil: symbolic and medicinal relationships. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 9, n. 3, 2013.
BRASIL. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção Brasília: Ministério do Meio Ambiente. 2008.
CAJAS, A. Las aves de los Mayas prehispánicos. México: Associação FLAAR Mesoamericana, 2010.
CARRARA, E. Tsi Tewara: um vôo sobre o Cerrado Xavante. 1997. 323 f. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Ribeirão Preto, 1997.
COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS. Listas das aves do Brasil. 11. ed. Disponível em: <http://www.cbro.org.br>. Acesso em: 31 fev. 2014.
COOKE, W.W. Bird nomenclature of the Chippewa Indians. Auk, v. 1, n. 3, p. 242-250, 1884.
COSTA-NETO, E.M. Etnoentomologia no Povoado de Pedra Branca, município de Santa Terezinha, Bahia. Um estudo de caso das interações seres humanos/insetos. 2003. 353 f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) - Universidade de São Carlos, São Carlos, 2003.
COSTA-NETO, E.M. Análise semântica dos nomes comuns atribuídos às espécies de Passiflora (Passifloraceae) no Estado da Bahia, Brasil. Neotropical Biology and Conservation, v. 3, n. 2, p. 86-94, 2008.
COSTA-NETO, E.M. Análise etnossemântica de nomes comuns de abelhas e vespas (INSECTA, HYMENOPTERA) na terra indígena Pankararé, Bahia, Brasil. Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 14, n. 1, p. 237-251, 2013.
COSTA-NETO, E.M.; PACHECO, J.M. A construção do domínio etnozoológico “inseto” pelos moradores do povoado de Pedra Branca, Santa Terezinha, Estado da Bahia. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 26, n.1, p. 81-90, 2004.
COSTA-NETO, E.M.; RODRIGUES, R.M.F.R. Os besouros (Insecta: Coleoptera) na concepção dos moradores de Pedra Branca, Santa Terezinha, Estado da Bahia. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 28, n. 1, p. 71-80, 2006.
DINIZ, W.J.S. et al. Estudo etnoornitológico no Remanescente Quilombola Estivas, Garanhuns, Pernambuco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 29, 2012. Anais... Salvador, Brasil, 2012. p. 276.
FARIAS, G.B.; ALVES, Â.G.C. Aspectos históricos e conceituais da etnoornitologia. Revista Biotemas, v. 20, n. 1, p. 91-100, 2007a.
FARIAS, G.B.; ALVES, Â.G.C. Nomenclatura e classificação etnoornitológica em fragmentos de Mata Atlântica em Igarassu, Região Metropolitana do Recife, Pernambuco. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 15, n. 3, p. 358-366, 2007b.
FARIAS, G.B.; ALVES, Â.G.C. É importante pesquisar o nome local das aves?. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 15, n. 3, p. 403-408, 2007c.
FERREIRA-FERNANDES, H. et al. Hunting, use and conservation of birds in Northeast Brazil. Biodiversity Conservation, v. 21, p.221-244, 2011.
FORTH, G. What’s in a bird’s name: Relationships among ethno-ornithological terms in Nage and other Malayo-Polynesian languages. In: TIDERMANN, S; GOSLER, A. (coord). Ethno-ornithology: birds, indigenous peoples, culture and society. Londres: Earthscan, 2010.
FREITAS, M.A.; MORAES, E.P.F. Levantamento da avifauna da Fazenda Jequitibá (Serra da Jibóia), município de Elísio Medrado/Bahia. Atualidades Ornitológicas On-line, n. 147, p. 73-79. 2009.
GALVAGNE LOSS, A.T.; COSTA NETO, E.M.; FLORES, F.M. Ornitoáugures no Povoado de Pedra Branca, Santa Teresinha, Estado da Bahia, Nordeste do Brasil. Etnobiología, v. 11, n. 3, p. 45-53, 2013.
GALVAGNE LOSS, A.T. et al. Ethnotaxonomy of birds by the inhabitants of Pedra Branca Village, Santa Teresinha municipality, Bahia state, Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 10, n. 55, 2014.
GIANNINI, I. V. A ave resgatada: a impossibilidade de leveza do ser. 1991. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Ribeirão Preto, 1991.
HAVERROTH, M. O ensino e a pesquisa em etnoecologia e etnobiologia na região norte do Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, n. 13, p. 2-11, 2010.
HERBST, D.; HANAZAKI, N. 2012. Etnotaxonomia de mugilídeos por pescadores de tainha do litoral de Santa Catarina. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA, 9., 2012. Anais... Florianópolis, Brasil, 2012. p. 70.
HUNN, E. The use of sound recordings as voucher specimens and stimulus materials in ethnozoological research. Journal Ethnobiological, v. 12, n. 2, p. 187-198, 1992.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades@. 2010. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br>. Acesso: 22 jan. 2015.
IUCN. The IUCN red list of threatened species. Version 2014.1. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2014.
JENSEN, A.A. Sistema indígena de classificação de aves: aspectos comparativos, ecológicos e evolutivos. Belém: Museu Paraense Emilio Göeldi, 1988.
MARINI, M.S.; GARCIA, F.I. Conservação das aves do Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 95-102, 2005.
MARQUES, J.G.W. Aspectos ecológicos na etnoictiologia dos pescadores do complexo estuarino-lagunar Mundaú-Manguaba, Alagoas. 1991. 292 f. Tese (Doutorado em Ecologia) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1991.
MARQUES, J.G.W. Pescando pescadores: Ciência e etnociência em uma perspectiva ecológica. São Paulo: NUPAUB/ Fundação Ford, 2001.
MARQUES, J.G.W. O sinal das aves. Uma tipologia sugestiva para uma etnoecologia com bases semióticas. In: ALBUQUERQUE, U.P. et al. (org). Atualidades em etnobiologia e etnoecologia. Recife: Nupeea/Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, 2002. p. 87-96.
NOBREGA, V. A.; BARBOSA, J. A. A. & ALVES, R. R. N. Utilização de aves silvestres por moradores do município de Fagundes, Semiárido paraibano: uma abordagem etno-ornitológica. Sitientibus Série Ciências Biológicas, v. 11, n. 2, p. 165-175, 2011.
OLIVEIRA-BARBOSA, E.D. et al. Atividades cinegéticas direcionadas à avifauna em áreas rurais do Município de Jaçanã, Rio Grande do Norte, Brasil. Biotemas, v. 27, n. 3, p. 175-190, 2014.
PHILLIPS, O. et al. Quantitative ethnobotany and Amazonian conservation. Conservation Biology, v. 8, p. 225-248, 1994.
RENCTAS. Primeiro relatório nacional sobre o tráfico de fauna silvestre. Brasília: Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais. Brasília, DF: RENCTAS, 2001.
RODRIGUES, A.S. Metodología de la investigación etnozoológica. In: COSTA-NETO, E.M., SANTOS-FITA, D.; VARGAS-CLAVIJO, M. (Org.). Manual de Etnozoología: Uma guia teórico-práctica para investigar La interconexíon del ser humano com los animales. Valencia: Tundra, 2009. p. 253-252.
SAIKI, P. T. O.; GUIDO, L. F. E.; CUNHA, A. M. O. Etnoecologia, etnotaxonomia e valoração cultural de Psittacidae em distritos rurais do Triângulo Mineiro, Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 17, n. 1, p. 41-52, 2009.
SANTOS, I. B.; COSTA-NETO, E. M. Estudo etnoornitológico em uma região do Semi-árido do Estado da Bahia, Brasil. Sitientibus Série Ciências Biológicas, v. 7, n. 3, p. 273-288, 2007.
SANTOS-FITA, D. 2008. Cobra é inseto que ofende: classificação etnobiológica, questões sanitárias e conservação na região da Serra da Jibóia, Estado da Bahia, Brasil. 2008. 133 f. Dissertação (Mestrado em Zoologia) - Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2008.
SANTOS-FITA, D.; COSTA NETO, E. M. Sistemas de clasificación etnozoológicos. In: COSTA NETO, E. M.; SANTOS-FITA, D.; VARGAS-CLAVIJO, M. (Org.). Manual de Etnozoología: una guía teórico-práctica para investigar la interconexión del ser humano con los animales. Valencia: Tundra Ediciones, 2009. p. 67-94.
SANTOS-FÍTA, D.; COSTA-NETO, E.M.; SCHIAVETTI, A. Constitution of ethnozoological semantic domains: meaning and inclusiveness of the lexeme “insect” for the inhabitants of the county of Pedra Branca, Bahia State, Brazil. Anais da Acadêmia Brasileira de Ciências, v. 82, n. 2, p. 589-598, 2011.
SICK, H. Ornitologia brasileira: uma introdução. 1. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1986.
SICK, H. 1997. Ornitologia brasileira: uma introdução. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
SIGRIST, T. Guia de Campo Avis Brasilis: avifauna brasileira. São Paulo: Avis Brasilis, 2009.
SILVA, T.R.; COSTA NETO, E.M.; ROCHA, S.S. Etnobiologia do caranguejo de água doce Trichodactylus fluviatilis Latreille, 1828 no povoado de Pedra Branca, Santa Teresinha, Bahia. Gaia Scientia, v. 8, n. 1, p. 51-64, 2014.
SILVEIRA, R. A. Conhecimento Ecológico Tradicional de aves da comunidade Cuiabá Mirim, Pantanal de Mato Grosso. 2010. 153 f. Dissertação - Universidade do Estado de Mato Grosso, Cuiabá, 2010.
SIMÕES, L.L. Guia de Aves da Mata Atlântica Paulista: Serra do Mar e Serra de Paranapiacaba. 1. ed. São Paulo: WWF Brasil, 2010.
TOMASONI, M.A.; DIAS, S. Lágrimas da Serra: os impactos das atividades agropecuárias sobre o geossistema da APA Municipal da Serra da Jiboia, município de Elisio Medrado, Ba. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA, 10. Anais... Rio de Janeiro, Brasil. 2003. p. 15.
VALERIO, F.A. et al. Estudo etnoornitológico na comunidade do Boné, município de Araponga, leste de Minas Gerais, Brasil. Atualidades Ornitológicas, n. 178, p. 18-21, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).