(Re)Pensar a direção cinematográfica
um olhar sobre diretoras negras brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.30620/gz.v11n2.p179Palabras clave:
Direção cinematográfica, Diretoras negras, Cinema brasileiro, Racismo epistêmicoResumen
Este artigo reúne algumas reflexões da tese de doutorado em andamento no campo da sociologia, na qual investigo a prática da direção cinematográfica de mulheres negras brasileiras do contemporâneo, que desafiando as opressões de gênero, raça e classe, estão ocupando esta função-poder. Por meio de seus modos de pensar, fazer e sentir, o cinema nos provoca a repensar a direção, se contrapondo a uma noção de autoria ocidental, mais precisamente a política de autores francesa. À luz do pensamento de Leda Maria Martins (2021), entendendo essa função como local de possibilidade de circularidade, discuto uma perspectiva de direção “responsorial”. Na esteira do conceito de Cinema Negro no Feminino de Edileuza Penha de Souza (2013), considero que ancestralidade, espiritualidade, relações familiares e territorialidades, são categorias determinantes para compreender a condução das lideranças de diretoras negras em seus sets de filmagens e suas relações com seus pares de trabalho. Nesse sentido, realizo um diálogo entre intelectuais negras brasileiras, Beatriz Nascimento e Sueli Carneiro, a fim de discutir a influência e presença da forma africana na sociedade brasileira, bem como o modo como o racismo opera, e seus ecos nas vidas dessas profissionais. A partir dessa bibliografia, analiso os discursos de algumas diretoras, observando como as categorias citadas estão presentes em seus cinemas.
[Recebido em: 30 out. 2023 – Aceito em: 25 nov. 2023]
Descargas
Citas
AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas, SP: Papirus, 2004.
BENTO, Cida. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
BERNARDET, Jean-Claude. O autor no cinema: a política dos autores. França, Brasil anos 50 e 60. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como Não-Ser como fundamento do Ser. 2005. Tese (Doutorado em Educação) Universidade de São Paulo-FEUSP, 2005.
DOMINGUES, Petrônio; GOMES, Flávio. Histórias dos quilombos e memórias dos quilombolas no Brasil: revisitando um diálogo ausente na lei 10.639/03. Revista da ABPN. Goiânia, v.5, n. 11, p. 5-28, jul./out. 2013.
FABRO, Nathalia. Só duas diretoras negras tiveram filmes exibidos em cinemas comerciais. Revista Galileu, 2018. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/09/so-duas-diretoras-negras-tiveram-filmes-exibidos-em-cinemas-comerciais.html. Acesso em: 6 jan. 2024.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Tradução: Ligia Fonseca Ferreira, Regina Salgado Campos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.
FERREIRA, Viviane [Instagram: @aquatuny]. É preciso compartilharmos os processos saudáveis. É preciso falarmos sobre como as políticas da confiança e do afeto juntas qualificam os processos audiovisuais e suas relações... Publicação. 08/12/2023. Disponível em: Instagram. https://www.instagram.com/p/C0nEdYfPTcu/?img_index=1. Acesso em: 6 jan. 2024.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.
MARTINS, Leda Maria. Performance do Tempo Espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.
MINHA ciranda. [Compositor e intérprete]: Lia de Itamaracá. In: Eu sou Lia. Rio de Janeiro: Gravadora Rob Digital, 2002. 1 CD.
NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo: documentos de uma militância Pan-Africanista. São Paulo: Perspectiva, 2019.
NASCIMENTO, Beatriz. Uma história feita por mãos negras: relações raciais, quilombos e movimentos. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.
NASCIMENTO, Beatriz. Beatriz Nascimento quilombola e intelectual: possibilidades nos dias da destruição. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018.
NICÁCIO, Glenda. Vem antes, de antes... In: MARTINS, Renata (ed.). Empoderadas: narrativas incontidas de mulheres negras. São Paulo: Oralituras, Spcine, Mahin Produções, 2021.
OLIVEIRA, Clarissa Cé de. As trajetórias de Adélia Sampaio na história do cinema brasileiro. Monografia (Comunicação Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.
OLIVEIRA, Eduardo David de. Filosofia da ancestralidade como filosofia africana: educação e cultura afro-brasileira. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação, [S. l.], n. 18, p. 28-47, 2012.
PERDIGÃO, Letícia. Ó Pai Ó 2 arrecada quase R$ 1 milhão nos cinemas em meio a boicote. Metrópoles, 27 nov. 2023b. Disponível em: https://www.metropoles.com/entretenimento/o-pai-o-2-arrecada-quase-r-1-milhao-nos-cinemas-em-meio-a-boicote. Acesso em: 6 jan. 2024.
SANTANA, Tiganá. Abrir-se à hora: reflexões sobre as poéticas de um tempo-sol (Ntangu). Revista Espaço Acadêmico, v. 225, p. 1-13, 2020.
SILVA, Tatiana Dias. Ação afirmativa e população negra na educação superior: acesso e perfil discente. Texto para Discussão, n. 2569. Brasília, DF/Rio de Janeiro: IPEA, 2020. 47 p.
SOUZA, Edileuza Penha de. Diretoras negras: construindo um cinema de identidades e afeto. In: ALMEIDA, Paulo Ricardo Gonçalves de; FREITAS, Kênia. (Orgs.). Diretoras Negras do Cinema Brasileiro. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: Caixa Econômica Federal, 2017. p. 11-17.
VIEIRA, Luciana Oliveira. Autorrepresentação de cineastas negras no curta-metragem nacional contemporâneo. Dissertação (Mestrado em Cinema e Narrativas Sociais), Universidade Federal de Sergipe (UFS). São Cristóvão, 2018.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Grau Zero – Revista de Crítica Cultural
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-CompartirIgual 4.0.
Autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte termo de compromisso:
Assumindo a criação original do texto proposto, declaro conceder à Grau Zero o direito de primeira publicação, licenciando-o sob a Creative Commons Attribution License, e permitindo sua reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares. Em contrapartida, disponho de autorização da revista para assumir contratos adicionais para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada, bem como permissão para publicar e distribuí-lo em repositórios ou páginas pessoais após o processo editorial, aumentando, com isso, seu impacto e citação.