Cajá dos Negros

um filme sobre demanda

Autores

  • Fernando Santos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
  • Israel Oliveira Universidade Federal de Alagoas - UFAL

DOI:

https://doi.org/10.30620/gz.v11n2.p245

Palavras-chave:

Cinema quilombola, Memória, Território, Oralitura, Mindscapes

Resumo

Este artigo trata-se de uma revisitação ao exercício e à produção do curta Cajá dos Negros, um filme que condensa as narrativas a respeito do território material e imaterial da Comunidade quilombola de Cajá dos Negros. É um filme que toca em assuntos sensíveis que emergem das memórias dos narradores presentes na produção, envolvendo tempo e sentimentos, por meio de fios que conectam as pessoas, que são esses o território, memória e a família. O objetivo deste artigo é fomentar problematizações sobre a produção de filmes sobre quilombolas, e por meio do exemplo empírico de nossa experiência, realizamos um retorno ao fazer do curta Cajá dos Negros em seu contexto e produção. Buscando alinhar reflexões teóricas do campo da antropologia e do cinema, revisitando algumas obras atuais e antigas, para pensar a montagem e o conceito de griotagem. Para isso, citamos as seguintes produções: Touki Bouki: A Viagem da Hiena, Deus e o Diabo na Terra do Sol, Acossado e MWANY. Pensando a ideia de griot evocada pelo Mambety em seu filme Touki Bouki e colocando-a na atualidade, querendo dizer que os cineastas negros são os novos griots, e utilizando de conceitos como mindscapes e oralituras os novos griots criam imagens e sons para narrar suas histórias e passar ensinamentos ancestrais.

[Recebido em: 27 ago. 2023 – Aceito em: 12 nov. 2023]

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Biografia do Autor

Fernando Santos, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB

Nascido em Maceió e radicado em União dos Palmares, atua com cultura desde 2003 em União dos Palmares, é um artista negro (MC, VJ, beatmaker, etc.). Suas produções são focadas na memória do povo negro e suas manifestações culturais. Ele já participou de vários trabalhos no audiovisual brasileiro, destacando o Festival Aqualtune de Cinema e Afrofuturismo realizado em Maceió e União dos Palmares, o qual foi contratado para fazer a cobertura de vídeo. Também participou da organização da mostra Ecofalante na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), ficando responsável pelas sessões que aconteceram no auditório do Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL). Foi premiado com o prêmio Elinaldo Barros no edital da Aldir Blanc (2021) com um curta-metragem autobiográfico chamado Habito, do qual é diretor, roteirista e diretor-executivo. O filme está em fase de finalização para ser distribuído com parceria do SEBRAE Alagoas, Selva Independente (produtora do filme Trincheira), La Ursa cinematográfica (produtora do filme Cavalo) e Eu Mesmo Filmes (realizadora). Também faz parte do grupo de pesquisa SONatório Laboratório de Pesquisa, Prática e Experimentação Sonora, orientado pela Drª Marina Mapurunga de Miranda Ferreira, sendo a técnica de som e diretora de som do filme Café com Canela.

Israel Oliveira, Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Nasceu em 14 de fevereiro de 1999, na cidade de Batalha/AL. Oriundo da comunidade quilombola de Cadá dos Negros, localizada na zona rural do mesmo município. É graduado em Ciências Sociais Bacharel, pela Universidade Federal de Alagoas, onde durante o período de 2018 até o fim do ano de 2022, Israel desenvolveu um profundo interesse pessoal e acadêmico pelas questões étnicas, especialmente relacionadas à sua própria comunidade quilombola. Atualmente, está cursando o Mestrado em Antropologia Social na mesma instituição, com foco na temática da etnicidade e da mediação política, no cenário das lideranças quilombolas em Alagoas. Paralelamente aos estudos, Israel busca ser um ativo militante no movimento quilombola em Alagoas, buscando integrar a prática da antropologia engajada como parte essencial de seu processo acadêmico e de sua contribuição para a causa quilombola.

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Filmografia

ACOSSADO. Direção: Jean-Luc Godard. Produção de Les Films Georges de Beauregard. França: SNC (Société Nouvelle de Cinématographie), Impéria Zeta Filmes (Brasil), 1960. 1 DVD.

DEUS e o Diabo na Terra do Sol. Direção: Glauber Rocha. Produção de Jarbas Barbosa, Luiz Augusto Mendes e Glauber Rocha. França: Entertainment One Films, 1964. 1 DVD.

MWANY. Direção: Nivaldo Vasconcelos. Produção de Nivaldo Vasconcelos e Sónia André. Brasil: FILMES ATROÁ e TELA TUDO CLUBE DE CINEMA, 1960. Digital.

TOUKI Bouki. Direção: Djibril Diop Mambéty. Produção de Cinegrit Studio e Kankourama. Senegal: World Cinema Foundation, 1973. 1 DVD.

Publicado

2024-05-04

Como Citar

SANTOS, F.; OLIVEIRA, I. Cajá dos Negros: um filme sobre demanda. Grau Zero – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Fábrica de Letras - UNEB, v. 11, n. 2, p. 245–260, 2024. DOI: 10.30620/gz.v11n2.p245. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/v11n2p245. Acesso em: 30 jun. 2024.