PIERRE BOURDIEU: DA “ILUSÃO” À “CONVERSÃO” AUTOBIOGRÁFICA

Autores

  • Maria Conceição Passegg Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN.

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2014.v23.n41.p%25p

Palavras-chave:

Pesquisa (auto)biográfica, Pierre Bourdieu, Narrativa, Educação.

Resumo

A ilusão biográfica, título do artigo de Pierre Bourdieu, publicado em 1986, quando as histórias de vida ressurgiam nas Ciências Humanas e Sociais, tornou-se uma expressão
emblemática da tensão entre tendências opostas: a que lança um olhar de suspeição sobre o biográfico e a que defende sua legitimidade em pesquisa. A reedição, em 2013,
do livro de Franco Ferrarotti, Histoire et histoires de vie, que certamente contribuiu para o contra-ataque de Bourdieu, é uma ocasião privilegiada para retomar o pensamento
bourdieusiano sobre o biográfico, entre 1986 e 2001. Nosso objetivo é apresentar considerações iniciais resultantes de pesquisas sobre a epistemologia da pesquisa (auto)
biográfica, na qual se inserem três trabalhos de Bourdieu: A ilusão biográfica(1986 e 1998), por sua “crítica” às histórias de vida; A Miséria do Mundo(1993 e 2003), por
sua “adesão” ao método biográfico, e Esboço de auto-análise(2004 e 2005), por sua “conversão” ao autobiográfico. Após considerações sobre as perspectivas de Bourdieu,
Ferrarotti e o movimento das histórias de vida em formação, que surge também nos anos 1980, pontuaremos a inflexão (im)provável do pensamento de Bourdieu com o objetivo de tematizar suas contribuições para pesquisa (auto)biográfica e ultrapassar o marco de A ilusão biográfica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Conceição Passegg, Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN.

Pós-doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e pela Université de Paris 13. Pós-Doutora em Fundamentos da Educação pela Université de Nantes. Doutora em Linguística pela Université Paul Valéry (Montpellier 3, França). Pesquisadora do CNPq. Professora Titular do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Orientadora de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Grupo de Pesquisa: Líder do GRIFAR/PPGEd/UFRN/CNPq.

Referências

ALMEIDA, Bruna Gisi Martins de. Os limites da auto-análise. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 26, p. 125-129, jun. 2006.

ASTIER, Isabelle; DUVOUX, Nicolas (Dir.). La Société biographique: une injonction à vivre dignement. Paris: L’Harmattan, 2006.

BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos: entrevista de Benedetto Vecchi. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

______. Modernidade líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BERTAUX, Daniel. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. Tradução de Zuleide Alves Cardoso Cavalcante e Denise Maria Gurgel Lavallée. Natal: EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2010.

BOURDIEU, Pierre. Cosas Dichas. Barcelona: Gedisa Editorial, 2007.

______. Esboço de auto-análise. Tradução Sergio Miceli. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

______. Esquisse pour une auto-analyse. Paris: Raisons d’agir, 2004.

______. (Coord.). A Miséria do mundo. Tradução Mateus S. Soares Azevedo. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

______. Science de la science et réflexivité. Paris: Raisons d’agir, 2001.

______. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de Morais; AMADO, Janaina. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 1998. p. 183-191.

______. La misère de monde. Paris: Seuil, 1993.

______. L’illusion biographique. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, v. 62/63, p. 69-72, juin 1986.

______. Esquisse pour une théorie de la pratique. Paris: Seuil, 1972.

BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos. Por um interacionismo sócio-discursivo. Tradução de Anna Raquel Machado e Péricles Cunha. São Paulo: EDUC, 1999.

BRUNER, Jerome. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

______. Pourquoi nous racontons-nous des histoires? Le récit au fondement de la culture et de l’identité individuelle. Paris: RETZ, 2002.

CATANI, Afrânio Mendes. Pierre Bourdieu e seu esboço de auto-análise. In: EccoS – Revista Científica, São Paulo, v. 10, n. Especial, p. 45-65, 2008.

DE VINCENTI, Antonella; PINEAU, Gaston. Les histoires de vie dans l’œvre et la vie de Franco Ferrarotti: “J’adore renaître”. In: FERRAROTTI, Franco. Histoire et histoires de vie. Trad. Marianne Modak. Paris: Téraèdre, 2013. p. 13-24.

DELORY-MOMBERGER, Christine. Biografia e educação. Figuras do indivíduo-projeto. Trad. Maria da Conceição Passeggi, João Gomes da Silva Neto e Luis Passeggi. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: PAULUS, 2008.

DOMINICÉ, Pierre. Biografização e mundialização: dois desafios contraditórios e complementares. In: PASSEGGI, M. C; SOUZA, E. C. (Org.) (Auto)Biografia: formação, territórios e saberes. Natal: EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2008. p. 25-46.

DOSSE, François. O desafio biográfico: escrever uma vida. São Paulo: Edusp, 2009.

FERRAROTTI, Franco. Histoire et histoires de vie. Trad. Marianne Modak. Paris: Téraèdre, 2013.

______. Sobre a autonomia do método biográfico. In: NÓVOA, Antônio; FINGER, Matias (Orgs.). O método (auto)biográfico e a formação. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: PAULUS, 2010. p. 31-57.

______. Histoire et histoires de vie: la méthode biographique en sciences sociales. Trad. Marianne Modak. Paris: Méridiens Klincksieck, 1983.

______. Storia e storie di vita. Bari: Laterza, 1981.

GATTI, Bernadete; ANDRÉ, Marli. A relevância dos métodos de pesquisa qualitativa em Educação no Brasil. In: WELLER, Wivian; PFAFF, Nicole (Org.). Metodologias da pesquisa qualitativa em educação: teoria e prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. p. 29-38.

JOVCHELOVITCH, Sandra; BAUER, Martin W. Entrevista narrativa. In. BAUER, Martin W; GASKEL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução de Pedrinho A. Guareschi. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

LARROSA, Jorge. Tecnologias do eu e educação. In: SILVA, T. T. (Org.). O sujeito da educação. Estudos foucaultianos. Petropólis, RJ: Vozes, 2002. p. 35-86.

LASH, Scott. A reflexividade e seus duplos: estrutura, estética e comunidade. In: GIDDENS, Anthony; BECK, Ulrich; LASH, Scott. Modernização reflexiva. Política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Editora Unesp, 1997.

MICELI, Sergio. A emoção raciocinada. In: BOURDIEU, Pierre. Esboço de auto-análise. Tradução Sergio Miceli. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 7-20.

MONTAGNER, Miguel Ângelo. Biografia coletiva, engajamento e memória: A miséria do mundo. Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, v. 21, n. 2, p. 259-282, 2009.

NÓVOA, Antônio; FINGER, Matias (Org.). O método (auto) biográfico e a formação. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo: PAULUS, 2010.

______; ______. Lisboa: MS/DRHS/CFAP, 1988.

PASSEGGI, Maria da Conceição. Narrar é humano! Autobiografar é um processo civilizatório. In: PASSEGGI, M. C.; SILVA, V. B. (Org.). Invenções de vidas, compreensão de itinerários e alternativas de formação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p. 103-131.

______. As duas faces do memorial acadêmico. Odisséia, Natal, v. 9, n. 13-14, p. 65-75, 2006.

______. De l´acteur à l´auteur. Les représentations de soi dans la formation continue. Preprints des ACTES du V Congrès International de l´AFIRSE. Pau: Université de Pau, 2002.

______. Memoriais de formação: processos de autoria e de construção identitária. In: CONFERÊNCIA DE PESQUISA SÓCIO-CULTURAL, 3., 2000, Campinas. Anais eletrônicos... Campinas: UNICAMP, 2000. Disponível em: <http://www.fae.unicamp.br/br2000/trabs/1970.doc>. Acesso em : 10 jun. 2012.

PINEAU, Gaston ; MARIE-MICHÈLE. Produire sa vie: autobiographie et autoformation. Paris: Téraèdre, 2012.

PINEAU, Gaston; LE GRAND, Jean-Louis. As histórias de vida. Tradução Carlos Galvão Braga e Maria da Conceição Passeggi. Natal: EDUFRN, 2012.

PULICI, Carolina. A “anti-autobiografia” de Pierre Bourdieu. Estudos de Sociologia, Araraquara, SP, v. 12, n. 22, p. 197-202, 2006.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. In: QUEIROZ, M. I. P. et al. Experimentos com histórias de vida (Itália-Brasil). São Paulo: Vértice, 1988. p. 14-43.

RICOEUR, Paul. Temps et récit 1. Paris: Seuil, 1983.

STEPHANOU, Maria. Jogo de memórias nas esquinas dos tempos: territórios e práticas da pesquisa (auto)biográfica na pós-graduação em Educação no Brasil. In: SOUZA, E. C. de; PASSEGGI, M. C. (Org.). Pesquisa (auto)biográfica: cotidiano, imaginário e memória. São Paulo: PAULUS; Natal: EDUFRN, 2008. p. 19-41.

WACQUANT, Loïq D. O legado sociológico de Pierre Bourdieu: duas dimensões de uma nota pessoal. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 19, p. 95-110, nov. 2002.

Como Citar

PASSEGG, M. C. PIERRE BOURDIEU: DA “ILUSÃO” À “CONVERSÃO” AUTOBIOGRÁFICA. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 23, n. 41, 2014. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2014.v23.n41.p%p. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/838. Acesso em: 21 nov. 2024.