APRENDIZAGEM NA/DA ETNOGRAFIA: REFLEXÕES CONCEITUAL-METODOLÓGICAS A PARTIR DE DOIS CASOS BEM BRASILEIROS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2019.v28.n56.p116-135

Palavras-chave:

Aprendizagem situada, Etnografia, Umbanda, Futebol

Resumo

O artigo aborda as relações entre etnografia e aprendizagem, tema assumido como interface estratégica entre os campos da Educação e da Antropologia. São explorados dois casos – o futebol e as religiões de matriz africana – cujas práticas culturais são difusas e constitutivas da experiência de diferentes segmentos sociais no Brasil, para abordar os processos de aprendizagem nos dois contextos, inclusive das próprias etnógrafas que deles participaram. Assumiu-se a necessária condição situada destes processos, para que fossem apreendidos na riqueza que nos interessava explicitar, ou seja, na forma como essas práticas  acontecem e são (re)produzidas especificamente no Brasil. A partir da proposta de aprendizagem situada desenvolvida por Jean Lave, revelam-se algumas das especificidades da prática da etnografia e dos modos de aprender em cada caso, para refletir e buscar anunciar os novos cenários em que estamos construindo hoje nossas práticas e pesquisas com diferentes coletivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Maria Rabelo Gomes, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Doutora em Educação pela Università di Bologna (Italia). Pos-Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/Museu Nacional/UFRJ). Professora Titular no Departamento de Ciências Aplicadas à Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Eliene Lopes Faria, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunta do Mestrado Profissional da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Renata Silva Bergo, IEAR/UFF

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunta e Coordenadora do Curso de
Pedagogia do Instituto de Educação de Angra dos Reis, da Universidade Federal Fluminense (IEAR/UFF).

Referências

ATKINSON, P. Understanding ethnographic texts. London: Sage Publications, 1992.

BATESON, G. Steps to an ecology of mind. Chicago: University of Chicago Press, 1972.

BERGO, R. S. Quando o santo chama: o terreiro de umbanda como contexto de aprendizagem na prática. 2011. 249 f. Tese (Doutorado de Educação) – Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2011.

CALVINO, I. Palomar. Tradução de Ivo Barbosa. São Paulo: Companhia da Letras, 1994.

CAPUTO, Stela Guedes. Educação em terreiros – e como a escola se relaciona com crianças de candomblé. Rio de Janeiro: Pallas, 2012.

COHN, C. Concepções de infância e infâncias: um estado da arte da antropologia da criança no Brasil. Civitas, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 221-244, 2013.

COSSARD, Gisèle Binon. “A Filha de Santo”. In: MOURA, C. E. M. (org.). Olóòrisà: escritos sobre a religião dos Orixás. São Paulo: Agora, 1981. p. 133-156.

DAMATTA, R. O ofício de etnólogo, ou como ter Anthropological Blues. In: NUNES, E. A Aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 23-35.

DAMATTA, R. A bola corre mais que os homens. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

DAMO, A. S. Do dom à profissionalização: uma etnografia do futebol de espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França. 2005. 435 f. Tese (Doutorado em Antropologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2005.

DRUMMOND, A. F. Participação de crianças e de adolescentes nas tarefas domésticas. 2014. 125 f. Tese (Doutorado em Ciências da Reabilitação) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2014.

FARIA, E. L. A aprendizagem na e da prática social: um estudo etnográfico sobre as práticas de aprendizagem do futebol em um bairro de Belo Horizonte. 2008. 229 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2008.

GOLDMAN, M. Formas do saber e modos do ser: observações sobre multiplicidade e ontologia no Candomblé. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 102-120, 2005.

GOLDMAN, M. Alteridade e experiência: antropologia e teoria etnográfica. Etnográfica, Lisboa, v. 10, n. 1, p. 161-173, maio 2006.

GOMES, A. M. R. Um (possível) campo de pesquisa: aprender a cultura. In: TOSTA, S. P.; ROCHA, G. (org.). Diálogos sem fronteira: história, etnografia e educação em culturas ibero-americanas. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. p. 205-220.

GOMES, A. M. R.; FARIA, E. Etnografia e aprendizagem na prática: explorando caminhos a partir do futebol no Brasil. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. especial, p. 1213-1228, dez. 2015.

GOMES, A. M. R. et al. Learning [the] culture in Brazil among soccer players and traditional groups. In: AAA ANNUAL MEETING, 111., 2012, San Francisco. Annals […]. San Francisco, 2012.

INGOLD, T. The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill. New York: Routledge, 2000.

INGOLD, T. The debated mind: evolutionary psychology versus ethnography. Oxford: Harvey Whitehouse, 2001a.

INGOLD, T. Beyond art and technology: the anthropology of skill. In: SCHIFFER, M. B. Anthropological perspectives on technology. Albuquerque: University of New Mexico Press, 2001b. p. 17-31.

LAVE, J. A comparative approach to educational forms of learning processes. Antropology & Education Quarterly, v. 13, n. 2, p. 181-188, 1982. Special issue.

LAVE, J. Apprenticeship in critical ethnographic practice. Chicago: University of Chicago Press, 2011.

LAVE, J. Learning and everyday life. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.

LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.

OLIVEIRA, A.; ALMIRANTE, K. A. Criança, terreiro e aprendizagem: um olhar sobre a infância no candomblé. Estudos de Religião, v. 31, n. 3, p. 273-297, set./dez. 2017.

RABELO, Miriam Cristina. Aprender a ver no Candomblé. Horizontes Antropológicos, v. 21, n. 44, p. 229-251, 2015.

RABELO, Miriam Cristina; SANTOS, Rita Maria Brito. Notas sobre o aprendizado no Candomblé. Revista FAEEBA, v. 20, n. 35, p. 187-200, 2011.

SAHLINS, M. The western illusion of human nature. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2008.

SILVA, R. C. Circulando com os meninos: infância, participação e aprendizagens de meninos indígenas Xakriabá. 2011. 230 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2011.

SPAGGIARI, E. Família joga bola: constituição de jovens futebolistas na várzea paulistana. 2015. 470 f. Tese (Doutorado em Antropologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2015.

STRATHERN, M.; TOREN, C. The concept of society is theoretically obsolete. In: INGOLD, T. (org.). Key debates in anthropology. London: Routledge, 1996. p. 57-96.

TOREN, Christina. Mind, materiality and history: explorations in Fijian ethnography. London: Routledge, 1999.

VELHO, O. Trabalhos de campo: antinomias e estradas de ferro. Aula inaugural no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UERJ, 2006.

VIVEIROS DE CASTRO, E. O nativo relativo. Mana, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 113-148, 2002.

WACQUANT, Loic. Corpo e alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Tradução Ângela Ramalho. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

Publicado

2019-12-29

Como Citar

GOMES, A. M. R.; FARIA, E. L.; BERGO, R. S. APRENDIZAGEM NA/DA ETNOGRAFIA: REFLEXÕES CONCEITUAL-METODOLÓGICAS A PARTIR DE DOIS CASOS BEM BRASILEIROS. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 28, n. 56, p. 116–135, 2019. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2019.v28.n56.p116-135. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/7840. Acesso em: 5 nov. 2024.