Ser quilombola: práticas curriculares em educação do campo

Autores

  • Iris Verena Oliveira Universidade do Estado da Bahia- UNEB

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2017.v26.n49.p139-154

Palavras-chave:

Educação Escolar Quilombola, Educação do Campo, Currículo

Resumo

Este artigo apresenta um relato da aproximação com o campo na pesquisa sobre currículo e formação de professores que atuam nas escolas quilombolas em Conceição do Coité e Nordestina, no Território do Sisal, na Bahia. O intuito é problematizar questões relacionadas à educação e relações raciais em práticas curriculares, propondo intersecções entre educação do campo e educação escolar quilombola. Para tanto,buscou-se, por meio de abordagem qualitativa, com o uso de entrevistas e observação participante, alinhavar fios que despontaram em situações distintas, evidenciando fazeres curriculares que rasuram construções identitárias em torno do ser quilombola.O relato chama atenção para o tratamento de questões raciais na educação do campo, ao tempo em que mostra a limitação do debate sobre currículo na educação escolar quilombola, quando o foco se volta apenas para a inclusão de conteúdos.Propõe tratar a diferença pelo viés pós-colonial e pós-estruturalista, considerando as práticas curriculares em oblíquas tramas de poder, nas quais o ser quilombola desliza cotidianamente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Iris Verena Oliveira, Universidade do Estado da Bahia- UNEB

Doutora em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia (PÓS-AFRO/UFBA). Professora do Departamento de Educação - Campus XIV/UNEB/Conceição do Coité (Bahia). Bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado/CAPES-UERJ. Professora do Mestrado Profissional em Educação da Universidade Federal da Bahia (MPED/FACED/UFBA).Membro dos grupos de pesquisa FEL/UNEB/CNPq e FEP/UFBA/CNPq.

Referências

ALVES, Nilda. Et al. Criar currículo no cotidiano. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

ARAÚJO, Sandra R. M; NASCIMENTO, Antônio D. Escola para o trabalho, escola para a vida: o caso da Escola Família Agrícola de Angical – Bahia. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 15, n. 26, p. 97-114, jul./dez. 2006.

ARRUTI, José. M. A emergência dos remanescentes: notas para o diálogo entre indígenas e quilombolas. Mana, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 7-38, out. 1997.

______. Mocambo. Antropologia e História do processo de formação quilombola. Bauru, SP: Edusc, 2006.

BARROS, Zelinda dos S. Implicações da formação a distância para o ensino de história e cultura afro-brasileiras. 2013. 230 f. Tese (Doutorado em Estudos Étnicos e Africanos) – Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, que “Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”. Brasília, DF, 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm>. Acesso em: 15 dez. 2016.

CARVALHO, Maria Inez. O a-con-te-cer de uma formação. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 1, n. 1, p. 159-168, 1992.

DERRIDA, Jacques; ROUDINESCO, Elisabeth. De que é amanhã: diálogo. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

DERRIDA, Jacques. Margens da Filosofia. Campinas, SP: Papirus, 1991.

DUSCHATZKY, Silvia; SKLIAR, Carlos. O nome dos outros. Narrando a alteridade na cultura e na educação. In: LARROSA BONDIÁ, Jorge; SKLIAR, Carlos. Habitantes de Babel: poéticas e políticas da diferença. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. p. 119-138.

FERNANDES, Mille C. Mbaétaraca: uma experiência de educação de jovens quilombolas no município de Nilo Peçanha/BA. 2013. 220 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2013.

FERRAÇO, Carlos E; NUNES, Kezia R. Currículos, culturas e cotidianos escolares: afirmando a complexidade e a diferença nas redes de conhecimentos dos sujeitos praticantes. In: FERRAÇO, Carlos E; CARVALHO, Janete M. (Org.). Currículos, pesquisas, conhecimentos e produção de subjetividades. Petrópolis, RJ: DP&A, 2013. p. 71-104.

FERREIRA, Antonio. O currículo em escolas quilombolas do Paraná: a possibilidade de um modo de ser, ver e dialogar com o mundo. 2014. 158 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.

FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES. Portaria nº 98, de 26 de novembro de 2007. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/sites/000/2/download/portaria98.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2016.

GILROY, Paul. O Atlântico negro. Modernidade e dupla consciência. São Paulo: 34, 2001.

GORDIANO, Maiara A. Família, sociedade e economia em Conceição do Coité: um estudo a partir dos inventários post mortem 1872-1899. 2011. Monografia (Licenciatura em História) – Universidade do Estado da Bahia, Conceição do Coité, BA, 2011.

HALL, Stuart. Da diáspora. Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2003.

LACLAU, Ernesto. Emancipação e diferença. Rio de Janeiro: UERJ, 2011.

LARCHERT, Jeanes M. Resistência e seus processos educativos na comunidade negra rural quilombola do Fojo-BA. 2014. 220 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2014.

LARROSA BONDIÁ, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 20-28, jan./abr. 2002.

LIMA, Maria N. M de. Relações étnico-raciais na escola: o papel das linguagens. Salvador: EDUNEB, 2015.

MACEDO, Elizabeth. Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 32, p. 285-297, 2006.

______. Currículo e hibridismo: para politizar o conceito de cultura. Educação em Foco, Juiz de Fora, v. 8, n. 1-2, p. 13-30, 2004.

______. Equity and difference in centralized policy. Journal of Curriculum Studies, v. 45, n. 1, p. 28-38, Feb. 2013.

MACEDO, Elizabeth; PEREIRA, Maria Z. Currículo e diferença no contexto global. In: PEREIRA, Maria Zuleide; CARVALHO, Maria Eulina P.; PORTO, Rita de C. C. Globalização, interculturalidade e currículo na cena escolar. Campinas, SP: Alínea, 2009. p. 109-125.

MESSEDER, Marcos L. L. Dinâmica cultural e construção identitária: reflexões em torno de uma etnografia contemporânea. A Cor das Letras, Feira de Santana, BA, n. 14, p. 69-93, 2013.

MORAES, Alexandre de (Org.). Constituição da República Federativa do Brasil. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

NASCIMENTO, Abdias. Quilombismo. 2. ed. Brasília, DF: Fundação Cultural Palmares, 2002.

PONTES, Cassandra M. da Silveira. Precipitação curricular responsável: entre a estratégia e o limite singular da identidade negra. 2015. 175 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

RANGEL, Mary; CARMO, Rosângela Branca do. Da educação rural à educação do campo: revisão crítica. Revista da FAEEBA, – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 20, n. 36, p. 205-214, jul./dez. 2011.

REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

RIOS, Iara Nancy Araújo. Nossa Senhora da Conceição do Coité: poder e política no século XIX. 2003. 155 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2003.

SANTANA, Carlos E. Pelejando e arrudiando. Processos educativos na afirmação de uma identidade negra em território quilombola: Baixa da Linha. 2015. 268 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2015.

SILVA, Givânia M. da. Educação como processo de luta política: a experiência de “educação diferenciada” do Território Quilombola de Conceição das Crioulas. 2012. 199 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2012.

SILVA, Maria do S.; CARVALHO, Inaiá M. de (Org.). A educação contextualizada no semiárido baiano: a contribuição do projeto CAT para as políticas de educação e a escola do campo. Feira de Santana, BA: MOC/Curviana, 2015.

SKLIAR, C. A educação que se pergunta pelos outros: e se o outro não estivesse aqui? In: LOPES, A.; MACEDO, E. (Org.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez, 2010. p. 196-215.

SOUZA, Edimária L. O. Martinha: a história de uma ex-escravizada no sertão de Coité (1870-1933). 2016. 127 f. Dissertação (Mestrado em História Regional e Local) – Programa de Pós-graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia, Santo Antônio de Jesus, BA, 2016.

SOUZA, Maria de Lourdes A. de. Por que precisamos de um currículo contextualizado? In: DUARTE, Ana Paula; CARNEIRO, Vera M. O. (Org.). Contribuições para construção de um currículo contextualizado para o semiárido. Feira de Santana, BA: MOC/Curviana, 2013. p. 15-31.

Publicado

2017-10-31

Como Citar

OLIVEIRA, I. V. Ser quilombola: práticas curriculares em educação do campo. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 26, n. 49, p. 139–154, 2017. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2017.v26.n49.p139-154. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/4026. Acesso em: 16 nov. 2024.