Internacionalização dos Currículos na Educação Básica
repercussões nas reformas em curso no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2024.v33.n73.p187-203Palavras-chave:
Internacionalização, Currículo, Ensino Médio, ReformaResumo
O principal objetivo no trabalho, é discutir repercussões dos discursos formulados por organizações, redes e agências internacionais que se colocam em defesa da internacionalização da educação e dos currículos, na produção de políticas curriculares no Brasil em geral, e particularmente nas reformas curriculares que envolvem o Ensino Médio. Com esse propósito, são destacados elementos conceituais e ideários da internacionalização, colocados, em geral, como motivação para reformas. Na sequência, mostra-se como, no transito global-local, operam os sistemas de difusão dos discursos/textos em defesa da internacionalização. Finalmente, como demonstração desse alinhamento, destacam-se marcações contidas nos textos de reformas que envolvem o Ensino Médio no Brasil. Conclusivamente, afirma-se que a internacionalização como um conceito/fetiche segue seduzindo formuladores de políticas e que, já tendo conquistado territórios da Educação Superior, se lança pra ocupar também os da Educação Básica.
Downloads
Referências
AGUIAR, Andrea Moura de Souza. Estratégias educativas de internacionalização: uma revisão da literatura sociológica. São Paulo, Educação e Pesquisa, v. 35, n. 1, p. 067-079, jan./abr. 2009.
AGUIAR, Andrea Moura de Souza. O recurso às escolas Internacionais como Estratégia educativa de famílias socialmente favorecidas. 2007. Tese (Doutoramento em Educação) - Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte, 2007.
AKKARI, A. Internacionalização das políticas educacionais: transformações e desafios. Petrópolis: Vozes, 2011.
ALTBACH, P. G. Why higher education is not a global commodity. The Chronicle of Higher Education. USA, v. 47, may, 2001.
ARCHANJO, Renata. Saberes sem Fronteiras: Políticas para as migrações Pós-modernas. Revista DELTA, 2016.
BALL S. J.; BOWE, R. Reforming education & changing schools: case studies in policy sociology. London: Routledge, 1992.
BALL, S. J. Educação Global S. As novas redes de políticas e o imaginário neoliberal. Tradução de Janete Bridon. Ponta Grossa, Brasil: UEPG, 2014.
BALL, Stephen J. Educational reform: a critical and post-structural approach. Buckingham: Open University Press, 1994.
BALL, Stephen. Diretrizes Políticas Globais e Relações Políticas Locais em Educação. Currículo sem Fronteiras, v.1, n.2, pp.99-116, Jul/Dez 2001
BEECH, J. Quem está passeando pelo jardim Global? Agências educacionais e transferência educacional. In: COWEN, R; KAZAMIAS, A. M. e ULTERHALTER, E. (Org). Educação comparada: panorama internacional e perspectivas. Brasília: UNESCO/ CAPES, p. 413-433, 2012.
BEECHLER, S.; JAVIDAN, M. Leading with a global mindset: The Global Mindset. Advances in International Management, v. 19, p.131–169, 2007.
BEELEN J. e JONES E. Redefining internationalization at home. In: The European Higher Education Area: Between Critical Reflections and Future Policies. Springer Opeen Cham: Springer, 2015.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília. Ministério da Educação. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em 07, set.2023.
BRASIL. Lei 13.415 de 16 de fevereiro de 2017. Presidência da República – Secretaria Geral. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em 07 set.2023.
BRASIL. Medida Provisória 746 de 22 de Setembro de 2026. Presidência da República – Secretaria Geral. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/mpv/mpv746.htm. Acesso em 07 set.2023.
BRITO, R. O. (Org). Internacionalização da educação básica e superior: desafios, perspectivas, experiências. Brasília: Cátedra UNESCO de Juventude, Educação e Sociedade; Universidade Católica de Brasília, 2020.
CLEMENTE, Fabiane Aparecida Santos e MOROSINI, Marília Costa. Competências interculturais: interlocuções conceituais e uma proposta de releitura para a educação superior. Educ. Pesquisa, São Paulo, v. 46, 2020.
CONSELHO DA EUROPA. Quadro de referência das competências para a cultura democrática. v.1, 2018. Disponível em: https://rm.coe.int/rfcdc-por-volume-1/1680a34ab8. Acesso em 07 set.2023.
CORRÊA. Adriana. A construção do currículo nacional no Brasil: das tendências políticas às percepções dos atores sobre o contexto de produção. Universidade do Minho, Portugal, (Tese de Doutoramento em Educação), 2019.
CORTESÃO, L. E STOER, S. R. Cartografando a transnacionalização no campo educativo: o caso português. In: SANTOS, B. S. Globalização, fatalidade ou utopia? Porto: Edições afrontamento, 2001.
DALE, Roger. A globalização e o desenho do terreno curricular. Espaço do Currículo. v.1, n.1, pp.12-33, Março-Setembro/2008.
DALE, Roger. A sociologia da educação e o estado após a globalização. Campinas, Educação e Sociedade, v. 31, n. 113, p. 1099-1120, out./dez. 2010.
DALE, Roger. Globalização e educação: demonstrando a existência de uma “Cultura Educacional Mundial Comum” ou localizando uma Agenda Globalmente Estruturada para a Educação? Educação e Sociedade, Campinas, vol. 25, n. 87, p. 423-460, maio/ago. 2004
DE WIT, H. Internationalization of Higher Education: Nine Misconceptions. International Higher Education, n. 64, Summer, 2011.
DE WIT, H. Reconsidering the Concept of Internationalization. In: International Higher Education. Boston. December, 2013.
FREITAS, L. C. Os reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. Educação & Sociedade, v. 33, n. 119, p.325-672, abr./jun. 2012.
FREITAS, Luiz Carlos de. A Reforma Empresarial da Educação, nova direita, velhas ideias. Expressão Popular, 2018.
GARCIA, R.L.; MOREIRA, A. F.B. Currículo na contemporaneidade: incertezas e desafios. São Paulo: Cortez, 2006.
HATSEK, David Jorge Rodrigues; WOICOLESCO, Vanessa Gabrielle e ROSSO, Gabriela Paim. Internacionalização na educação básica: um estado do conhecimento. Revista Eventos Pedagógicos, Sinop, v. 14, n.1, jan./maio, 2023.
HAYDEN M. e THOMPSON J. International Schools: Growth and Influence. Paris: UNESCO, 2008.
KNIGHT, J. Internationalization remodeled: definition, approaches and rationales. Journal of Studies in International Education, v. 8, n. 1, p. 5 - 31, 2004.
KNIGHT, J. Student mobility and internationalization: trends and tribulations. Research in Comparative & International Education, v. 7. n. 1. 2012.
KNIGHT, J. The Internationalization of Higher Education: complexities and realities. In: TERREFA, Damtew; KNIGHT, Jane. Higher education in Africa: the international dimension. Massachussetts, USA: Boston College, 2008.
LEASK, B. Internationalizing the curriculum. New York: Routledge, 2015.
LEASK, B. Using formal and informal curricula to improve interactions between home and international students. Journal of Studies in International Education, v. 13, n. 2, 205-221, 2009.
LIBÂNEO, José Carlos. Políticas educacionais no Brasil: desfiguramento da escola e do conhecimento escolar. Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 159, p. 38-62, jan./mar. 2016.
LIMA, M. C.; MARANHÃO, C. M. S.de A. O sistema de educação superior mundial: entre a internacionalização ativa e passiva. Avaliação, Campinas, v. 14, n.3, p. 583-610, 2009.
LUNA, J. M. F. Internacionalização do currículo: Educação, interculturalidade e cidadania global. Campinas: Pontes Editores, 2016.
MEYER, J.W.; BOLI, J.; THOMAS, G.M.; RAMIREZ, F.O. World society and the nation-State. American Journal of Sociology, 103, 1, p. 144-181, 1997. MEYER, J.W.; KAMENS, D.H.; BENAVOT, A. (Org.). School knowledge for the masses: world models curricular categories in the twentieth century. Londres: Falmer, 1992.
MEYER, J.W.; KAMENS, D.H. Conclusion: accounting for a world curriculum. In: MEYER, J.W.; KAMENS, D.H.; BENAVOT, A. (Org.). School knowledge for the masses: world models curricular categories in the twentieth century. Londres: Falmer, 1992.
MOREIRA, A. F. Currículo e internacionalização. Palestra no 4º Colóquio Luso Brasileiro de Educação, Braga, Paredes de Coura, Portugal. Jan.2018.
MOROSINI, M. C. Estado do conhecimento sobre internacionalização da educação superior: conceitos e práticas. Educar, n. 28, pp. 107-124, 2006.
MOROSINI, M. C. Internacionalização da educação superior: perspectivas atuais. Revista Eventos Pedagógicos, 5(3), 170 -179, 2014.
MOROSINI, M. C. Internacionalização do currículo: produção em organismos multilaterais. Roteiro, v. 43, n. 1, p. 115–132, 2018. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/13090. Acesso em: 7 set. 2023.
MOROSINI, M. C. Internacionalização na produção de conhecimento em IES brasileiras: cooperação internacional tradicional e cooperação internacional horizontal. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.27, n.01, p.93-112, abr. 2011.
NOGUEIRA, M. A. Viagens de estudo ao exterior: As experiências de filhos de empresários. In: A. M. F. Almeida et al. (Orgs). Circulação internacional e formação intelectual das elites brasileiras. Campinas: Unicamp, 2014.
OCDE. Internationalizing the curriculum in higher education. Paris: OCDE, 1996.
PACHECO, J. A. Currículo: entre teorias e métodos. Cadernos de Pesquisa, 39(137), 383-400. 2009. Consultado em 20 jan. 2023. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v39n137/v39n137a04.pdf. Acesso em 07 set.2023.
PECK, Jamie e THEODORE Nik. Fast Policy Experimental Statecraft at the Thresholds of Neoliberalism. Univ of Minnesota Press, 2015.
REPRESAS, N. F. Elementos de la Unión Europea, la OCDE y la UNESCO: análisis de carácter supranacional. Journal of supranational policies of education, n.3, p. 283-306, 2015.
RIZVI, F. Internationalization of curriculum: a critical perspective. In: HAYDEN, M; LEVY, J; THOMPSON, J. (eds.). The Sage handbook of international education. London: Sage, 2007.
SANTA CATARINA. Currículo Base do Território Catarinense – Ensino Médio. Conselho Estadual de Educação. Disponível em: https://www.cee.sc.gov.br/index.php/downloads/documentos-diversos/curriculo-base-do-territorio-catarinense. Acesso em 07 set.2023.
SANTA CATARINA. Resolução, de 4-11-2020, Conselho Estadual de Educação, 2020. Disponível em: https://www.cee.sc.gov.br/index.php/legislacao. Acesso em 07 set.2023.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Base do Território Catarinense. CEE, 2019. Disponível em: http://www.cee.sc.gov.br/index.php/curriculo-base-do-territorio-catarinense. Acesso em 07 set.2023.
SANTOS, Boaventura de Souza. A gramática do tempo: por uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.
SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, 2004.
SANTOS, Boaventura de Souza. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 48, jun, p.11-32, 1997.
SANTOS, M. O processo de internacionalização no ensino técnico de nível médio: o estudo de caso do Centro Paula Souza e do Senai-SP (Dissertação de Mestrado em Administração). Salvador: UFBA, 2015.
SENA, A. K. C.; ALBINO, A. C. A.; RODRIGUES, A. C. da S. Redes políticas que influenciaram a elaboração da BNCC para o ensino médio: naturalização da filantropia e mercantilização do ensino público. Revista Espaço do Currículo, v. 14, n. 1, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/57809. Acesso em: 7 set. 2023.
SEVILHA, Gustavo Brechese. A internacionalização do ensino básico, suas motivações. 2014. Dissertação (Ciência Política) Universidade de São Paulo: Departamento de Ciência Política, 2014.
SOUZA, Marcel Garcia de. O Processo de Internacionalização Promovido pela Capes na Formação de Professores da Educação Básica. 2016. Dissertação (Mestrado em educação no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde), URGS: 2016.
STEINER-KHAMSI, G. Knowledge-Based Regulation and the Politics of International Comparison. Nordisk Pedagogik, v.29, p. 61–71, 2009.
TEICHLER, U. The changing debate on internationalization of higher education. Higher Education, n.48, p 5-46, 2004.
TEODORO, A. Organizações internacionais e políticas educativas nacionais: A emergência de novas formas de regulação transnacional, ou uma globalização de baixa intensidade. In: STOER, S. R., CORTESÃO, L. e CORREIA, J. A. (org). Transnacionalização da educação: da crise da educação à “educação da crise”. Porto: Edições afrontamento, 2001.
THIESEN, J. S. “Políticas curriculares, Educação Básica brasileira, internacionalização: aproximações e convergências discursivas”. Educação e Pesquisa, vol. 45, 2019.
THIESEN, J. S. Currículo e internacionalização na educação básica. São Paulo: Pimenta Cultural, 2021.
THIESEN, J. S. Internacionalização dos currículos na educação básica: concepções e contextos. Revista e-Curriculum, v. 15, n. 4, p. 991-1017, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/766/76654187006.pdf. Acesso em: 26 nov. 2022.
THIESEN, J. S. Quem girou as chaves da internacionalização dos currículos na educação básica? Educação em Revista, v. 34, e194166, p. 1-20, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/RQYkMyR9SQRrRvptQtGsyLF/?lang=pt. Acesso em 03 set. 2023.
UNESCO. Competencias interculturales: Marco conceptual y operativo, 2017. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000251592. Acesso em 07 set.2023.
UNESCO. Educação para a cidadania global: preparando alunos para os desafios do século XXI. Brasília: Unesco, 2015.
UNESCO. Educação para a cidadania global: tópicos e objetivos de aprendizagem. Brasília: Unesco, 2016.
UNESCO. Informe Mundial de la UNESCO. Invertir en la diversidad cultural y el diálogo intercultural. 2009. Disponível em https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000184755_spa
VENCESLAU, Igor. Fast Policy. GeoUSP, dec. 2022. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/109781. Acesso em 07 set.2023.
YEMINI, M. Internationalization and global citizenship: Policy and practice ineducation. Israel: Springer Nature, 2017.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Juares Thiesen
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O encaminhamento dos textos para a revista implica a autorização para a publicação.
A aceitação para a publicação implica na cessão de direitos de primeira publicação para a revista.
Os direitos autorais permanecem com os autores.
Após a primeira publicação, os autores têm autorização para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: repositório institucional ou capítulo de livro), desde que citada a fonte completa.
Os autores dos textos assumem que são autores de todo o conteúdo fornecido na submissão e que possuem autorização para uso de conteúdo protegido por direitos autorais reproduzido em sua submissão.
Atualizado em 15/07/2017