“Crise da masculinidade”

retóricas da ofensiva antigênero e o antifeminismo de Estado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2023.v32.n72.p97-115

Palavras-chave:

Estudos de Gênero, Crise da Masculinidade, Ofensiva Antigênero, Antifeminismo de Estado

Resumo

Análise do discurso da “crise da masculinidade” e as maneiras como ele tem se sustentado por explicações amparadas em argumentos como a “feminização da sociedade” e a escassez de sólidos modelos masculinos. As questões centrais do trabalho partem dos referenciais teóricos dos estudos de gênero, com destaque para os estudos sobre masculinidades, e a teorização geral do feminismo. Para tanto, faz uso de conceitos como gênero, masculinidades, feminismos e antifeminismo de Estado. O principal objetivo foi buscar compreender o fenômeno da retórica da ofensiva antigênero no cenário político brasileiro atual. A estrutura do texto foi construída na forma de uma ênfase teórico-analítica orientada por uma abordagem, tanto intersubjetiva, como macrossociológica, dos fenômenos sociais investigados. O argumento central é o de que é preciso resistir aos (e superar os) agrupamentos conservadoristas responsáveis pelas constantes tentativas de efetivação do antifeminismo de Estado.

Palavras-chave: Estudos de Gênero; Crise da masculinidade; Ofensiva Antigênero; Antifeminismo de Estado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Frederico Assis Cardoso, Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FaE/UFMG)

Bacharel Licenciado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), licenciado em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FaE/UFMG), mestre e doutor em Educação (FaE/UFMG). Docente lotado no Departamento de Ciências Aplicadas à Educação (DECAE/FaE/UFMG), no setor de Sociologia da Educação e professor efetivo do Programa de Pós-Graduação: Mestrado Profissional em Educação e Docência (Promestre/FaE/UFMG). Membro efetivo do grupo de estudos e de pesquisas Observatório Sociológico Família-Escola (OSFE/FaE/UFMG) e do Institut de Recherches et d'Études Féministes de l'Université du Québec à Montréal (IREF/UQÀM).

Marina Alves Amorim, Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho/Fundação João Pinheiro (EG/FJP-MG)

Bacharela em História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FaFiCH/UFMG), mestra em Educação pela Faculdade de Educação (FaE/UFMG), doutora em História (FaFiCH/UFMG) e doutora em Letras pela Université Rennes 2/Université dHaute Bretagne (UHB/Rennes, França). Pesquisadora em Ciência e Tecnologia na Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro (EG/FJP-MG). Coordenadora do grupo de pesquisa Estado, Gênero e Diversidade (EGEDI/FJP-MG).

Juliana Albuquerque Sulz, Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação: Conhecimento e Inclusão Social da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGE/FaE/UFMG)

Licenciada em Pedagogia pelo Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa (DPE/UFV), mestra em Educação e Docência pelo Programa de Pós-Graduação: Mestrado Profissional da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (Promestre/FaE/UFMG), doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação: Conhecimento e Inclusão Social (PPGE/FaE/UFMG). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e membra do grupo de estudos e de pesquisas Observatório Sociológico Família-Escola (OSFE/FaE/UFMG).

Referências

AGUAYO, Francisco; NASCIMENTO, Marcos. Dos décadas de estudios de hombres y masculinidades en América Latina: avances y desafios. Sexualidad, Salud y Sociedad: Revista Latinoamericana (CLAM/IMS/UERJ), Rio de Janeiro, n. 22, p. 207-20, abr. 2016.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. “Quem é froxo não se mete”: violência e masculinidade como elementos constitutivos da imagem do nordestino. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, São Paulo, v. 19, p. 173-88, jul/dez. 1999.

AMORIM, Marina Alves; SALEJ, Ana Paula. O conservadorismo saiu do armário! A luta contra a ideologia de gênero do Movimento Escola Sem Partido. Revista Ártemis, João Pessoa, v. 22, p. 32-42, jul./dez. 2016.

ANDRADE, Xavier; HERRERA, Gioconda (Eds). Masculinidades en Ecuador. Quito: FLACSO/UNFPA, 2001.

BANDEIRA, Lourdes Maria; ALMEIDA, Tânia Mara Campos de. A transversalidade de gênero nas políticas públicas. Revista do CEAM: Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, Brasília, v. 2, n. 1, p. 35-46, jan./jun. 2013.

BARDUNI FILHO, Jairo. Masculinidades: um jogo de aproximações e afastamentos, o caso do jornal estudantil O Bonde. 2017. 215 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: a experiência vivida. Trad. Sérgio Millet. 9. remp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: fatos e mitos. Trad. Sérgio Millet. 11. reimp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

BLAIS, Mélissa; DUPUIS-DÉRI, Francis (Dir). Le mouvement masculiniste au Québec: l'antiféminisme démasqué. Montréal: Les éditions du remue-ménage, 2015.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. v 1. Trad. Carmen Varrile et al. 5. ed, Brasília/São Paulo: Editora Universidade de Brasília/Imprensa Oficial do Estado, 2000.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Gustavo Sora. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017.

BRASIL, Ministério da Justiça e Segurança Pública. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Brasília, 2017. Disponível em: http://dados.mj.gov.br/dataset/f9ebf1f1-8d27-4937-b330-f29b820dca87/resource/4d4c437e-c7c3-4640-b6c0-b1b566538208/download/dicionario-de-dados---junho-de-2017.pdf. Último acesso: 05 jun. 2023.

BRASIL. Lei n. 13.844, de 18 de junho de 2019. Brasília: Presidência da República, [2019a]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Último acesso: 06 jan. 2023.

BRASIL. Medida Provisória n. 870, de 1º de janeiro de 2019. Brasília: Presidência da República, [2019b]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Mpv/mpv870.htm. Último acesso: 06 jan. 2023.

BRASIL, Ministério da Educação. Portal do MEC. Brasília, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br. Último acesso: 06 jun. 2023.

BRASIL, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Levantamento Anual do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). Brasília, 2019c. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/LevantamentoAnualdoSINASE2017.pdf. Último acesso: 05 jun. 2023.

BRASIL, Ministério do Planejamento e Orçamento/Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Ipea). Atlas da violência 2019. Brasília/Rio de Janeiro/São Paulo, 2019d. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019. Último acesso: 05 jun. 2023.

CÁCERES, Carlos F.; MOGOLLÓN, María Esther; PÉREZ-LUNA, Griselda; OLIVOS, Fernando (Eds). Sexualidad, ciudadanía y Derechos Humanos en América Latina: un quinquenio de aportes regionales al debate y la reflexión. Lima: IESSDEH/UPCH, 2011.

CARDOSO, Frederico Assis. A identidade de professores homens na docência com crianças: homens fora de lugar? 2004. 154 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

CARDOSO, Frederico Assis; FERRARI, Anderson. Gêneros e sexualidades: desafios e potencialidade para a educação em tempos de conservadorismos. Revista Ártemis, João Pessoa, v. 22, p. 01-05, jul./dez. 2016.

CONNELL, Raewyn. Gênero em termos reais. Trad. Marília Moschkovich. São Paulo: nVersos, 2016.

CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. Trad. Rev. Marília Moschkovich. 3. ed. 1. reimp. São Paulo: nVersos, 2017.

CONNELL, Robert W. Políticas da masculinidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 185-206, jul./dez. 1995.

CONNELL, Robert W.; MESSERSCHMIDT, James W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Trad. Felipe Bruno Martins Fernandes. Revista Estudos Feministas, v. 21, n. 1, p. 241-82, jan./abr. 2013.

CORREDOR, Elizabeth S. Unpacking “gender ideology” and the global right’s antigender countermovement. Signs: journal of woman in culture and society, Chicago, v. 44, n. 3, p. 613-38, spring 2019.

CRENSHAW, Kimberle W. A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero. Cruzamento: raça e gênero. Painel 1, p. 07-16. In: Seminário a intersecção das desigualdades de raça e gênero: implicações para as políticas públicas e os direitos humanos, 13 set. 2004, Anais... Rio de Janeiro/IBAM/UNIFEM/Consulado Geral dos Estados Unidos da América na cidade do Rio de Janeiro et al, 2004.

Cult. São Paulo: Bregantini, a. 22, n. 242, fev. 2019.

DUPUIS-DÉRI, Francis. A crise da masculinidade: anatomia de um mito persistente. Trad. Paulo Victor Bezerra. São Paulo: Blucher, 2022.

DUPUIS-DÉRI, Francis. Le discours de la « crise de la masculinité » comme refus de l’égalité entre les sexes: histoire d’une rhétorique antiféministe. Revue Recherches Féministes, Ville de Québec, v. 25, n. 1, p. 89-109, 2012a.

DUPUIS-DÉRI, Francis. Le discours des « coûts » et de la « crise » de la masculinité et le contre-mouvement masculiniste. In: DULONG, Delphine; GUIONNET, Christine; NEVEU, ÉriK (Dirs). Boys don’t cry! Les coûts de la domination masculine. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2012b.

DUPUIS-DÉRI, Francis. O antifeminismo de Estado. Trad. Marina Alves Amorim. Rev. Frederico Assis Cardoso. In: PARAÍSO, Marlucy Alves; SILVA, Maria Patrícia (Orgs). Pesquisas sobre currículos e culturas: tensões, movimentações e criações. 1. ed. Curitiba: Brazil Publishing, 2020, p. 83-106.

ELLSWORTH, Elizabeth. Modos de endereçamento: uma coisa de cinema; uma coisa de educação também. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org). Nunca fomos humanos: nos rastros do sujeito. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p. 07-76.

GOOGLE INC. Google. Marca registrada da empresa de tecnologia Alphabet. Disponível em: google.com.br. Último acesso: 25 maio 2023 (Consultada apenas as páginas em português do Brasil. Dada a dinâmica própria dos dados disponibilizados pela ferramenta de busca, os números podem variar de acordo com a data da pesquisa).

HEILBORN, Maria Luiza; CARRARA, Sérgio. Em cena, os homens... Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 6, n. 2, p. 370-75, 1998.

JUNQUEIRA, Rogério Diniz. A invenção da “ideologia de gênero”: um projeto reacionário de poder. Brasília: LetrasLivres, 2022.

JURITSCH, Martin. Sociologia da paternidade: o pai na família e no mundo. Uma análise antropológica. Trad. João Baptista Quaini. Petrópolis: Vozes, 1970.

MEDRADO, Benedito. Homens na arena do cuidado infantil: imagens veiculadas pela mídia. In: ARILHA, Margareth; UNBEHAUM, Sandra G.; MEDRADO, Benedito (Orgs). Homens e masculinidades: outras palavras. São Paulo: ECOS/Editora 34, 1998, p. 145-61.

MILLS, Charles Wright. A imaginação sociológica. Trad. Waltensir Dutra. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1969.

MIRANDA, Izabela de Faria. Bravíssimo! abandona as ideia e chuta o balde: olhares feministas sobre homens e masculinidades das juventudes socioeducativo 2021. 152 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação e Docência) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

MIRANDA, Izabela de Faria; CARDOSO, Frederico Assis; ALCANTARA, Guilherme. Masculinidade do bandido: juventudes socioeducativo, entre hegemonia e subalternidade. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 24, n. esp. p. 83-95, abr./jun. 2023.

MOLÉNAT, Xavier (Coord). La sociologie: histoire, idées, courants. Auxerre: Sciences Humaines Éditions, 2009.

NÓBREGA, Lívia de Pádua. A construção de identidades nas redes sociais. Fragmentos de Cultura. Goiânia, v. 20, n. 1/2, p. 95-102, jan./fev. 2010.

Revista Veja. São Paulo: Abril, a. 34, ed. 1714, n. 33, 22 ago. 2001.

Revista Veja. São Paulo: Abril, a. 36, ed. 1822, n. 39, 01 out. 2003.

Revista Veja. São Paulo: Abril, a. 37, ed. esp. 1868, n. 34, ago. 2004.

SABAT, Ruth. Gênero e sexualidade para consumo. In: LOURO, Guacira Lopes; FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana Vilodre (Orgs). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 149-59.

SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987.

SANTOS, Élcio Nogueira dos. Amores, vapores e dinheiro: masculinidades, homossexualidades nas saunas de Michê em São Paulo. 2012. 238 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Trad. Guacira Lopes Louro. Rev. Tomaz Tadeu da Silva. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 2, n. 20, p. 71-99, jul./dez. 1995.

SILVA, Patrick dos Santos. A construção da homossexualidade nos espaços escolares: vivências e descobertas. 2022. 100 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Departamento de Educação, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

SILVA, Luciana Aparecida Siqueira; SILVA, Elenita Pinheiro de Queiroz. Masculinidades no contexto escolar: como a temática é abordada em artigos publicados em dossiês de periódicos nacionais. Revista Diversidade e Educação, Natal, v. 7, n. 2, p. 20-44, jul./dez. 2019.

SULZ, Juliana Albuquerque. Papai no bolso e mamãe no coração? Análises das configurações de práticas das paternidades contemporâneas. 2020. 160f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação e Docência) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

SULZ, Juliana Albuquerque; CARDOSO, Frederico Assis. Educação e políticas de masculinidades: 15 anos das produções dos estudos de gênero (2000-2015). Revista Ártemis. João Pessoa, v. 22, p. 63-72, jul./dez. 2016.

VALDÉS, Teresa; OLAVARÍA, José (Eds). Masculinidades y equidad de género en América Latina. Santiago: FLACSO-Chile, 1998.

VIVEROS VIGOYA, Mara. As cores da masculinidade: experiências interseccionais e práticas de poder na Nossa América. Trad. Allyson de Andrade Perez. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2018.

Arquivos adicionais

Publicado

2023-11-17

Como Citar

ASSIS CARDOSO, F.; ALVES AMORIM, M.; ALBUQUERQUE SULZ, J. “Crise da masculinidade”: retóricas da ofensiva antigênero e o antifeminismo de Estado. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 32, n. 72, p. 97–115, 2023. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2023.v32.n72.p97-115. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/17624. Acesso em: 9 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Temático 72