Escolarização de Mulheres Trans e Travestis
violências e efeitos de vínculos de amizade
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2023.v32.n72.p50-69Palavras-chave:
Travestis e mulheres trans, Trajetória escolar, Vínculos de amizadeResumo
As disputas em torno de quem pode estabelecer sobre o gênero uma verdade estão presentes nos variados espaços sociais, e a escola é um deles. Para travestis e mulheres trans, ela é um ambiente de difícil permanência, com muitos e variados episódios de violência por parte de colegas e pela condescendência de docentes e gestores(as). Entretanto, é lá também que muitas conhecem pares e começam a compreender sobre si, a partir, sobretudo, dos vínculos de amizade construídos. Neste artigo, baseado nas experiências de seis travestis e mulheres trans, discutimos as violências enfrentadas, a influência do apoio de profissionais da escola e, principalmente, os efeitos dos vínculos desenvolvidos na escola na escolarização desse grupo. Esses vínculos fornecem reconhecimento e proteção, com efeitos no presente e no futuro escolar. Não garantem trajetórias lineares e eliminam violências, mas as amenizam, diminuem a solidão e ampliam as estratégias de enfrentamento, tornando a escola menos hostil.
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Atualizado em 15/07/2017