Psicanálise, literatura e educação:
uma escrita para a despatologização do sintoma disortográfico
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2020.v29.n60.p67-83Palavras-chave:
Psicanálise, Literatura, Educação, Sintoma disortográficoResumo
O artigo parte da premissa de que a contínua interlocução entre a psicanálise e a literatura teria contribuído para a despatologização do conceito de sintoma na teoria psicanalítica. Os questionamentos examinados no texto são: Em que medida esse intercâmbio entre a literatura e a psicanálise pode ter ressonâncias nas pesquisas com fundamentação da psicanálise e que se relacionam com outros campos de saber, como, por exemplo, a educação? Um percurso pela interlocução entre os dois campos poderia fornecer subsídios para uma despatologização do sintoma em tempos de crescente ampliação e utilização de diagnóstico na educação, em especial em torno dos transtornos de aprendizagem tais como o sintoma disortográfico? Através de um recorte clínico, examina e defende algumas contribuições da teoria da clínica psicanalítica que podem auxiliar no manejo dos impasses com o saber durante a alfabetização que circunscreve, também, o momento lógico de efetuação da estrutura psíquica da criança.
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Atualizado em 15/07/2017