"PAU QUE NASCE TORTO NUNCA SE ENDIREITA?" UMA PROBLEMATIZAÇÃO A NATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA ESCOLAR
Resumo
Em ambientes sociais, os sujeitos experimentam coalizões que colocam em prova o desafio da diversidade e a compreensão do outro. É ígneo em nossas práticas sociais a necessidade do uso da força e nas variadas vicissitudes em que se apresenta, pode-se chegar naquilo que chamamos de violência. Sendo a violência que chega até a escola, pouco conhecida e enfrentada, torna-se desencadeante de problemas relacionais e perturbadora do desenvolvimento da aprendizagem. Desse modo, percebemos cada vez mais a necessidade de compreender a sua originalidade e as formas como esta é compreendida. O presente estudo inicia-se como título ‘Pau que Nasce Torto nunca se endireita?’, dado este nome, compreendemos que para entender a sociedade devemos dar atenção aos provérbios presentes dentro de um determinado contexto cultural, pois estes, também carregam ideias, argumentos, dialoga e relaciona-se com perspectivas teóricas e leituras da realidade social. Este trabalho é fruto do levantamento de produções, leituras e discussões realizadas no grupo de estudos em Educação e Psicologia (GEPPE) em Mato Grosso do Sul-Brasil durante a pesquisa intitulada “Violência e Preconceito na Escola”, com financiamento do MEC. O estudo direcionou-se em torno da Psicologia Histórico cultural de Vigotsky e seus interlocutores baseada materialismo histórico dialético como eixo para a análise da constituição do sujeito, a violência que acontece na sociedade e consequentemente na escola. Acredita-se que essa base teórica contribui para o estudo da estrutura econômica e social que geram as condições para a violência na sociedade e, por consequência, na escola, enquanto instituição social. Entende-se que a violência não se passa por via biológica, muito menos, descolada dos contextos sociais e históricos que a produz. Na escola, viralizou-se uma perspectiva idealizada de que as soluções estariam centradas nas particularidades, distanciando-se das universalidades e da objetividade. Neste trabalho, foi possível observar a articulação entre a lógica dos entendimentos que se tem a cerca da violência e a implicação destes, observando por meio dos estudos levantados, o quanto que as condições objetivas presentes são percebidas de forma segmentada, influenciando na atuação do psicólogo e dos outros educadores frente aos casos escolares de violência.
Downloads
Referências
KURZ, R. A Biologização do Social: O Mundo Sofre Novo Desencantamento. 1996. Disponível em : <http://www.obeco-online.org/rkurz27.htm>
ANDERY, M. A. P. A. et al. Do Feudalismo ao Capitalismo: Uma Longa Transição.In: ______. Para compreender a ciência - uma perspectiva histórica. São Paulo: Garamond. 2012.
BARROS, J. A. C. Estratégias mercadológicas da indústria farmacêutica e o consumo de medicamentos. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 17, n. 5 p. 377-386. 1983.
BARROCO, SMS.; CARVALHO, M. A. Corre Professor!!! Lá vem bala!!! – Sobre a Violência na Educação Pública do Paraná. In: FACCI, Marilda G. D.; URT, S. C. Precarização do Trabalho, Adoecimento e Sofrimento do Professor. Teresina: EDUFPI. p. 137-164. 2017.
CHAUÍ, M. Cultura e democracia. 11. ed. São Paulo: Cortez Editora. 2005.
CHRISPINO, A. Gestão do conflito escolar: da classificação dos conflitos aos modelos de mediação. Revista Ensaio: aval. Pol. públ. Edu..,vol.15, n.54, pp.11-28. 2007.
COSTA, M. L. Violência nas Escolas: Contribuições da Psicologia Histórico-Cultural para seu Enfrentamento na Educação. 2014. 211 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá. 2014.
ENGELS, F. Obras filosóficas. Tradução de W. Roces. México, FCE. 1986.
FACCI, MGD. Valorização ou Esvaziamento do Trabalho do Professor? Um Estudo Crítico-Comparativo da Teoria do Professor Reflexivo, do Construtivismo e da Psicologia Vygotskyana. Campinas: Autores Associados. 2004.
KOTTAK, C. La Cultura. In: ______. Antropología Cultural. España: Mc Graw Hill. p. 43-55. 2002.
LOZANO, G. V. El Papel de la Violencia (Marx, Engels y el Marxismo). In: VÁZQUEZ, A. S. El mundo de la Violencia. 1a Ed. México: Facultad de Filosofía y letras, 1998.
MALO, M. C. Catolicismo y violencia. In: VÁZQUEZ, A. S. El mundo de la Violencia. 1a Ed. México: Facultad de Filosofía y letras. 1998.
MOLON, S. I. Notas sobre a Constituição do Sujeito, Subjetividade e Linguagem. Revista Psicologia em Estudo. V. 16, n.4, p 613-622, out./dez. 2011.
NOVAIS, F. A. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). São Paulo: Editora Hucitec. 1979.
PLACCO, V. M. N. S. et al. Representações Sociais de jovens sobre a violência e a urgência na formação de professores. Psicologia da Educação, Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados PUC-SP, n.14/15, VV.AA – EDUC. 2002.
SOUZA, M. G.; SILVA, V. F. Mediação de Conflitos na Escola. Disciplina Temas especiais em Educação e Sociedade. Taguatinga-DF. 2006.
SUZUKI, M. A. A Medicalização dos Problemas de Comportamento e da Aprendizagem: Uma Prática Social de Controle. 2012. 174 f. Dissertação(Mestrado)-Universidade Estadual de Maringá, Maringá. 2012.
SUZUKI, M. A; LEONARDO, N. S. T. LEAL, Z. F. R. A Medicalização da Educação: Reflexões para a Compreensão e Enfrentamento deste fenômeno. In: Leonardo, N. S. T; LEAL, Z. F; FRANCO, A. F. Medicalização da Educação e Psicologia Histórico-Cultural: Em Defesa da Emancipação Humana. Maringá: Eduem. 2017.
VÁZQUEZ, A. S. Praxis y Violencia. In: VÁZQUEZ, A. S. Filosofía de la praxis. 2a. ed. México, Grijalbo. 1980.
VÁZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira. 2008.
VYGOTSKY, L. S. O Problema do Método. In: ______. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes. P. 67-88. 1991.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes. 1999.
VIGOTSKI, LS. A transformação socialista do homem (ATSH). Disponível em: <http://www.pstu.org.br>. Acesso em: 15 Janeiro 2017. 1930.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.
O periódico é online e de acesso aberto e gratuito.