POTENCIALIDADES DA PEDAGOGIA LIBERTÁRIA NO CONTEXTO DAS TIC'S
DOI:
https://doi.org/10.38090/recs.2595-9980.v5.n9.1Resumen
Depois de decénios controversos da validade heurística da pedagogia libertária é cada vez mais pacífica a afirmação de que a mesma encerra valores incomensuráveis em tudo o que concerne a emancipação social dos indivíduos, seja em que sociedade e em que processo de aculturação histórica nos possamos situar.
Nos seus primórdios, nos finais do século XIX, se bem que a pedagogia libertária já tivesse uma pequena expressão nas comunidades operárias, ela é, fundamentalmente, como criação e iniciativa teórica e prática, antes de tudo, ela é a expressão genuína de alguns pensadores anarquistas, como foram os casos de William Godwin, Bakounine, Paul Robin, Sebastien Faure, Franscisco Ferrer y Guardia, Proudhon, Leon Tolstoi, Max Stirner, etc.. Digamos que o que se entende, hoje, por pedagogia libertária nos seus contornos epistemológicos, metodológicos e relacionais teve a sua origem no pensamento e reflexão destes autores, aquando da sua reflexão crítica sobre a natureza autoritária e acrítica das instituições escolares do sistema de educação nas sociedades capitalistas e do Estado que reproduziam a exploração do homem pelo homem e não permitiam uma educação integral livre e criativa.
Entretanto, com o desenvolvimento dos processos de industrialização e de urbanização da generalidade das sociedades, a escola e a educação nos seus diferentes níveis de ensino complexifica-se no sentido instrumental e funcional do termo através de uma crescente profissionalização, competição e concorrência. Esta evolução permite que os diferentes grupos sociais que estavam na base da escala de estratificação social evoluíssem para certos patamares de ensino, podendo assim posicionar-se no sentido ascendente dessa mesma escala de estratificação social.
Com o advento histórico das TIC,s (Tecnologias de Informação e Comunicação), desde a década de 1970, as estruturas clássicas da autoridade hierárquica formal, assim como todo o espaco-tempo da divisão social do trabalho dos processos de tomada de decisão e de liderança no sistema de educação vão sendo desestruturados ou extintos. Daqui decorre que todas as relações espácio-temporaisenvolvendo professores, alunos e funcionários nas salas de aula dos diferentes níveis de ensino são, seriamente, reestruturados no domínios pedagógico e epistemológico.
Na estrita medida em que as contingências das TIC,s estão mais apropriadas à pedagogia libertária porque esta é baseada, essencialmente, na auto-educação. auto-aprendizagem e auto-organização do acesso à informação e ao conhecimento, não nos custa a admitir que a virtualização da educação, não obstante os seus aspetos negativos, induz-nos a pensar que cada indivíduo per si pode evoluir para uma situação de maior autonomia e liberdade criativa. Deste modo, a minha reflexão sobre a pedagogia libertária incidirá nos seguintes pontos: 1) nos primórdios da pedagogia libertária num contexto de um capitalismo e um Estado incipientes; 2) a força estruturante do capitalismo na educação no período de 1945-1975; 3) contingências das TIC,s no sistema de educação clássico e a emergência da pedagogia libertária
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