Uma estranha instituição: novas vozes e os caminhos da crítica literária contemporânea

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35499/tl.v14i2.9759

Resumo

Neste artigo, dividido em três partes, pretendemos especular sobre os conflitos entre as noções de gêneros textuais/ literários e gêneros sexuais a partir do texto A lei do gênero (DERRIDA, 2019) e das políticas do corpo pensadas por alguns segmentos da crítica literária. Para tanto, traçamos um paralelo entre o “falatório” de Stela do Patrocínio, transcrito no Reino dos Bichos e dos Animais é o meu nome (2001), e os escritos de Tatiana Nascimento, em 07 notas sobre o apocalipse ou poemas para o fim do mundo (2019a) e Cuírlombismo literário (2019b). Tais textos nos servem como meios reflexivos para debatermos o lugar dessa Estranha Instituição chamada Literatura (DERRIDA, 2014), espaço que não é apenas de libertação, mas também de reprodução de estereótipos, como demonstram os estudos realizados pela pesquisadora Regina Dalcastagnè (2012, 2018) sobre a crítica brasileira contemporânea e a produção literária. Ressaltamos, portanto, em consonância com “As ferramentas do senhor nunca derrubarão a casa-grande” (LORDE, 2019) e em diálogo com bell hooks (2019), a necessidade de pensar novos modos para o discurso da crítica literária que atuem a partir da compreensão de elementos como raça, classe e gênero.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Claudiana Gois Santos, Universidade de São Paulo

Doutoranda em Letras pelo Programa: Letras (Estudos Comparados de Literaturas de Língua) Portuguesa), FFLCH- USP. 

Ariadne Catarine Santos, Universidade de São Paulo

Mestra em Letras pelo no Programa: Letras (Estudos Comparados de Literaturas de Língua) Portuguesa), FFLCH- USP. 

Referências

BORGES, Rosane. Prefácio à edição brasileira: das perspectivas que inauguram novas visadas. In: bell hooks. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.

DALCASTAGNÈ, Regina. Um território contestado: literatura brasileira contemporânea e as novas vozes sociais. Iberic@l: Revue d’études ibériques el ibéro- américaines, Paris, FR: Universidade Paris – Sorbonne, nº 02, p. 13-18, 2012.

DALCASTAGNÈ, Regina. A crítica literária em periódicos brasileiros contemporâneos: uma aproximação inicial. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília: UBN, n. 54, p. 195–209, 2018.

DERRIDA, Jacques. A estrutura, o signo e o jogo no discurso das ciências humanas. A escritura e a diferença. Trad. Maria Beatriz Marques Nizza da Silva. São Paulo: Perspectiva, 1971.

DERRIDA, Jacques. Essa estranha instituição chamada literatura: Uma entrevista com Jacques Derrida. [s.l.] Editora UFMG, 2014.

DERRIDA, Jacques. A lei do gênero - Jacques Derrida. Revista TEL, v. 10, n. 2, p. 250–281, 2019.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade: A vontade de saber. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante: 2019.

INÁCIO, Emerson. Desmontar a ordem, abrir as parábolas: A lei do género e o género fora da lei. Cadernos de Literatura Comparada, v. 35, p. 357–368, 2016.

LORDE, Audre. Irmã Outsider. Belo Horizonte: Autêntica, 2019. p. 135–139.

NATALI, Marcos P. Além da Literatura. Rev. Literatura e Sociedade, São Paulo: USP, v. 11, nº 9, p. 30-43, 2006.

NASCIMENTO, Tatiana. 07 notas sobre o apocalipse ou poemas para o fim do mundo. 1.a ed. Rio de Janeiro: Garupa e Kza1, 2019a.

NASCIMENTO, Tatiana. Cuírlombismo literário. São Paulo: N-1, 2019b.

PATROCÍNIO, Stela. Reino dos bichos e dos animais é o meu nome. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2001.

SANTOS, Ariadne. C. O falatório de Stela do Patrocínio e o discurso da crítica literária: variações. 2019. Dissertação (Mestrado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.

SANTOS, Claudiana. G. dos. A Bruta Flor do Querer: amor, performance e heteronormatividade na representação das personagens lésbicas. 2018. Dissertação (Mestrado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Trad. Sandra R. Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

SOARES, Dionísio O. A literatura apocalíptica: o gênero como expressão. HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, v. 7, n. 13, p. 99-113, 2008. Disponível em http://200.229.32.43/index.php/horizonte/article/view/425. Acesso em: 10 out. 2020.

Downloads

Publicado

2020-12-14

Como Citar

SANTOS, C. G.; SANTOS, A. C. . Uma estranha instituição: novas vozes e os caminhos da crítica literária contemporânea: . Tabuleiro de Letras, [S. l.], v. 14, n. 2, p. 53–67, 2020. DOI: 10.35499/tl.v14i2.9759. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/9759. Acesso em: 5 nov. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ TEMÁTICO