Poderia Jesus ser gay?
Uma análise discursiva da ação judicial contra A primeira tentação de Cristo
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v18i1.18465Palavras-chave:
Análise do Discurso, Formação Discursiva, Jesus, HomossexualidadeResumo
O presente trabalho insere-se nas discussões sobre a construção da sexualidade, especificamente a homossexualidade, no discurso cristão. Objetiva-se nele não somente analisar, como também relacionar, o funcionamento das formações discursivas e ideológicas que constroem sentidos para a sexualidade de Jesus. O corpus de análise é constituído da ação judicial movida pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, pedindo a suspensão do especial de Natal A primeira tentação de Cristo (2019) realizado pelo grupo Porta dos Fundos. A base teórica-metodológica central para as discussões é a análise do discurso de linha francesa, vinculada ao filósofo Michel Pêcheux (1969), além das contribuições de Orlandi (2012), entretanto autores como Foucault (1999) e Althusser (1985) ajudam a teorizar sobre a constituição da sexualidade e o funcionamento ideológico da Igreja, respectivamente. A partir da análise percebeu-se que Jesus é discursivizado, no corpus, por meio da relação entre a Formação Ideológica Religiosa e do Direito, em um regime de aliança entre as Formações Discursivas Cristã, Jurídica e Homofóbica, desnudando o caráter heterogêneo do processo discursivo e a clivagem do Sujeito.
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