Evãn, evoé!

a canção báquica de Cassandra em As Troianas de Eurípides

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35499/tl.v17i2.17983

Palavras-chave:

Cassandra, Himeneu, Eurípedes, As Troianas

Resumo

Cassandra, a vidente desacreditada amaldiçoada por Apolo, entoa uma canção báquica em meio à ambiência fúnebre de As Troianas (c. 415 a.C.) de Eurípides (c. 484 – 406 a.C). O presente artigo apresenta análise da representação de uma canção nupcial, um himeneu, na tragédia As Troianas de Eurípides, entoada pela filha de Príamo, no primeiro Episódio da peça. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo é analisar aspectos literários da canção solo, monodia, de Cassandra. Para isso, em um primeiro momento recupera-se a trajetória do mito desde o período homérico até o clássico, partindo-se da tradução do texto grego original que compõe a canção. Na segunda etapa do artigo, discute-se aspectos musicais da obra euripideana e examina-se com vagar a forma e o conteúdo da canção apresentada pela personagem. Nesse caminho, iremos problematiza-se as relações entre o formato de texto escolhido pelo poeta e os significados produzidos a partir de sua presença em uma tragédia. Aponta-se como hipótese inicial que a opção por um gênero poético festivo em meio à ambiência de pesar predominante na peça se deve a característica insanidade, mania, atribuída à Cassandra. Como resultado de da investigação, reconhece-se um ponto de contato entre a ideia de casamento e a ideia de morte, como elemento de autocaracterização da personagem feminina em Eurípides.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luciano Heidrich Bisol, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Doutor em Letras na linha Teoria, Crítica e Comparatismo pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Literatura Comparada na linha de Línguas e Literaturas Clássicas pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará. Membro da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC).

Referências

ANDERSON, M. J. The fall of Troy in early greek poetry and art. Oxford: Claredon Press, 1997.

BIEHL, W. Euripides Troades. Heidelberg: Carl Winter: Universitätsverlag, 1989.

BRADLEY, M. Z. O incêndio de Tróia. Tradução de Alfredo Barcellos PPinheiro. São Paulo: Imago, 1988.

BATTEZZATO, L. The new music of The Trojan Women. Lexis: Poetica,

retorica e comunicazzione nella tradizione classica, v. 23. Amsterdam, p. 73 -

CALAME, C. Greek Myth and Greek Religion. In: WOODART, R. The Cambridge Companion to Greek Mythology. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

CAMPOS, Haroldo de. Ilíada de Homero: vol. I e II. São Paulo: Benvirá, 2010.

COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. Tradução de Fernando de Aguiar. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

CSAPO, E. Later Euripidean drama. Illinois Classical Studies, v. 24, p. 399-426. Illinois, 1999.

______. The politics of the new music. In: MURRAY, Penelope; WILSON, Peter. Music and the muses: the culture of ‘mousike’ in classical Athenian city. New York: Oxford University Press, 2004.

DODDS, E. R. Os gregos e o irracional. Tradução Paulo Domenesh Eneto. São Paulo: Escuta, 2002.

EURÍPIDES. Troades. Edited with introduction and commentary by David Kovacs. New York: Oxford University Press, 2018.

EVELYN-WHITE, H. Hesiod, Homeric Hymns, Epic Cycle and Homerica.

Loeb Classical Library. Cambridge, Cambridge University Press, 1982.

FINGLASS, P. Pindar: Pythian eleven. Cambridge: Cambridge University

Press, 2007.

FRISK, H. Griechisches etymologistes wörterbuch. Heidelberg: Carl

Winter, Universitätsverlag, 1960.

HERINGTON, John. Poetry into drama: early tragedy and the greek poetic tradition. Berkeley: University of Califonia Press, 1985.

HESÍODO. Os trabalhos e os dias. Tradução de Alessandro Rolim de Moura.

Curitiba: Sugesta, 2012.

HOMERO. Odisseia. Tradução de Christian Werner. São Paulo: Cosac Naify,

KARAMANOU, I. Euripides, Alexandros. Berlin: De Grutyer, 2017.

LIDDEL, H.G.; SCOTT, R., JONES, S. Greek-English Lexicon with a revised

supplement. Oxford: Clarendon Press, 1992.

LOURENÇO, F. The lyric metres on Euripidean drama. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coibra, 2010.

MAZZOLDI, Sabina. Cassandra, la vergine e l’indovina: Identitá di um

personaggio da Omero all’ Elenismo. Pisa: Instituto Editoriali e Poligrafici

Internazionali, 2001.

PAPADOPOULOU, T. Cassandra’s radiant vigour and the ironic optimism of Euripides Troades. Leiden: Brill. Mnemosyne, vol. LIII, fasc. 3. 2000.

REHM, Rush. Marriage to death: the conflation of wedding and funeral rituals in greek tragedy. Princeton: Princeton University Press, 1994.

RUTHERFORD, Ian. Pindar’s Paeans: Reading of the fragments with a survey of the genre. Oxford: Oxford Univeristy Press, 2001.

TSITONIS, E. C. Hymenaios und Epithalamion. Stuttgart: Teubner, 1990.

WERNER, Christian. As performances de Cassandra em Troianas de Eurípides. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo. Letras Clássicas, n 6, p. 117 – 133. 2002.

WOLF, C. Cassandra. Tradução de Marijane Vieira Lisboa. São Paulo: Estação Liberdade, 2007.

Downloads

Publicado

2023-12-14

Como Citar

BISOL, L. H. Evãn, evoé! a canção báquica de Cassandra em As Troianas de Eurípides. Tabuleiro de Letras, [S. l.], v. 17, n. 2, p. 179–190, 2023. DOI: 10.35499/tl.v17i2.17983. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/17983. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS