O auditório como determinante do ethos discursivo
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v0i4.166Palavras-chave:
Persuasão e argumentação, Romantismo, Retórica,Resumo
Investiga-se, nesse estudo, a possibilidade dos elementos retóricos de persuasão e argumentação presentes no discurso político apresentarem-se como componentes do discurso autoritário. Para isso, o estudo percorre as origens do auditório brasileiro, as raças que o formaram e aventa a possibilidade, dentro da trajetória histórica de sua colonização, de ser o movimento do Romantismo um dos ícones de formação do perfil discursivo político de hoje, no Brasil, ou seja, um perfil interlocutor que lança mão em demasia da retórica permeada de artifícios e, por outro lado, um receptor caracterizado por uma mansidão indígena que nunca perdeu referências. O artigo passa, então, pela análise de alguns trechos de discursos políticos do período pós-golpe militar de 1964 no Brasil para avaliar as mudanças que os pronunciamentos revelaram: de caudilhistas a heróis românticos, os discursos desses oradores demonstram extrema proximidade entre si, ou seja, militares e civis utilizam dos mesmos recursos retóricos, embora pertencentes a regimes diferentes. Ao final, ajudados pela análise aristotélica dos lugares do discurso, o artigo conclui que as características que percebemos presentes nos endereçamentos políticos de hoje foram moldadas há muito tempo, durante o processo de formação de nosso imaginário nacional, de nossos valores como nação e continuam presentes ainda hoje, bem como está presente a mansidão do interlocutor.
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