Da vida rasgada. Imagens e representações sobre o negro em Madame Satã
DOI:
https://doi.org/10.35499/tl.v2i1.122Palavras-chave:
Negro, Madame Satã, ModernidadeResumo
O filme Madame Satã, de Karim Aïnouz, transcorre nos anos 1930, período em que o Estado brasileiro, as elites e até mesmo o cidadão comum – homem ou mulher, pobre ou abastado, negro, branco ou mestiço - se engajaram num esforço de modernização das instituições, das artes, dos gostos e das atitudes. Naquela ocasião, as capitais brasileiras, em particular a cidade do Rio de Janeiro, então distrito federal, evidenciavam este ideal através de políticas de saneamento e eugenismo, assim como através da implantação paulatina da indústria cultural do cinema, do disco e do rádio como meio de informação e entretenimento. Além da literatura e do teatro, o cinema, o disco e o rádio se transformaram em novos meios de reverberação e mesmo redefinição do imaginário sobre a nação brasileira. A propósito disso, este artigo tratará de duas questões fundamentais suscitadas em relação ao negro e à cultura negro-africana no Brasil. A primeira delas diz respeito à permanência de imagens e representações pré-modernas sobre o negro que configuraram o ideal de modernidade no Brasil. A segunda, diz respeito às atitudes dos negros no sentido da adesão e reinterpretação de um projeto das elites de modernização da sociedade brasileira que previa o negro e a cultura negro-africana como objeto e matéria-prima.
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