Narrativas autobiográficas de lutas pela educação: pedagogias emergentes de uma ocupação
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n15.p1229-1246Resumo
Este artigo tem como cenário o movimento plural e (in)tenso de manifestação e ocupação estudantil em uma universidade federal, em 2016. Nele, intentamos reconhecer e analisar as pedagogias emergentes advindas de escritas autobiográficas de universitários de um movimento de ocupação. Para tanto, operamos com os pressupostos teórico-metodológicos que surgem das noções de duração e memória (Bergson), hermenêutica da experiência, autobiografização e heterobiografização (Delory-Momberger; Passeggi), num movimento situado da pesquisa (auto)biográfica como dispositivo formativo em educação. Destacamos a potencialidade de uma escuta sensível, aberta, a(fe)tiva, ética e aprendente, a partir de uma ambiência de luta, defesa e protagonismo. Por fim, refletimos sobre as pedagogias emergentes das experiências acontecidas, tecidas e entretecidas nas escritas dos estudantes, expressas nas pedagogias da indignação, da outreidade e da cidadania. Outrossim, merece destaque a potência que reinventa o educativo e o formativo, institui novos modos de fazer universidade e de compreender estudante e pessoa, bem como ressignificar o sentido de coletivo, anunciar as experiências de luta pela educação e a compreensão de um movimento de ocupação.
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