Quero os meus brincos: memória da infância, patrimônio e identidade na saga do povo Xetá

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n14.p565-577

Palavras-chave:

Povo Xetá, Memória, Memória da Infância, Identidades, Patrimônio

Resumo

Este artigo tem por objetivo problematizar a questão do patrimônio cultural do Povo Xetá em relação à sua apropriação por instituições a partir do processo histórico de colonização do norte do Paraná, Brasil, nos anos 1950-1960, em que esse povo teve suas terras esbulhadas e sua população remanescente dispersa por outras terras indígenas ou centros urbanos. Apresenta o caso de Moko (Tamanduá), também conhecida como “Ô, uma criança sobrevivente à tentativa de extermínio de seu povo – hoje uma anciã. à reconhece seus brincos no acervo de um museu público e os reclama para si. Os brincos de à fazem emergir a memória da trágica interrupção dos ritos de passagem, de violação de sua infância e da impossibilidade de fazer-se adulta ao abrigo de sua cultura. É no espaço-tempo da dispersão que à e seu povo amadurecem, resistem à assimilação e à aculturação e defendem o direito de gerir seu próprio patrimônio. O artigo dialoga com a Sociologia da Infância, a partir de Tomas (2011), Sarmento (2010) e Fernandes (2009), traz da Psicologia Social o conceito de memória coletiva Halbwachs (1990), Mori (1998) e Bosi (1987) e da Antropologia os conceitos de etnogênese Hill (1986) e Bartolomé (2006) e transfiguração epistemológica Silva (2017c; 2019). O artigo propõe uma nova política de preservação do patrimônio das sociedades tradicionais, que descoloniza a gestão desses acervos, devolvendo-a a quem de direito.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Angelita Silva, PPE/Universidade Estadual de Maringá UEM INC/Universidade Federal do Amazonas UFAM

Grupo de Pesquisa Capes Desenvolvimento, Aprendizagem e Educação-CAPES. INC/UFAM Instituto de Natureza e Cultura. Universidade Federal do Amazonas. PPE/UEM - Programa de Pós Graduação em Educação - Universidade Estadual de Maringá

Nerli Nonato Ribeiro Mori, PPE/Universidade Estadual de Maringá UEM

Programa de Pós Graduação em Educação - PPE/UEM

GRUPO DE PESQUISA CAPES DESENVOLVIMENTO, APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO-CAPES

Referências

BARTOLOMÉ, Miguel Alberto. As etnogêneses: velhos atores e novos papéis no cenário cultural e político. Mana, Rio de Janeiro, vol.12, n.1, p. 39-68, Abr. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci¬_arttext&pid=S0104-93132006000100002&Ing=en&nrm=iso Acesso em 16 dez 2019.

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiróz, 1987.

FERNANDES, Natália. Infâncias, direitos e participação: representação, práticas e poderes. Porto: Afrontamento 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Xetá: retratos de uma etnia. Revista Brasil indígena, Brasília-DF, Ano I, n. 2, p. 4-10, jan/fev. 2001

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990.

HILL, Jonathan. History, Power and Identity: Ethnogenesis in the Americas 1492-1992. Iowa City: University of Iowa Press, 1996.

LIMA, Edilene Coffaci; SILVA, Maria Angelita da; PACHECO, Rafael. Xetá: a renitente batalha. In: RICARDO, Fany; RICARDO, Beto. (Ed.). Povos Indígenas no Brasil 2011-2016. São Paulo: Instituto Socioambiental. 2017. p. 781-784.

MORI, Nerli Nonato Ribeiro. Memória e Identidade: a travessia de velhos professores através de suas narrativas orais. Maringá: EDUEM, 1998.

SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

SARMENTO, Manuel Jacinto; VEIGA, Fátima. Pobreza Infantil: realidades, desafios, propostas. Famalicão: Humus, 2010.

SILVA, Aracy Lopes da; MACEDO, Ana Vera Lopes da Silva; NUNES, Ângela. Crianças Indígenas: ensaios antropológicos. São Paulo: Global, 2002.

SILVA, Carmen Lúcia da. Em busca da sociedade perdida: o trabalho da memória Xetá. 2003. 298 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de Brasília, Brasília -DF, 2003.

SILVA, Carmen Lúcia da. Sobreviventes do extermínio: uma etnografia das narrativas e lembranças da sociedade Xetá. 1998. 290 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.

SILVA, Maria Angelita da. Memória e identidade do Povo Xetá: narrativas visuais e memória coletiva no quadro da dispersão. 2019. 276 f. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2019.

SILVA, Maria Angelita da. Criança Xetá: das memórias da infância à resistência de um Povo. 2013. 246 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2013.

SILVA. Maria Angelita da. Criança Xetá: das memórias da Infância à resistência de um Povo. Maringá PR: Massoni, 2017a.

SILVA, Maria Angelita da. Criança Xetá no contexto latino-americano: memória, identidade e fronteira. In: MÜLLER, Verônica Regina Müller (Org.). Crianças em fronteiras: Histórias, Culturas e Direitos. Curitiba: CRV, 2017b. p. 69-87.

SILVA. Maria Angelita da. Vulnerabilidade na Infância e Adolescência e as Políticas Públicas de Intervenção. Maringá PR: NEAD/UNICESUMAR, 2017c.

TOMÁS, Catarina. Há muitos mundos no mundo: cosmopolitismo, participação e direitos da criança. Porto: Afrontamento, 2011.

Downloads

Publicado

2020-06-29

Como Citar

SILVA, M. A.; MORI, N. N. R. Quero os meus brincos: memória da infância, patrimônio e identidade na saga do povo Xetá. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 5, n. 14, p. 565–577, 2020. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n14.p565-577. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/7778. Acesso em: 12 dez. 2024.