Fios e teias do cotidiano no labirinto da experiência urbana
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2024.v9.n24.e1178Palavras-chave:
Cidade, Subjetividade, Arthur Bispo do Rosário, Experiência urbanaResumo
Esse texto foi elaborado a partir de uma pesquisa realizada em Aracaju, voltada às articulações entre experiência urbana e constituição de modos de subjetivação no presente, sobretudo, na Rodoviária Velha, no centro da cidade. O artigo visa pensar as conversas fiadas na cidade, como insistentes práticas cotidianas que entrelaçam a própria experiência urbana. Inspirada em concepções de Walter Benjamin, a pesquisa propôs “errâncias” pela cidade – como produção de diferenças rítmicas em relação à aceleração utilitarista imperativa no capitalismo contemporâneo – para acompanhar a tessitura de práticas cotidianas. O texto apresenta algumas imagens urbanas para tornar visível a produção de conversas fiadas, articuladas ao conceito de cotidiano, e também aborda a dimensão do labirinto como traço constitutivo da cidade. O artigo também propõe aproximações entre o labirinto de conversas fiadas na cidade e algumas obras de Arthur Bispo do Rosário, que inventou labirintos que cruzam objetos desusados, palavras, afetos e fragmentos de vida deslocados e remontados, em meio à tortura da clausura manicomial. Tanto no labirinto da experiência urbana engendrado pelas conversas fiadas, quanto na obra-labirinto do artista negro manicomializado, tempos e espaços são tecidos, alterados e bifurcados, em gestos que, de maneiras díspares, recusam o confinamento do presente.
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