Escritas de si “entre” mulheres: da intimidade no presente à distância histórica em Teko haxy – ser imperfeita
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2021.v6.n18.p556-570Palavras-chave:
Escritas de si, Cinema Mbya Guarani, Teko Haxy – ser imperfeitaResumo
Em 2018, a cineasta Mbya Guarani Patrícia Ferreira Pará Yxapy e a artista visual Sophia Pinheiro realizaram juntas o filme Teko Haxy – ser imperfeita. Trata-se de um trabalho que elabora, a partir de uma escrita epistolar, a relação de intimidade entre as duas mulheres reunidas na aldeia Ko’enju, onde vive Patrícia, no extremo sul do Brasil. Pretendemos abordar a experiência do filme enquanto uma escrita de si entre as duas que envolve implicações em diferentes níveis: da metodologia, da escritura, do processo, das formas fílmicas e da mise-en-scène. Com isso, acreditamos ser possível encontrar um feminismo produzido nas tentativas de aproximação e, também, nos distanciamentos, que atravessam historicamente as relações entre as mulheres indígenas e não indígenas.
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