TRABALHO NA LAMA
UMA ETNOGRAFIA DE MARISQUEIRAS EM DUAS COMUNIDADES TRADICIONAIS PESQUEIRAS DO BAIXO SUL BAIANO
Palavras-chave:
pescadoras artesanais , marisqueiras, saberes da tradição, memória, patrimônio cognitivo, manguezalResumo
As condições de existência das marisqueiras têm sido agravadas pela perda de habitat, degradação ambiental e sobrepesca, acarretando transformações produtivas e culturais em comunidades pesqueiras. Este estudo etnográfico tem como objetivo a produção de conhecimento de base socioantropológica sobre práticas empíricas de marisqueiras de dois povoados do Baixo Sul baiano e tem como produto um inventário do seu estoque de conhecimento acumulado sobre a dinâmica da reprodução ambiental do complexo ecológico e das práticas tradicionais de manejo dos recursos naturais. A gestão da produção condicionada pelas fases da lua, fluxo das marés e caráter agreste do ecossistema permite jornada semanal de trabalho de cinco turnos de quatro horas diárias no manguezal ou na beirada. Em Garapuá, a principal fonte proteica animal de exploração feminina é a lambreta coletada com mão ou facão, enquanto em Barra dos Carvalhos o siri é capturado com petrechos como gaiola, gereré, manzuá ou ripichel e o aratu com vara e linha. Para incrementar a renda, desenvolvem atividades como o beneficiamento. É com base neste "saber prático" que define o sentimento de pertença a um grupo social que se pretende criar subsídios para políticas destinadas à promoção do trabalho feminino na pesca, que as reconheça como produtoras de alimentosextraídos de um ecossistema estigmatizado, levando-as a incorporar o valor econômico e social do meio que exploram.
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