A África enquanto construção discursiva e midiática
a propaganda colonial e a “Invenção” do “Outro”
DOI:
https://doi.org/10.30620/gz.v5n2.p17Palavras-chave:
África, Propaganda Colonial, Discurso, CinemaResumo
Por que as imagens que temos de África e dos africanos são tão depreciativas e deformadas? Por qual razão a África ocupa um lugar tão desprivilegiado em nossas imagens e imaginações? Partindo destas questões iniciais, esse breve artigo busca entender como se deu o processo de construção discursiva e midiática da alteridade africana, ou de sua “invenção”, a partir de múltiplos discursos – científico, religioso, político, literário, cinematográfico, etc. Tais discursos basearam-se, e baseiam-se, frequentemente, num “regime de autoridade” decorrente de relações desiguais de poder e conhecimento entre o Ocidente e o mundo não-ocidental. O distanciamento “antropológico” e “biológico” dos africanos, como “outros”, parece perpetuar-se. Busca-se aqui, portanto, suscitar uma discussão concisa que possibilite, no entanto, compreender e questionar a condição de marginalidade que a África – e tudo que lhe diz respeito – ocupa em nosso pensamento e imaginário ocidental.
[Recebido: 10 de ago de 2016 – aceito: 10 de nov de 2016]
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