O corpo negro em performance para a câmera como discurso contra-hegemônico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30620/gz.v11n2.p293

Palavras-chave:

Corpo, Videoperformance, Cinema negro no feminino, Cinema brasileiro

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o corpo negro em performance para a câmera enquanto discurso contra-hegemônico, a partir de duas atuações em filmes do Cinema Brasileiro: Zózimo Bulbul em Alma no Olho (1973) e Michelle Mattiuzzi em Café com Canela (2017). Como base teórica para esta análise, proponho o exame dos estudos sobre videoperformance, cinema negro brasileiro e teorias culturalistas. Alma no Olho é o marco inicial do Cinema Negro no Brasil. No filme, o próprio Zózimo encena a colonização e exploração do corpo negro, desde a invasão da África até a descolonização por si mesmo. Em Café com Canela, de Glenda Nicácio e Ary Rosa, vemos Michelle Mattiuzzi como manifestação da Oxum. Mattiuzzi é uma artista performática e pesquisadora do pensamento radical negro e faz uso do próprio corpo para subverter os mecanismos de objetificação do corpo feminino negro.

[Recebido em: 07 out. 2023 – Aceito em: 18 nov. 2023]

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Biografia do Autor

Juliana Ferreira, Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR

Realizadora e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Cinema e Artes do Vídeo (PPG-Cineav/ Unespar - FAP). Membro do Grupo de Pesquisa GPACS. Bolsista Unespar. Pesquisadora do Cinema Negro Feminino brasileiro. Idealizadora do Laboratório de Documentários curtos de Saquarema.

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Publicado

2024-05-04

Como Citar

TORRES, J. F. O corpo negro em performance para a câmera como discurso contra-hegemônico. Grau Zero – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Fábrica de Letras - UNEB, v. 11, n. 2, p. 293–310, 2024. DOI: 10.30620/gz.v11n2.p293. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/v11n2p293. Acesso em: 16 jul. 2024.