Beno como representação transgressora em Al Berto na obra Lunário
DOI:
https://doi.org/10.30620/gz.v10n1.p309Palabras clave:
Al Berto, Beno, Nômade, LunárioResumen
Alberto Raposo Pidwell Tavares (1948-1997) que usou o pseudônimo de Al Berto foi uma das grandes expressões da literatura contemporânea lusitana da sua época. A narrativa do seu romance Lunário (1988) trata de uma escrita metamorfose da qual pode se perceber na trama um jogo de corpos dos personagens entre rostos, cidades e bares. O autor-narrador-personagem se inclui na atmosfera notívaga, se multiplicando, é o que os filósofos franceses, Deleuze e Guattari irão chamar de corpo sem órgãos. A proposta desse artigo é abordar o comportamento nômade, do poeta Al Berto representado no personagem Beno, seu alter ego e outros personagens na obra Lunário. O seu comportamento antissistema no que tange as viagens a escrita e a ruptura da sociedade convencional permite um olhar crítico diante a sua literatura transgressora, homoerótica. A presente narrativa do Lunário reflete a caminhada urbana, labiríntica e noturna de Al Berto de forma fictícia, expondo um sujeito flâneur, aquele que evidencia, vagabundeia nas ruas, sem pouso fixo. Al Berto foi um escritor errante e sua afinidade com os poetas estadunidense, os beatniks, - sinalizaram o movimento da contracultura dos anos de 1960 - serviram de influxos nas suas poesias, contando também com o poeta maldito Rimbaud do qual Al Berto inspirava forte admiração pelo seu comportamento rebelde e nômade. A literatura al bertiana se distancia da literatura tradicional, carregando consigo marcas de uma literatura marginal, desterritorializada. A maior paixão do poeta era escrever e viajar, conhecer lugares incertos. Se (in)disciplinava para escrever as suas viagens que fizera, registrava tudo num caderno de notas do qual era seu confessionário e que compusera a sua obra-vida.
[Recebido em: 17 jan. 2022 – Aceito em: 19 out. 2022]
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