O lugar do Brasil nos estudos decoloniais pelo viés da oralidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30620/gz.v8n2.p37

Palavras-chave:

Identidades, Oralidades, Decolonialidade

Resumo

O pensamento decolonial tem sua origem datada pela constituição do grupo modernidade-colonialidade no final dos anos 90, formado por intelectuais latino-americanos de diferentes universidades que objetivaram realizar um “movimento epistemológico fundamental para a renovação crítica e utópica das ciências sociais na América Latina no século XXI: a radicalização do argumento pós-colonial no continente por meio da noção de “giro decolonial” (BALLESTRIN, 2013).” No entanto, no Brasil, há uma séria critica por parte dos intelectuais indígenas que, entre tantos questionamentos, tensionam o conceito de América Latina, como é o caso de Ailton Krenak, em conversa com Jaider Esbell no programa Diálogos da UNBtv, no qual descreve a América que se conhece como um produto colonial.  Considerando a colonialidade do saber e do ser (QUIJANO, 2009) que se faz presente na formação desses povos e o caráter oral presente em suas produções, quero aqui, a partir da pluralidade de sujeitos que constituem nosso país, e estão presentes nas diversas formas de manifestação artística, questionar: o que é a decolonialidade no contexto brasileiro? Em que medida sua aplicação cabe ou não?  Para pensar as produções advindas da oralidade nos embasaremos no conceito de materiais orais, cunhado pela Dra Berenice Araceli Granados Vázquez e o Dr. Santiago Cortés do Laboratorio Nacional de Materiales Orales, seus protocolos que já enxergam as narrativas desde um olhar plural, decolonial, além de trazermos para diálogo, e como exemplo, o projeto IFNOPAP, o Imaginário nas formas narrativas orais na Amazônia Paraense, idealizado pela Dra Socorro Simões (UFPA) e visto, do mesmo modo, como uma prática decolonial.

[Recebido: 5 jul. 2020 – Aceito: 15 ago. 2020]

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Biografia do Autor

Mauren Pavão Przybylski, Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Doutora em Letras (UFRGS), Mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Licenciada em Letras - Português, Francês e Respectivas Literaturas (FURG). É autora do livro Cybernarrativa Pós-Contemporânea: pensando o narrador oral urbano-digital (APPRIS, 2018). Interessase por temáticas que girem em torno da decolonialidade, oralidade, novos media e materialidade da literatura. Ministrante de cursos livres na área, já tendo realizado na Universidade de Coimbra, numa promoção do IEB e do Programa de Materialidades da Literatura, UFRJ, UFRGS e UNEB em diferentes campis. É Membro Efetiva do Grupo de Trabalho Literatura Oral e Popular da Anpoll, o qual coordenou no biênio 2016-2018, pesquisadora do Núcleo das Tradições Orais e Patrimônio Imaterial (NUTOPIA/UNEB) e do GLICAM IFBAIANO/Campus Valença. Desde julho de 2019 é investigadora do Laboratorio Nacional de Materiales Orales (LANMO) da Universidade Autónoma do México, Campus Morelia e Embaixadora da Rede Iberoamericana de Estudos sobre Materiais Orais no Brasil. Dentre suas funções está a de possibilitar vínculos entre a Rede e distintas instituições de educação superior e de caráter cultural no Brasil e/ou outros países da Europa e América Latina, além de propor atividades conjuntas, tais como: intercâmbio acadêmico, mobilidade estudantil, organização de eventos, entre outras. Revisora e parecerista de periódicos, foi pós-doutoranda PNPD/Capes na UNEB, Alagoinhas, Campus II (2014-2019) e professora EBTT do IFBaiano Campus Santa Inês entre 2019 e 2021. É coordenadora do Projeto Pesquisa Poéticas Orais e Pensamento Decolonial: perspectivas teóricas e metodológicas (LANMO-UNAM/ 2020-2022) e pesquisadora associada do Centro Latino-Americano de Estudos de Cultura (CLAEC).

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Publicado

2020-12-03

Como Citar

PRZYBYLSKI, M. P. O lugar do Brasil nos estudos decoloniais pelo viés da oralidade. Grau Zero – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Fábrica de Letras - UNEB, v. 8, n. 2, p. 37–63, 2020. DOI: 10.30620/gz.v8n2.p37. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/12208. Acesso em: 28 mar. 2024.